Não sei se é só um
preconceito meu, se é uma observação mal feita, uma análise leviana ou um conservadorismo
moral à La stalinismo. Mas eu observo pelas redes sociais que a maioria dos
acontecimentos que envolvem atualmente @s militantes de esquerda se referem á
viagens de veraneio, casas de praia, festas e shows e mesas de bar. Teriam
nossos espaços de intervenção política e formulação teórica se restringido á
boemia? Porque, o que me consta é que os problemas e as contradições sociais só
aumentam e se agravam com o sistema. Ao que me parece o povo está sofrendo,
sendo removido de suas casas e comunidades pelas obras da copa e da mobilidade
urbana; milhares de pessoas perdendo seus empregos terceirizados para dar lugar
à outras milhares de pessoas igualmente terceirizadas (só que agora de
coloração diferente); irmãos nossos sofrendo com a seca no sertão; e milhares
de jovens vitimados pelo crack, o tráfico e a violência; as casas de cultura
estrangeira da UFC reduzindo drasticamente as suas vagas e inclusive uma (Casa
de cultura Russa) já fechou. Só pra citar algumas questões que poderiam
justificar ações de mobilização e luta. Estaria o Facebook dando conta de nossa
necessidade de sair às ruas e fazer luta social não virtual? As
"masturbações" políticas, ideológicas e revolucionárias de nossos
agradáveis "papos cabeça" estariam nos contentando? As garrafas de
cerveja, tequila, vinho, whisky e de outras substâncias menos inflamáveis
teriam aposentado para sempre ás de coquetel molotov em nossas práticas e
aspirações? São apenas indagações que faço a mim mesmo e à todas as pessoas que
um dia decidiram que suas vidas seriam postas a serviço de causas e lutas
populares e revolucionárias. Ou talvez sejam bobagens, saudosismo, conservadorismo
moral e incapacidade de entender as novas formas de luta e militância. Por fim,
não pretendo ser injusto, duro, chato, deselegante ou "estraga prazeres". São apenas reflexões!
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Venezuela: ¿Que pasa?
Todos a Caracas: quem são os golpistas?
por Rodrigo Vianna
“Todos a Caracas”, grita ao microfone o governador chavista de
Anzoátegui – um dos 23 Estados venezuelanos. A cena aparece na TV
estatal, a VTV. Depois, surgem na tela flashs de atos públicos em outras
partes do país: um comitê de petroleiros da PDVSA, um núcleo de
artistas de esquerda… O chavismo se mobiliza para a grande manifestação –
em frente ao Palácio presidencial de Miraflores, centro de Caracas.
Mudo de canal. A Globovisión entrevista “especialistas”, juristas,
deputados da oposição… O canal privado (antichavista até a medula,
participou do golpe de Estado de 2002 contra Chavez) contesta a decisão
do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (sobre a qual falarei logo
abaixo). Inicia-se uma campanha, com claro apoio de órgãos de imprensa pelo mundo, para “vender” a idéia de que a Venezuela estaria a caminho de rompimento da ordem democrática.
Por indicação de Leandro Fortes, fico sabendo que o JN da Globo
brasileira entrou na campanha. O Supremo da Venezuela atestou a
legalidade da licença de Chavez. A Globo não concorda. Foi ouvir um
certo Asdrúbal: “Para o constitucionalista Asdrubal Aguiar, que já
foi da Corte Interamericana de Justiça, a decisão desta quarta é uma
usurpação do poder, um verdadeiro golpe de estado contra a
Constituição.”
Para a Globo, acima do Supremo está o Asdrúbal! Asdrúbal trouxe o trombone!
Agora, a sério: recapitulemos a situação.
Chavez foi eleito, em outubro, com 56% dos votos para mais um
mandato. A posse – diz o artigo 231 da Constituição – deve acontecer
dia 10 de janeiro, perante a Assembléia Nacional. O mesmo artigo 231,
entretanto, afirma que em casos excepcionais a posse pode se dar diante
do Tribunal Supremo de Justiça. E aí sem data definida.
Atualmente (desde o dia 8 de dezembro) está no poder o
vice-presidente Nicolas Maduro. Na Venezuela o vice não é eleito, mas
indicado pelo presidente. A oposição diz que, como o mandato de
Chavez está se encerrando, Maduro também deveria deixar de ser vice.
Diante da ausência de Chavez no dia 10, diz a oposição, deveria assumir o
presidente da Asembléia Nacional, Diosdaldo Cabello (que também é chavista).
Diante da dúvida, o Tribunal Supremo de Justiça se pronunciou
nessa quarta-feira, de forma oficial e inapelável: a posse pode ser
adiada (como prevê o artigo 231), e enquanto isso Maduro pode seguir à
frente do governo.
Ora, o tribunal tomou a decisão e interpretou a Constituição – que é
aparentemente omissa ou confusa em relação a um caso desse tipo. A
oposição esperneia. E joga na confusão. Isso está claro.
Importante: Maduro, Cabello ou Chavez.
Essas são as três opções. Todas dentro do chavismo. Fragilizada por duas
derrotas em menos de 3 meses, a oposição tenta fomentar a divisão no
chavismo. Por isso, defende a posse de Cabello (e não de Maduro) nesse
período de incerteza. Os jornais da Venezuela falam sem parar na
“divisão” do chavismo entre “ala militar” (Cabello, um ex-tenente que
está com Chavez há 3 décadas) e “ala civil” (Maduro, um ex-sindicalista
de estilo moderado e amistoso).
Deputados da oposição fomentaram a dissidência, quase
instigando Cabello a se rebelar. E ele respondeu: “não sou Federico
Franco” (numa referência ao vice de Lugo, que aceitou exercer o papel de
traidor no golpe paraguaio).
Agora, falo eu. A Constituição, em seus artigos 233 e 234, não deixa
dúvidas: o presidente da Assembléia só asumiria o poder em caso de
“ausência absoluta” do presidente (morte, renúncia, impedimento). Não é o
caso. Chavez pode se recuperar e assumir – apesar do estado de saúde
ser muito grave.
Curioso é ver alguns “juristas” venezuelanos – que participaram e
tentaram legitimar o golpe de Estado de 2002, de Carmona contra Chavez –
falando agora em “defesa da ordem democrática”.
Grave é transformar esse caso em “rompimento da ordem democrática”. A
oposição fala em “golpe”, em “usurpação do poder”. Golpe de chavistas
contra Chavez? Não faz sentido. Mais que isso: se houver nova eleição na
Venezuela, o chavismo tem ampla probabilidade de vitória.
O que está em curso é um contra-ataque aos governos de esquerda e
centro-esquerda na América do Sul. Não é por outro motivo que os
presidentes do Uruguai e da Bolívia – além de altos representantes dos
governos do Equador, Brasil e Argentina – devem participar nessa quinta
do ato convocado pelos chavistas.
Todos a Caracas! O chamado vale para os venezuelanos. E para todos
que querem manter a América do Sul no caminho das reformas sociais e
políticas.
Leia outros textos de Vasto Mundo
Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/todos-a-caracas-onde-estao-os-golpistas.html
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