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sábado, 31 de outubro de 2015

Na pista





Calado, caminhou por entre as gentes na pista lotada. Um Martine numa taça com uma cereja, e outro corpo masculino bem colado ao dela. Vista comum para ele que não é mais destas imperfeições de posse e ou rancor. Seguiu. A noite já deu o que tinha que dar. E não é difícil ele ter que responder sobre alma perdida e insensibilidade. Ficaram lá, em um tempo bonito, as ilusões descabidas deste tipo de felicidade. Mas, a sua mente “esverdeada” lhe traiu na volta para casa. E sim, mesmo por alguns segundos, ele também sentiu saudades.


DJ de S.

Eu, de outrora.



As ruas são bem menores, e muito mais curtas, do que eu me lembrava. A noite avançada já invadia a madrugada. Parei na calçada alta e de lá olhei para a pequena ladeira pela qual eu me movia para noites divertidas de flerte e amizade. Já se passaram muito anos, e o grisalho dos meus cabelos faz jus a tantos orvalhos. Fui fera, um violento ser em idades poucas. Fui poeta em folhas de caderno escolar. Fui moleque livre de árvore em árvore, rio e cachoeira, campinhos de terra, serras, direito a me apaixonar. A lua se livra da cortina de nuvens e deita o seu reflexo nas águas escuras do açude em que por tantas vezes eu me banhei. Também havia parques de diversão, jogos, recados pelo sistema de som. Os primeiros trabalhos, os primeiros delitos também. A cidade pequena, fria e quase indiferente, parecia não acolher este saudosismo todo. O seu momento era o presente. Prédios novos, outras gerações, novas histórias. E eu, cigarro aceso, carro ligado, sentinela solitário do que já não existe mais.


DJ de S.

Grato



Ela estava tão bonita que eu elevei o pensamento aos deuses e agradeci a sorte.

DJ de S.

O tempo e você





Veio-me uma daquelas saudades inoportunas que não se situam em nenhuma passagem definida da vida, tempo específico algum. É um tipo de saudade que se espalha por todo o vivido, cobre todo o tempo consumido pelos dias a fio. E fiquei parado na escada externa da casa do subúrbio a olhar estrelas. Minha mente anda confundindo os meus sentidos e pensei sentir o cheiro seu. Revisitei o gosto adocicado da sua saliva, e, mentalmente, lhe puxei para mais junto de mim. Os dias atuais me levam a viajar no tempo como passageiro de uma máquina de reproduzir você.


DJ de S.

Efeitos





Lembrei-me do seu olhar refletido no espelho, do volume e da cor do seu cabelo, de como – eufórico – eu lhe beijei. Lembrei também de você ter me dito pra ir com calma, que você não iria a lugar algum, além de ali, junto de mim. Você sempre me causou este efeito de euforia, de voracidade, e de abstinência. Eu fui adicto de você.


DJ de S.

Nas ondas da vida





Já me falaram de tantas formas diferentes sobre o ato de desapegar-se, deixar ir. Já ouvi muitos falarem sobre isto. Durante a vida já “deixei ir” até demais. Mas pouco falei ou falo sobre este ato. Houve um tempo em que tal prática não seria nem ao menos considerada por mim. Foi vivência, experiências e o curso do leito da existência que me prepararam, me lapidando, para o estilo de vida que hoje eu carrego, e que tem como base o “deixar ir”. Não é fácil ver algumas possibilidades passarem como ondas de probabilidades diante das suas “janelas da alma”, ou sob a sua prancha. Surfar encontros que vão “quebrar” como desencontros na “enseada da sua existência”, não é fácil para ninguém. É preciso muito treino e uma disciplina avançada. Disse-lhe, pouco antes de partir.



DJ de S.