Pesquisar este blog

domingo, 28 de agosto de 2011

Série - Conceitos:

Economia Criativa
Criatividade e Inovação a serviço do Desenvolvimento Sustentável

Um novo conceito tem tomado conta do mundo econômico nos últimos anos, o conceito de Economia Criativa. Ainda em desenvolvimento, muitas vezes se confunde com outro: O conceito de Economia da cultura.

Para compreendermos a Economia Criativa, é necessario primeiramente apreendermos alguns conceitos básicos que podem nos guiar e nos embasar nessa jornada. Vejamos alguns:

Economia
O termo economia vem do grego para oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí "regras da casa (lar)."

Atualmente a melhor definição para economia, ou pelo menos, a mais adequada para cumprir a função social que dela esperamos é:

Economia é a Ciência da administração das necessidades individuais ou sociais, utilizando para isso recursos naturais limitados.

Economia da Cultura

Do ponto de vista da economia, a expressão “economia da cultura” identifica o conjunto de atividades econômicas relacionadas à cultura, incluindo a criação e o fazer cultural. Do ponto de vista da cultura, o conjunto das atividades culturais que têm algum impacto econômico. Pode-se incluir neste conjunto qualquer prática direta ou indiretamente cultural que gere valor econômico, além do valor cultural.  (Fonte: Sérgio Sá Leitão - Cultura e Mercado - www.culturaemercado.com.br
23.05.2007).

Por essa visão, a Criação e o Fazer Cultural, incluindo qualquer prática direta ou indiretamente cultural que gere valor econômico, caracterizaria a Economia da Cultura. Ou seja, em um sentido laico, tudo.

 A Economia Criativa

É um conceito ainda em formação para designar um setor que inclui, porém, extrapola a cultura e as indústrias criativas. Reúne as atividades que têm na cultura e na criatividade a sua matéria prima. Englobando uma vasta gama que vai do indivíduo que trabalha a TI, Consultorias, Geração de Símbolos e comunicação até uma grife de automóveis de luxo. (fonte: Revista Idéia Socioambiental – Dez 2008).

Apesar de muito parecidos os dois conceitos coexistem de uma forma nem sempre amistosa. Porém, cada vez mais, ganha força a concepção de que ambos englobam as atividades econômicas relacionadas com as artes e o patrimônio cultural e histórico e com os saberes e fazeres culturais, mas que a economia criativa vai além destes, usando como diferenciais a criatividade e a inovação, nem sempre necessárias ou presentes na economia da cultura. Assim sendo, a especificidade da Economia Criativa e sua diferença em relação à Economia da Cultura, residiria na presença imprescindível da Criatividade e da Inovação na base de suas atividades econômicas. Mas esse, é um debate permanente e ainda não conta com uma versão definitiva.

A Economia Criativa tem como base para suas atividades a inovação e a criatividade.

Inovação

Inovação significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma idéia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Hoje, a palavra inovação é mais usada no contexto de idéias e invenções.
Inovação é o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na utilização de novos (ou melhorados) processos.

Inovação pode ser também definida como fazer mais com menos recursos, por permitir ganhos de eficiência em processos, quer produtivos quer administrativos ou financeiros, quer na prestação de serviços. A inovação pode ser considerada um fator fundamental no desenvolvimento de uma sociedade e junto com a criatividade forma a base da Economia Criativa.

Criatividade

Existem várias definições diferentes para criatividade:
 Para Ghiselin (1952), "é o processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva"

Segundo Flieger (1978), "manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio"

(Stein, 1974) "criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo"
 
(Anderson, 1965) "criatividade representa a emergência de algo único e original"
 
Todo ser humano possui criatividade em diferentes habilidades. Acredita-se que a habilidade criativa das pessoas esteja de certa forma ligada a seus talentos.

Criatividade é arma de combate na conquista da sobrevivência dos seres vivos.

Na escala animal da natureza, as conquistas ocorrem através de ajustes e aprimoramentos a cada espécie viva, de acordo com os princípios da seleção natural descobertos por Darwin.

O ser humano, através de sua criatividade, aperfeiçoa, melhora e inova os fundamentos de sua sobrevivência: da alimentação natural aos produtos transgênicos, da tanga à moda do vestuário, das infusões chamânicas à medicina moderna, da oca a casa decorada e eletrônica. No lazer, nos transportes ou na educação, a vida humana é um exercício contínuo de criatividade.

A criatividade Pode ser classificada segundo o lugar de origem e a forma como se manifesta. 

Um exemplo de classificação por lugar de origem é a seguinte:
  • Criatividade individual: É a forma criativa expressa por um indivíduo.
  • Criatividade coletiva ou de grupo ou criatividade em equipe: Forma criativa expressa por uma organização, equipe ou grupo. Surge geralmente da interação de um grupo com o seu exterior ou de interações dentro do próprio grupo e tem como objetivo principal otimizar ou criar produtos, serviços e processos.Na organização moderna a "criatividade em equipe" é o caminho mais curto e mais rápido para modernização e atualização de seus diversos métodos de gestão e de produção.
Potencial criativo

Acredita-se que o potencial criativo humano tenha início na infância. Quando as crianças têm suas iniciativas criativas elogiadas e incentivadas pelos pais, tendem a ser adultos ousados, propensos a agir de forma inovadora. O inverso também parece ser verdadeiro.

Quando as pessoas sabem que suas ações serão valorizadas, parecem tender a criar mais. O medo do novo, o apego aos paradigmas são formas de consolidar o status quo. Quando sentem que não estão sob ameaça (de perder o emprego ou de cair no ridículo, por exemplo), as pessoas perdem o medo de inovar e revelam suas habilidades criativas.

Ver a criatividade como habilidade passível de desenvolvimento é um grande passo para o desenvolvimento humano.

Sendo potencialmente criativos, talvez as únicas coisas que nos impeçam de criar mais sejam não acreditar nessa possibilidade ou simplesmente não ter um motivo para fazer isso. Ou desejo. Virgílio Vasconcelos Vilela 

Processo criativo

Estágios do processo criativo:
  • Percepção do problema. É o primeiro passo no processo criativo e envolve o "sentir" do problema ou desafio.
  • Teorização do problema. Depois da observação do problema, o próximo passo é convertê-lo em um modelo teórico ou mental.
  • Considerar/ver a solução. Este passo caracteriza-se geralmente pelo súbito insight da solução; é o impacto do tipo "eureka!". Muitos destes momentos surgem após o estudo exaustivo do problema.
  • Produzir a solução. A última fase é converter a idéia mental em idéia prática. É considerada a parte mais difícil, no estilo "1% de inspiração e 99% de transpiração".
  • Produzir a solução em equipe. Fase comum que ocorre nas empresas e organizações quando precisam tanto diagnosticar ou superar um problema quanto aperfeiçoar ou inovar produtos, serviços e processos.
É possível medir a criatividade? Sim, mas é difícil. 

Foram propostas várias tentativas de desenvolver um quociente de criatividade de uma forma análoga ao quociente de inteligência. Porém, a maior parte dos critérios de medição da criatividade depende do julgamento pessoal do examinador e por isso é difícil estabelecer um padrão de medição.

Dá pra tornar alguém mais criativo?

É plenamente possível fazer com que uma pessoa se torne mais criativa. Os principais resultados criativos não advêm de exercícios mentais que prometem aumentar o potencial de criação dos indivíduos de forma isolada, a exemplo de exercícios mentais com CDs ou fórmulas mirabolantes que apregoam sete ou oito lições para aprimorar a criatividade.

A criatividade humana se revela a partir de associações e combinações inovadoras de planos, modelos, sentimentos, experiências e fatos. O que realmente funciona é propiciar oportunidades e incentivar os indivíduos a buscar novas experiências, testar hipóteses e, principalmente, a estabelecer novas formas de diálogos, sobretudo, com pessoas de outras formações, tipos de experiências e cultura. Alguns indivíduos altamente criativos já apresentam naturalmente esse padrão de comportamento curioso, investigativo, voltado à experimentação, à inovação e à busca persistente de pequenas e grandes nuances, seja em suas áreas de interesse ou em terrenos nem tão familiares, envolvendo outras culturas, tecnologias, idiomas, etc. São pessoas que intuitivamente fazem o melhor exercício possível para o cérebro ao investir, de maneira consistente, no aprendizado e no estímulo a diferentes capacidades cognitivas e sensoriais.

Em suma, embora seja impossível modificar algumas características essenciais das pessoas, podemos incentivar comportamentos, estilo de vida e formas de interação com o mundo que permitam o desenvolvimento de novos padrões cognitivos e facultem aos indivíduos oportunidades de geração de insights criativos. O mais importante, no entanto, está no fato de que, no contexto organizacional, o que vale mesmo é a capacidade criativa coletiva.

Aumentar a criatividade é exercitar o pensamento!

Referência: Artigo "É possível se tornar uma pessoa mais criativa?", de José Cláudio C. Terra.


Algumas características da Economia Criativa

      Não poluente;
       Culturalmente diferenciada;
       Alto valor agregado aos produtos e serviços;
       Faixa de salário e renda potencialmente mais elevada;
       Democrática e com grande capacidade de absorção de mão de obra, formal e informal, de todos os tipos e níveis – de artistas e artesões a técnicos, cientistas e assim por diante.

Algumas possibilidades para a Economia Criativa

      Favorece o empreendedorismo;
       Cria emprego e renda;
       Gera tributos e impostos;
       Atrai indústrias investimentos e trabalhadores qualificados;
       Alimenta a economia do turismo;
       Realça as tradições e histórias locais;
       Promove a inclusão social e o reforço da cidadania;
       Promove a diversidade e a tolerância;
      Fomenta o Desenvolvimento Endógeno;
      Possibilita o Desenvolvimento Sustentável.

 
Classificações dos Setores Criativos pela Conferência  das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento  UNCTAD (2008)

Os setores criativos são os segmentos ou setores produtores de bens e serviços criativos:

 














Algumas oportunidades para a Economia Criativa

      ONU (UNCTAD) atua com Economia Criativa;
      SUDENE cria núcleo de Economia Criativa;
      Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) de Fortaleza cria núcleo de Economia Criativa;
       BNDES é pioneiro e atua com Economia Criativa;
       BNB financia atividades com Economia Criativa e pensa a criação de um Birô temático;
       UECE discute montagem de um observatório de Economia Criativa;
       COPPIR (PMF) começa a trabalhar com a Economia do Negro;
       Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) do Governo do Estado se dispõe a colaborar com atividades de Economia Criativa;
      Secretaria da Ciência e Tecnologia (SECITECE) do Estado atua com Economia Criativa;
      Assembléia Legislativa prepara Seminário sobre Economia Criativa;
      Banco do Brasil lança cesta de produtos para Economia Criativa;
      Ministério da Cultura cria Secretaria de Economia Criativa;
      Coordenadoria de Juventude da Prefeitura de Fortaleza criou núcleo de economia criativa para os Centros de Cultura, Arte, Ciência e Esportes (CUCAS).

 
Johnson Sales – Consultor em Economia Criativa e Advocacy da Embaixada Social/Coordenador de Relações Internacionais do MH2O/Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais e Membro do Conselho Administrativo dos Centros de Cultura, Arte, Ciência e Esportes (CUCAS) da Prefeitura de Fortaleza.