Polo Criativo do Conjunto Ceará, conheça, apoie, ajude a defender!

Numa descrição resumida, Polos Criativos são pequenos territórios que reúnem empreendimentos criativos articulados entre si e em torno de uma identidade/marca; dispõem de políticas públicas, ações de Responsabilidade Social e Ambiental/ESG, e atividades comunitárias de apoio aos empreendimentos criativos, numa perspectiva de desenvolvimento local sustentável (SOUSA. MJS, 2016).

As primeiras ações de fomento ao Polo Criativo do Conjunto Ceará surgiram no ano de 2012 e foram realizadas pelo recém criado Coletivo Território Criativo, grupo formado por estudantes universitários e agentes comunitários.

O mapeamento de atividades e ativos criativos da região do Polo de Lazer do Conjunto Ceará deu origem ao Polo Criativo revelando um conjunto de arranjos e equipamentos criativos existentes e atuantes no local, bares temáticos, espaços culturais, calendário de eventos, artistas, artesãos, teatro, centro cultural, empresa de equipamentos para eventos, promotores culturais, coletivos criativos, mostraram a exuberância artística, cultural e econômica da comunidade.

Foi constituída uma "Governança" para coordenar as ações do Polo Criativo do Conjunto Ceará, formada por representantes dos diversos coletivos e agentes que atuam no local, entidades como, Projeto de Desenvolvimento Comunitário do Conjunto Ceará/PRODECOM, Bar Maculelê, Coletivo Entrepolos, Coletivo PoloTrans, Centro Cultural Patativa do Assaré, Pôr dos Livros, Encine, Sarau Risoma Corpo sem Órgãos, Associação dos Empreendedores do polo de Lazer; Coletivo Território Criativo, Comissão das Festas Juninas do Conjunto Ceará, fazem parte da Governança que, inclusive, foi reconhecida oficialmente pela Secretaria Executiva Regional V que administrava a região.

No meio do caminho, uma pedra (nada criativa).

Após vários anos de atuação como HUB Social, catalisando oportunidades e apresentando soluções criativas para demandas da comunidade, o Polo Criativo do Conjunto Ceará segue em plena atividade, mas sofreu recentemente um revés patrocinado pelo governo do estado e prefeitura municipal de Fortaleza. É que após lutar por anos pela reforma do Polo de Lazer (espaço que abriga os principais equipamentos culturais, sociais e criativos da comunidade), a conquista chegou. O governo estadual resolveu realizar a reforma e requalificação do espaço.

O Polo Criativo mobilizou os grupos e coletivos culturais e colaborou com a elaboração do projeto de requalificação. Para facilitar os trabalhos, o Coletivo Território Criativo cedeu a sua sede (também sede do Polo Criativo com coworking utilizado por dezenas de coletivos e grupos criativos da comunidade) para abrigar a construtora que faria a obra de reforma e requalificação do espaço. Acontece que a construtora, contratada pelo governo/prefeitura, de um dia para o outro demoliu a sede do Polo Criativo do Conjunto Ceará sem qualquer comunicado, diálogo ou explicação. E atualmente o Polo Criativo atua no local sem sede própria e luta pela reparação (construção de uma nova sede) por parte do poder público (Governo do Estado do Ceará e Prefeitura Municipal de Fortaleza).

Por tudo isso, a solidariedade do movimento cultural e criativo do estado do Ceará, e nacional, se faz imprescindível para ajudar o Polo Criativo do Conjunto Ceará, único Polo Criativo em atividade no estado, a recuperar a sua sede própria e continuar apoiando o desenvolvimento sustentável na periferia de Fortaleza. #sosoconjuntoceará

 Para que serve um Polo Criativo

• Os Polos, Bairros, Distritos e/ou Cidades Criativas, servem para dar voz e visibilidade à comunidade, destacando o seu potencial criativo e impulsionando o desenvolvimento local a partir da cultura e criatividade;
  

• Promover e fortalecer relações de confiança, respeito e solidariedade com a população; e estimular o desenvolvimento de relações confiáveis entre esta e os poderes públicos;
• Reforçar a convivência comunitária fortalecendo laços sociais através de atividades artísticas, culturais e experiências criativas;
• Reforçar a conscientização da comunidade em relação ao papel e utilização da arte e das novas tecnologias da comunicação quanto instrumentos estratégicos para assegurar o compartilhamento de informações, conhecimentos e aprendizados;
• Incentivar a participação cidadã e comunitária, estimulando a união, promovendo o diálogo como ferramenta de resolução de demandas e problemas, buscando soluções coletivas por meio de mecanismos criativos e democráticos, visando a transformação social e a inclusão socioeconômica da população;
• Potencializar os espaços públicos da comunidade como locais de socialização e efetivação de experiências culturais produtivas e recreativas que reforcem as suas identidades, valores e história.

 O que se ganha com um Polo Criativo

• O incentivo à cooperação mútua, fortalecimento das relações interpessoais, incremento dos vínculos afetivos, da união e da solidariedade entre os comunitários;
• A comunidade ganha em visibilidade das suas potencialidades e capacidades criativas e torna-se mais socialmente integrada;
• O Polo Criativo ajuda a recuperar e requalificar áreas esquecidas e/ou degradadas, espaços de uso comum, espaços para uso das crianças; restabelece vínculos com a natureza e promove a segurança cidadã;
• Estimula o conhecimento e práticas artísticas, técnicas e culturais;
• O Polo Criativo estimula a participação popular criando oportunidades para que os moradores e comunitários possam falar dos seus problemas e necessidades, buscar soluções, reivindicar, apresentar demandas para os poderes públicos e para a sociedade, participando ativamente das transformações da sua comunidade;
• O Polo Criativo cria, atrai e catalisa oportunidades servindo como “HUB Social” capaz de oferecer soluções criativas para problemas e demandas locais, promovendo o desenvolvimento sustentável da região.
  

 

Referências

Sousa, M. J. S.; Lima, M. M. B. Território Criativo: um estudo sobre uma política pública de economia criativa no polo de lazer do conjunto Ceará em Fortaleza - CE. 2016. 97f. -TCC (Monografia)- Universidade Federal do Ceará, Departamento de Ciências Sociais, Fortaleza, 2016. Disponível em https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/34407

PONTAL CRIATIVO; MENDONÇA, JOSÉ.  O que é o Pontal Criativo. 2016. Disponível em https://nossailheus.org.br/pontal-criativo-o-bairro-feira-e-economia-criativa/

 

#coletivoterritoriocriativo

 

Diversidade: Conjunto Ceará recebe evento Trans

 

Performance de Steffany (Polotrans)

No dia 28 de janeiro, no Polo de Lazer do Conjunto Ceará, ocorreu o “Encontrão da Diversidade” do Trans Festivais, em comemoração ao Dia da Visibilidade Trans que ocorre em 29 de janeiro. O evento artístico trouxe apresentações musicais e de transformismo, como Lena Oxa, Stefany Mendes, Tiffany Lima, Mumutante, The Luxurios Fashion House of Louboutin – Vougue; literário (Pôr dos Livros); Atendimento de saúde com testagens de HIV e orientações sobre prevenção (Casa de Andaluzia), Feira Empreendedora e muito mais. 

Polo de Lazer do Conjunto Ceará é o berço do Polotrans

Tal evento, organizado pelo Coletivo Polotrans e Gueto Queen com o apoio do Centro Cultural Bom Jardim e Coletivo Território Criativo, teve como objetivo ressaltar a importância da diversidade sexual e de gênero, bem como refletir sobre a cidadania das pessoas travestis, transexuais (homens e mulheres trans) e não-binárias (que não se reconhecem nem como homens nem como mulheres).

Steffany com paulo Eduardo Sukita (Polo Criativo do Conj. Ceará)

Já conquistamos importantes vitórias na luta por direitos, como o nome social e a criminalização da LGBTfobia, por exemplo. Porém o Brasil segue campeão de violência contra travestis e transexuais e o Ceará ocupa o primeiro lugar entre os estados, segundo o Dossiê “Registro Nacional de Assassinatos e Violações de Direitos Humanos das Pessoas Trans no Brasil em 2022” da Rede Trans Brasil e da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) divulgado esta semana. 

O "Encontrão da Diversidade" é um evento nascido na periferia de Fortaleza e faz parte do Polo Criativo do Conjunto Ceará, que vem sofrendo ataques do poder público tendo a sede do Território Criativo demolida e o projeto de reforma do polo, que havia sido acordado com a comunidade, desrespeitado.

Momentos como esse mostram como o Polo de Lazer do Conjunto Ceará e o "Polo Criativo", com a comunidade organizada, é potente e nos fortalece para continuar a luta para termos nossos direitos respeitados. Periferia também é lugar de criatividade, de empreendedorismo, de arte e de políticas públicas.

 

Por Andreia Fernandes. 

Seminário "A Cultura e o Desenvolvimento do Ceará"

 

Universidade, Gestores, Intelectuais e Movimentos discutiram Cultura e Desenvolvimento

O Seminário “A Cultura e o Desenvolvimento do Ceará” aconteceu  no dia 25 de janeiro, 2023, no Condomínio de Empreendedorismo e Inovação, no campus do Pici/UFC, e discutiu novos modelos e perspectivas inovadoras para o desenvolvimento do Ceará, reunindo acadêmicos, referências sociais e gestores públicos do estado, além de ONGs, Movimentos e organizações da Sociedade Civil.

Sec. Estadual de Juventude, Adelita Monteiro, com Joy Alves, Ana Cristina e Andreia Fernandes do Coletivo Território Criativo

Temas como extensão universitária e o papel das universidades em relação ao desenvolvimento, qualidade de políticas públicas, e oportunidades para as juventudes, foram debatidos por convidados representantes de organizações e órgãos como, Coletivo Território Criativo/TC; Banco do Nordeste do Brasil/BNB; Movimento dos Trabalhadores Sem Teto/MTST; Universidade Federal do Ceará/UFC; Secretaria de Cultura do Estado do Ceará/SECULT; Movimento Sem Terra/MST; Secretaria do Trabalho do Governo do Estado do Ceará, Candeeiro Cultural, Vale Brasil de Inovação em Políticas Públicas e Impacto Social, e Secretaria de Juventude do Governo do Ceará. 

Paulo Eduardo (Sukita) do Polo Criativo do Conjunto Ceará

O evento aconteceu no auditório do Condomínio de Empreendedorismo e Inovação, da UFC, no Campus do Pici, e produziu importantes reflexões e propostas.

Além de personalidades, estudantes, pesquisadores, gestores e ativistas, o seminário também recebeu representantes do município de Paraipaba que colaboraram com os debates. Dedé Pacheco, Coordenador de Cultura da Secretaria de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Paraipaba, apresentou os esforços que o município vem fazendo para apoiar a produção cultural local, e se colocou à disposição para a construção colaborativa de soluções criativas que respondam às demandas da cultura no território.

Dedé Pacheco - Coordenador de Cultura de Paraipaba

Também esteve presente Célio Laurentino (o Célio Pescador) presidente da Colônia de Pescadores/Z25 de Paraipaba, ele fez contatos e articulações visando a conquista de parceiros para a potencialização da pesca no município.

Célio Laurentino - Presidente da Colônia de Pescadores de Paraipaba

O Coletivo Território Criativo colaborou com uma análise crítica do papel da universidade em relação à comunidade, apresentou a sua experiência e resultados, e apontou a economia criativa como um vetor estratégico do desenvolvimento sustentável, propondo intersetorialidade e consulta ás bases comunitárias e sociais como elemento principal das políticas públicas.

Grupos de trabalho, articulações institucionais e novos eventos darão sequência aos trabalhos colaborativos propostos no seminário.

 

Cosmos Filho.

 

É a Economia Criativa, estúpido!

 

Ministra Margareth Menezes participa da transmissão de cargo da Secretaria da Cultura do Ceará

A frase "It's the economy, stupid" ou em tradução livre: “É a economia, estúpido!” foi utilizada pelo economista James Carville para a campanha presidencial de Bill Clinton, nos EUA, em 1992. A intenção era enfatizar, junto ao eleitorado, a importância do tema “economia” para a campanha e para uma possível futura gestão de Clinton.

Talvez o momento atual, cheio de esperanças na reconstrução e no desenho de novos rumos para a nossa nação, nos permita (ou exija) a adaptação dessa frase, e dá própria estratégia (modificada) para chamar a atenção do poder público, dos setores produtivos, e da própria sociedade cearense, para a necessidade de unirmos economia e cultura como vetores do desenvolvimento territorial sustentável. “É a Economia Criativa, Estúpido”! É ela que nos oferece as melhores condições para fomentar o desenvolvimento dos nossos territórios, sejam eles urbanos ou rurais, e dar respostas para algumas das nossas mais urgentes calamidades como desemprego, envolvimento dos jovens com a economia criminal, atrofia econômica de regiões, insuficiência tecnológica, assistência técnica, subutilização de espaços e infraestrutura pública, escassez de políticas públicas voltadas para a redução de déficits sociais, e desperdício da criatividade como insumo para o desenvolvimento. 

Temos uma grande oportunidade e não devemos desperdiçar

É enorme o potencial de inclusão da Economia Criativa. Políticas públicas que partam da valorização da criatividade e inovação, podem assegurar inclusão socioeconômica para grandes contingentes humanos tendo eles educação formal, ou não. Até mesmo pessoas vivendo em penúria econômica podem ser detentoras de insumos valorosos para a Economia Criativa. A criatividade é um insumo democrático, abundante e inesgotável.

Pessoas que trabalham com arte, culinária, design, literatura, artesanato, games, redes sociais, produção de conteúdo para internet, audiovisual, música, dança, pintura, produção de eventos etc., são trabalhadores criativos. Quem tem algum talento relacionado com algumas dessas atividades é um potencial agente criativo e pode vir a tornar-se um profissional da economia criativa. A partir daí, o céu é o limite!

A Economia Criativa, se trabalhada como política pública, pode oferecer o primeiro emprego para os jovens, pode fomentar o desenvolvimento territorial a partir de polos, bairros e/ou distritos criativos, além de cidades e bacias criativas. Regiões, sem vocação para a indústria convencional, podem buscar estratégias de desenvolvimento sustentável com a Economia Criativa como vetor. Um universo de possibilidades repousa e aguarda o despertar por meio das políticas públicas com economia criativa.

Ao trabalhar a economia criativa como fator de desenvolvimento de comunidades periféricas e interioranas, podemos dar importante passo rumo à inclusão socioeconômica e ao desenvolvimento sustentável do Ceará com a cultura e a criatividade no centro do desenvolvimento humano, econômico e social. Fica a dica!

 

Johnson Sales – Cientista Social, Mestre e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará/UFC; Fellow Ashoka e Consultor Sênior do Coletivo Território Criativo.