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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Conhecimento (uma produção plural)



"Qualquer conceituação, portanto, que reduza a dinâmica social do processo de descoberta a condições estáticas, com o homem no singular atuando como o sujeito do conhecimento em determinada situação aqui e agora, estará condenada a nos arrastar a um labirinto epistemológico sem saída, sem nenhuma porta para escaparmos.



O pescador, tentando capturar conexões dos objetos em sua rede, não começa do nada. Não somente o conhecimento dos objetos, mas também o conhecimento de como adquirir e de como avançar o conhecimento dos objetos, de como capturá-los em sua própria rede, de como construir redes e de como construir redes melhores para capturá-los, desenvolveu-se ao longo das gerações; e a rede será passada para ele na medida em que tenha sido desenvolvida em sua sociedade. Em algumas sociedades, certos tipos de conhecimento sobre a aquisição e o avanço do conhecimento, certos tipos de redes conceituais tornam-se regularmente mais apropriados para apreender certos tipos de conexões entre objetos. Qualquer que seja o caso, sempre que uma rede conceitual para a apreensão de tais conexões e a consciência de como se avançar o conhecimento em um campo da experiência dos homens atinjam um nível em que as suas adequações nas interdependências sejam tão grandes a ponto de suas orientações pelo objeto adquirirem vantagem sobre a orientação pelo sujeito, os avanços posteriores nesse campo apresentarão uma medida de autonomia. Elas procederão de modo mais regular do que faziam antes. Sendo mais autônomas em relação às flutuações de curto prazo do desenvolvimento da sociedade, embora, é claro, não sendo nunca completamente independentes delas, elas se tornarão relativamente autossuficientes, e nós poderemos chamar a aquisição do conhecimento naquele campo de ciência."

Norbert Elias in Sociologia do Conhecimento: novas perspectivas.

Maioridade Penal - A mídia "força a barra" pela redução, o cidadão, resiste como pode.



 (Pais e amigos durante o enterro da dentista Cinthya de Souza, 47, queimada durante assalto em São Bernardo do Campo)

O pai da dentista Cinthya de Souza, 46, queimada viva durante assalto em São Bernardo do Campo (na Grande São Paulo), afirma que a redução da maioridade não seria suficiente para combater a criminalidade. 

A solução que ele aponta: 

 "É preciso ensinar valores às crianças", diz pai de dentista queimada.Viriato Gomes de Souza, 70, só vê mudanças com investimento público prolongado em educação.


 Mais da opinião do Sr. Viriato Gomes de Souza:

A redução da maioridade não levaria o recrutamento de cada vez mais jovens?
Isso vai acontecer, vai ser sempre inversamente progressivo. Em outros países, nos Estados Unidos, há prisões especiais para menores, desde os dez, 12 anos já se vai para a prisão. E mesmo assim tem crime lá.

O que o sr. acha da pena para menores infratores?
Ele fica naquele local [Fundação Casa] e não aprende nada, é uma escola da criminalidade. Sai pior.
A gente sabe qual é o nosso modelo prisional, a sociedade sabe que se faz muito pouco para recuperar um egresso. No fim, é um encargo para a sociedade. Enquanto um trabalhador ganha um salário mínimo, um detento custa mais de mil reais por mês.

Não adianta mudar só um regime prisional. A sociedade tem de estudar isso com muita calma. Não adianta fazer só leis, leis, e não aplicá-las.

A sociedade deve aproveitar momentos de comoção parar mudar a legislação?
Os assassinos da Daniella Perez [cuja morte levou à inclusão do homicídio qualificado como crime hediondo] estão soltos, nem chegaram a cumprir a pena toda.

Nesses momentos críticos todo mundo se mobiliza, depois o que acontece é que sai um escândalo e entra outro. O que passou será esquecido.