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segunda-feira, 29 de julho de 2019

MEIO MILHÃO DE PESSOAS AFETADAS PELA REFORMA DO POLO DE LAZER DO CONJUNTO CEARÁ (Sobre a necessidade de mais responsabilidade por parte da Prefeitura e Governo do Estado no trato com as comunidades)


O espaço que o poder público ameaça desocupar com truculência e se nega a considerar as necessidades dos seus agentes criativos, culturais e sociais é na verdade um enclave cultural e criativo que possibilita a produção, fruição e acesso à cultura à toda uma ampla região da periferia de Fortaleza com mais de meio milhão de habitantes (população da Regional V). O Polo de Lazer do Conjunto Ceará é referência de cultura e lazer para a Regional V de Fortaleza. A intervenção do poder público nesse local afeta toda a população da região que tem nesse espaço uma alternativa gratuita de acesso ao esporte, eventos culturais, lazer e sociabilidade.

Acontece naquele lugar “uma experiência comunitária em que um agente protagonista (o Território Criativo) articula e anima uma estratégia de desenvolvimento local baseada na economia criativa (o Polo Criativo) por meio de uma tecnologia social (o Pró-Polos Criativos) que envolve e mobiliza nesta estratégia os agentes locais (pessoas, grupos, instituições, políticas públicas, ações comunitárias e de governo, empreendimentos e empreendedores) que são coordenados para gerar ações sinérgicas com o objetivo de superar estigmas e alcançar distinção e desenvolvimento para o polo de lazer do Conjunto Ceará”. (SOUZA, 2016).

Não é um deserto, uma terra degradada e arrasada, um terreno baldio ou uma mera praça, o Polo de Lazer do Conjunto Ceará é um ambiente vivo, um verdadeiro Território como define o geógrafo Milton Santos:

“O território não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo homem. O território é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois, de logo, entender que se está falando em território usado, utilizado por uma dada população. Um faz o outro, à maneira da célebre frase de Churchill: primeiro fazemos nossas casas, depois elas nos fazem... A ideia de tribo, povo, nação e, depois, de Estado nacional decorre dessa relação tornada profunda”. (SANTOS, 2001).

O Polo de Lazer do Conjunto Ceará é um território construído ao longo de mais de 40 anos pelos moradores, empreendedores e pelo movimento cultural. Muito antes do atual prefeito sonhar em se candidatar a mandatário da Capital cearense, do secretário da regional imaginar que poderia assumir essa função e dos fiscais arrogantes e autoritários da AGEFIS (Agência de Fiscalização de Fortaleza) pensarem que poderiam atormentar aquela população, alguns daqueles empreendedores e agentes criativos que resistem no local já estavam construindo o Polo de Lazer e lutando pelo desenvolvimento do Conjunto Ceará.

Portanto, o mais sensato e responsável que pode acontecer é o poder público reabrir imediatamente o diálogo e buscar resolver as demandas da população do Polo de Lazer do Conjunto Ceará de forma respeitosa, pois eles (os agentes públicos) passarão, serão substituídos nesses cargos que hoje ocupam, e a comunidade continuará a existir e a lutar. Fica a dica!


*Os trechos entre aspas são parte da obra TERRITÓRIO CRIATIVO: UM ESTUDO SOBRE UMA POLITICA PÚBLICA DE ECONOMIA CRIATIVA NO POLO DE LAZER DO CONJUNTO CEARÁ EM FORTALEZA – CE, disponível em http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/34407

Mundos Possíveis.