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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Defesa da redução da maioridade penal é “discurso raivoso” segundo sociólogo

 A opininião é de Pedro Albuquerque que escreveu para o Blog do Eliomar de Lima para comentar a postura da deputada patricia Saboya (PDT) que juntamente com alguns parlamentares como Antonio Carlos (PT), Eliane Novais (PSB) e Bethrose (PRP) votou contra a proposta na Assembléia Legislativa.





Sobre a postura da deputada estadual Patrícia Saboya (PDT) em ter se manifestado contra a posição da maioria da Assembleia Legislativa de querer redução da maioridade penal, o sociólogo Pedro Albuquerque deixou este comentário no Blog se solidarizando com a parlamentar. Confira:

Tem razão a deputada Patrícia Saboya. É mais fácil, tem mais apelo eleitoral assumir o discurso raivoso do populismo penal reacionário. A posição da deputada não é surpresa para mim, mas é uma palavra de sensatez num ambiente toldado por discursos desprovidos de fundamento material.

É uma falácia querer resolver o problema da violência a partir da redução da maioridade penal ou do aumento da pena. Os adolescentes que cometem homicídio cumprem pena de prisão (este o nome verdadeiro de internação) que, em geral, é de três anos.

Réus adultos, mesmo condenados a penas maiores, como prevê o Código Penal, têm direito a progressão de regime para o semiaberto e aberto, a livramento condicional, chegando ao cumprimento de menos de três anos de pena, conforme o caso. Os menores homicidas cumprem a pena de três anos em sua inteireza e sem os direitos garantidos ao homicida adulto.

Vejam isto: Em São Paulo, cumprem medida socioeducativa por homicídio 134 adolescentes. Eles correspondem a 1,5% dos 9.016 internos da Fundação Casa (antiga Febem). No mundo adulto, de acordo com dados compilados pela Secretaria da Justiça paulista, os homicidas representam, 12% da população carcerária do Estado. (…) A taxa entre adultos é oito vezes maior que a dos adolescentes. (Ver em ‘Os menores e as penas’, excelente artigo de Hélio Schwartsman , na FSP – http://folha.com/no1264225).

* Pedro Albuquerque, Advogado e sociólogo.


A proposta do deputado Ely Aguiar (PSDC) foi condenada por Bethrose (PRP) e Eliane Novais (PSB). A primeira preside a Comissão da Infância e Adolescência da Assembleia. A segunda, a de Direitos Humanos e Cidadania. Para Bethrose, reduzir a maioridade produz “uma falsa sensação de segurança”, já que, segundo ela, a violência cometida por adolescentes resulta da falta de cuidado do Estado com esse grupo. “80% da população são a favor da redução, mas estou aqui dando a cara a bofete”. Eliane Novais continuou: “É preciso atacar a causa, não a consequência. O Brasil precisa dar uma chance ao ECA”.

Patrícia Saboya (PDT) e Antônio Carlos (PT) também falaram contra. “O problema tem outra raiz: a falta de oportunidade. Há uma onda conservadora no País. Daqui a pouco vão apelar para reduzir para 14, 13, 12”, disse Carlos. “Não é verdade que os adolescentes infratores ficam impunes. Eles vão para instituições piores que os presídios”, disse Patrícia.

O requerimento foi aprovado com votos contrários também de Fernanda Pessoa (PR), Inês Arruda (PMDB), Lula Morais (PCdoB), Paulo Facó (PTdoB) e Professor Teodoro (PSD).

Eliane e Patrícia solicitaram ao presidente da sessão, Tin Gomes (PHS), que o comunicado fosse enviado ao Congresso informando o voto de cada deputado. Tin disse não ser possível, pois o documento é expedido em nome da Assembleia Legislativa. Outro requerimento de Ely aprovado ontem faz a Assembleia sugerir ao Congresso que este realize debate sobre a redução da maioridade. Contra este votaram Carlos, Bethrose, Eliane, Patrícia, Fernanda e Lula.

Depois de muita discussão, a Assembleia Legislativa aprovou requerimento de Ely Aguiar (PSDC) que comunica ao Congresso Nacional o apoio do Legislativo cearense à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Foi uma manhã de defesas e ataques ao Estatuto da Criança e do Adolescente.