Zygmunt Bauman escreve em Amor Líquido:
Um relacionamento, como lhe dirá
o especialista, é um investimento como todos os outros: você entrou com tempo,
dinheiro, esforços que poderia empregar para outros fins, mas não empregou,
esperando estar fazendo a coisa certa e esperando também que aquilo que perdeu
ou deixou de desfrutar acabaria, de alguma forma, sendo-lhe devolvido — com
lucro. Você compra ações e as mantém enquanto seu valor promete crescer, e as
vende prontamente quando os lucros começam a cair ou outras ações acenam com um
rendimento maior (o truque é não deixar passar o momento em que isso ocorre).
Se você investe numa relação, o lucro esperado é, em primeiro lugar e acima de
tudo, a segurança — em muitos sentidos: a proximidade da mão amiga quando você
mais precisa dela, o socorro na aflição, a companhia na solidão, o apoio para
sair de uma dificuldade, o consolo na derrota e o aplauso na vitória; e também a
gratificação que nos toma imediatamente quando nos livramos de uma necessidade.
Mas esteja alerta: quando se entra num relacionamento, as promessas de
compromisso são "irrelevantes a longo prazo". É claro.
Relacionamentos são investimentos como quaisquer outros, mas será que alguma
vez lhe ocorreria fazer juras de lealdade às ações que acabou de adquirir?
Jurar ser fiel para sempre, nos bons e maus momentos, na riqueza e na pobreza,
"até que a morte nos separe"? Nunca olhar para os lados, onde (quem
sabe?) prêmios maiores podem estar acenando?
Por Johnson Sales.