De 2011 para 2012, cresceu 15,3% a proporção de alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas e ingressaram na universidade. Além disso, 27,7% dos estudantes da instituição são hoje não oriundos da Capital
Leonardo Gomes, 19, sorri
largamente ao lembrar os perrengues na chegada a Fortaleza, em 2011,
para estudar. Quando a até então distante graduação em Ciências
Biológicas na Universidade Federal do Ceará (UFC) se tornou realidade,
perder-se na Capital antes só visitada nas férias era comum. As
histórias de ônibus errados e choros com saudades de casa são hoje boas
lembranças.
Estudante de colégio público em Apuiarés, a 128
quilômetros de Fortaleza, Leonardo integra perfil cada vez mais presente
nos campi da UFC: o de alunos de escolas públicas se tornando
universitários.
De 2007 a 2012, a proporção de estudantes
da rede pública ingressantes na instituição subiu 12,6%. Já de 2011 para
2012, o crescimento foi de 15,3%, passando de 27,1% para 31,2% do total
de matriculados. Os alunos que começaram a graduação em 2011 foram os
primeiros a utilizar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para acesso
ao ensino superior.
Além do maior acesso de estudantes da
rede pública, de 2011 para 2012, houve também aumento no percentual de
alunos do interior do Ceará.
Proporcionalmente, o crescimento chega a 17,9%. Estudantes não oriundos de
Fortaleza
são hoje 27,7% do total de alunos da UFC. “Os estudantes do Interior e
das escolas públicas percebem que é possível entrar na universidade”,
avalia o coordenador de Planejamento e Avaliação de Ações Acadêmicas,
André Jalles.
Para Jalles e para o pró-reitor de
Graduação, Custódio Almeida, a adesão ao Sisu - que utiliza a nota do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - foi a incentivadora desses
crescimentos. Os estudantes do Interior e de escolas públicas acreditam
agora que têm chances de passar, defende Almeida. “Eles não precisam
mais sair da cidade para ingressar na UFC. Em qualquer região do
Estado
podem fazer (o Enem). Essa é a grande história. Muitos estudantes de
escolas públicas nunca tinham sonhado em entrar na universidade”, diz.
“Com
certeza isso alavanca a educação básica de alguma forma. Os dados
mostram que estamos no caminho certo”, considera o pró-reitor. Além
disso, ele lembra que a instituição tem ampliado o número de vagas e
campi nos últimos anos. Para o secretário-geral do Diretório Central dos
Estudantes (DCE) da UFC, Thiago Matos, é visível a transformação do
perfil dos estudantes da instituição.
“O Enem proporcionou a democratização do acesso”, pontua.
Transformação
Para o professor Jacques Therrien, a forma como o Enem cobra conteúdos é o melhor aspecto da avaliação. O professor da pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece) defende que a adoção do exame como processo seletivo incentiva uma transformação da educação. Desde as primeiras séries. “O vestibular passou a ser cada vez mais para quem tinha determinados conhecimentos. Com ele, você ia fechando cada vez mais a porta ao ensino e à cultura superior. Já o Enem cobra conhecimentos e um tipo de raciocínio”, cita.
Transformação
Para o professor Jacques Therrien, a forma como o Enem cobra conteúdos é o melhor aspecto da avaliação. O professor da pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece) defende que a adoção do exame como processo seletivo incentiva uma transformação da educação. Desde as primeiras séries. “O vestibular passou a ser cada vez mais para quem tinha determinados conhecimentos. Com ele, você ia fechando cada vez mais a porta ao ensino e à cultura superior. Já o Enem cobra conhecimentos e um tipo de raciocínio”, cita.
O presidente
do Conselho Estadual de Educação, Edgar Linhares, compartilha a
opinião. “Nosso currículo anterior era altamente elitista. A mudança
fundamental do Enem é permitir que o aluno estude o que pode estudar,
não pedir coisas impossíveis. O Enem é um grande estimulador”, avalia.
Os
índices apontados pela UFC, considera Jacques Therrien, mostram o
começo de uma transformação dos paradigmas. “É uma mudança na sociedade
congelada em torno dos privilégios”, avalia.
ENTENDA A NOTÍCIA
ENTENDA A NOTÍCIA
A
UFC tem campi em Quixadá, Sobral e no Cariri. Esse último, tem unidades
em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Em todas as cidades está
crescendo o acesso de estudantes do Interior e oriundos de escolas
públicas.
Saiba mais
Os dados informados pela Universidade Federal do Ceará (UFC) foram colhidos com os estudantes matriculados. O Ministério da Educação afirmou não ter dados de todo o Brasil porque cada universidade faz um levantamento próprio.
Em números absolutos, agora são 1.265 matriculados na UFC oriundos do interior do Ceará. Os alunos de escolas públicas são 1.426.
Os levantamentos feitos pela UFC com os alunos matriculados apontam ainda que apenas 3,6% dos alunos ingressantes em 2012 são de fora do Ceará. Em relação a 2011, houve queda de 39,8%.
Saiba mais
Os dados informados pela Universidade Federal do Ceará (UFC) foram colhidos com os estudantes matriculados. O Ministério da Educação afirmou não ter dados de todo o Brasil porque cada universidade faz um levantamento próprio.
Em números absolutos, agora são 1.265 matriculados na UFC oriundos do interior do Ceará. Os alunos de escolas públicas são 1.426.
Os levantamentos feitos pela UFC com os alunos matriculados apontam ainda que apenas 3,6% dos alunos ingressantes em 2012 são de fora do Ceará. Em relação a 2011, houve queda de 39,8%.
Serviço
Inscrições para o Enem
Quando: Até às 23h59min do dia 15 de junho (horário de Brasília)