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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sobre a Afetividade (pequeno ensaio familiar)


Talvez a força mais poderosa do mundo (pelo menos do mundo humano) seja o afeto. O termo afeto vem do Latim afficere, afectum e é utilizado para se fazer referência à vida afetiva em geral.  A afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido.

A afetividade é capaz de subjugar a política, o econômico e até o religioso. Embora também possa ser facilmente por eles instrumentalizada.

A afetividade gera capital social, confiabilidade. E é uma das manifestações humanas mais nobres. Mas diferente do amor, ela não é incondicional. A afetividade precisa ser cuidada, cultivada, porque se desgasta quando submetida a choques e repetidas decepções.

Nem sempre se reconhece ou se valoriza a presença e importância da afetividade em nossas vidas e em relação às pessoas que nos cercam. Alguns indivíduos se quer percebem sua existência e se percebem a ignoram. Ou a desperdiçam.

Mas os afetos em suas múltiplas formas, podem também assumir múltiplas funcionalidades. No livro Multidão: guerra e democracia na era do império. Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005. HARDT, Michael; NEGRI, Antônio ao escreverem sobre Trabalho Imaterial e Biopolítica, trazem uma noção de afetos assumindo características de produtos de um tipo de trabalho pós-fordista e sob a hegemonia do trabalho imaterial:

“... O trabalho imaterial tende a sair do mundo limitado do terreno estritamente econômico, envolvendo-se na produção e na reprodução geral da sociedade como um todo. A produção de idéias, conhecimentos e afetos, por exemplo, não cria apenas meios através dos quais a sociedade é formada e sustentada; esse trabalho imaterial também produz diretamente relações sociais...”.

Ainda a literatura, a poesia e o mito fazem da afetividade matéria prima de seus trabalhos e a apresentam como motivadora de grandes acontecimentos como no caso da guerra de Troia motivada pela afetividade que envolvia Helena, Menelau e Páris, maravilhosamente apresentada na Ilíada (poema épico grego).

A afetividade quando vivida de forma exagerada pode trazer grandes danos pessoais, sociais e históricos. Afinal, affectus também pode carregar o sentido de "adoecer".

Dorme o futuro das coisas que
doerão em mim, desprevenido.
(Carlos Drummond de Andrade)


Johnson Sales
Fellow da Rede Mundial Ashoka Empreendedores Sociais
Consultor em Tecnologias Sociais e Advocacy da Embaixada Social