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sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Trabalho que dá conteúdo (específico) para a Economia Criativa

Dois importantes conceitos têm conquistado bastante visibilidade e importância em relação à economia e ao mundo do trabalho. Sempre lembrados quando se aborda temas polêmicos e muito atuais como a “Centralidade do Trabalho” (ou o “fim” desta) ou ainda a atual crise do capitalismo, e até mesmo quando se pensa em economia social, economia inclusiva e processos de desenvolvimento local e desenvolvimento endógeno esses conceitos são cada vez mais lembrados. Os temas Economia Criativa e Trabalho Imaterial mobilizam atualmente a atenção e os esforços de acadêmicos, empresários, ONGs, governos, economistas, militantes e capitalistas por todo o planeta.
Esses dois conceitos tem várias semelhanças e atualmente caminham lado a lado no âmbito do capitalismo cognitivo. Porém, suas relações podem ser mais sinérgicas do que se observa a primeira vista e talvez até intrínsecas.  

Economia Criativa

Ainda não existe um consenso no tocante a uma definição única para economia criativa. Coexistem algumas definições e abordagens de alguns dos principais estudiosos dessa temática e de instituições que publicaram sobre o assunto.

Após a definição e estruturação pioneira do governo britânico das atividades da Economia Criativa, o primeiro a tentar definir este conceito foi John Howkins, quando lançou em 2001 o livro “The Creative economy – How people make money from ideas”. Em sua obra, Howkins estuda o relacionamento entre a criatividade e a economia, e aponta como divisor de águas da economia criativa “o potencial de gerar direitos de propriedade intelectual expandindo sua abrangência dos direitos autorais para desenhos industriais, marcas registradas e patentes”.

Em suma, Howkins (2001) diz que Economia Criativa é o negócio das ideias – o meio através do qual novas ideias e invenções são comercializadas e vendidas. Consiste em todos os atos criativos em que o trabalho intelectual cria valor económico.

Hartley (2005) por sua vez, defende que a Economia Criativa não abrange somente as indústrias criativas, como também “o impacto de seus bens e serviços em outros setores e processos da economia e as conexões que se estabelecem entre eles, provocando e incorporando-se a profundas mudanças sociais, organizacionais, políticas, educacionais e econômicas”.

Para Reis (2008), a economia criativa compreende setores e processos que têm como insumo a criatividade, em especial a cultura, para gerar localmente e distribuir globalmente bens e serviços com valor simbólico e econômico. “Uma produção que valoriza a singularidade, o simbólico e aquilo que é intangível: a criatividade. Esses são os pilares da Economia Criativa”.

A United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD é um órgão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas criado com o objetivo de incrementar o comércio internacional para acelerar o desenvolvimento econômico, coordenando as políticas relacionadas com países subdesenvolvidos. Em 2008, a UNCTAD publicou o relatório Creative Economy, buscando convergir as diferentes perspectivas existentes para esse novo tópico e visando identificar parâmetros para a análise e comparação de dados do setor entre países, oferecendo ferramentas para a formulação de políticas públicas.  

Trabalho Imaterial

No livro Multidão: guerra e democracia na era do império. Tradução: Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2005. Os autores HARDT, Michael; NEGRI, Antônio falam do trabalho imaterial como sendo:

Trabalho que produz produtos imateriais, como a informação, o conhecimento, idéias, imagens, relacionamentos e afetos. Para os autores, as qualidades e as características da produção imaterial tendem hoje a transformar as outras formas de trabalho e mesmo a sociedade como um todo.

Em primeiro lugar, o trabalho imaterial tende a sair do mundo limitado do terreno estritamente econômico, envolvendo-se na produção e na reprodução geral da sociedade como um todo. A produção de idéias, conhecimentos e afetos, por exemplo, não cria apenas meios através dos quais a sociedade é formada e sustentada; esse trabalho imaterial também produz diretamente relações sociais. O trabalho imaterial é biopolítico na media em que se orienta para a criação de formas de vida social; já não tende, portanto, a limitar-se ao econômico, tornando-se também imediatamente uma força social, cultural e política. Em última análise, em termos filosóficos, a produção envolvida aqui é a produção de subjetividade, a criação e a reprodução de novas subjetividades na sociedade. Quem somos, como encaramos o mundo, como interagimos uns com os outros: tudo isto é criado através dessa produção biopolítica e social. Em segundo lugar, o trabalho imaterial tende a assumir a forma social de redes baseada na comunicação, na colaboração e nas relações afetivas. O trabalho imaterial só pode ser realizado em comum, e está cada vez mais inventando novas redes independentes de cooperação através das quais produzir. Se sua capacidade de investir e transformar todos os aspectos da sociedade e sua forma em redes colaborativas são duas características extraordinariamente poderosas que o trabalho imaterial vem disseminando para outras formas de trabalho.

Para Sílvio Camargo autor da tese que originou o livro Trabalho imaterial e produção cultural: a dialética do capitalismo tardio. São Paulo: Annablume, 2011. – A definição de trabalho imaterial não é algo simples e conduz facilmente a confusões. Entendo por trabalho imaterial aquelas atividades que possuem como conteúdo principal a comunicação, a cooperação, o conhecimento e o saber. O trabalho imaterial se refere desse modo a qualificações subjetivas que passam a ter um papel central no processo de valorização das mercadorias. Uma mercadoria, cuja produção resulta de trabalho imaterial, pode ser quanto a sua forma física, material ou imaterial; mas a questão principal está no tipo de trabalho, ou de ação, empregado para sua produção. A noção de “saber” é provavelmente o que melhor define, em um sentido quase didático, o trabalho imaterial, pois diz respeito ao fato de que o valor de uma mercadoria não resulta necessariamente do dispêndio de tempo de trabalho empregado na sua produção (trabalho abstrato), mas sim dos saberes mobilizados por aqueles que a produzem. Saberes esses que incluem a criatividade, a imaginação, a espontaneidade, e que se aproximam daquilo de que Karl Marx, nos Grundrisse, chamou de “general intellect”. Em suma, o trabalho imaterial se define pelo tipo de ação humana nele envolvido, e não pelas propriedades sensíveis das mercadorias. Para sermos ainda mais claros: um par de tênis de uma marca famosa, cujo preço é bastante alto, é expressão de um valor cuja determinação não está em suas propriedades físicas ou mesmo no tempo de trabalho despendido para sua produção; o valor se relaciona qualitativamente com as atividades de criação, design, publicidade, marketing e outros atributos simbólicos, que revelam a participação de uma subjetividade, de trabalho imaterial, que se torna elemento central de valorização.

Trabalho imaterial e economia criativa

Se Hartley (2005) está com a razão e a Economia Criativa abrange além das indústrias criativas, também “o impacto de seus bens e serviços em outros setores e processos da economia e as conexões que se estabelecem entre eles, provocando e incorporando-se a profundas mudanças sociais, organizacionais, políticas, educacionais e econômicas”. E esse processo se dá por meio do trabalho de todos os envolvidos nessa produção. O tipo de trabalho mais viável, eficiente e eficaz para cumprir essa tarefa é o Trabalho Imaterial com toda a sua condição de produzir produtos imateriais, como a informação, o conhecimento, idéias, imagens, relacionamentos e afetos. Portanto, o Trabalho Imaterial é complementar e inerente à economia criativa, pois tem a capacidade de oferecer conteúdo específico para a mesma.

Trabalho Imaterial e Economia Criativa são dois conceitos em formação e submetidos a intensos debates. E mais do que uma conclusão definitiva em relação aos temas em questão é importante esse intenso processo de estudos e discussões principalmente para todos nós que atuamos nessa nova e estimulante seara.
 
Johnson Sales
Consultor em Economia Criativa e Advocacy da Embaixada Social
Fellow da Rede Mundial Ashoka Empreendedores Sociais
Conselheiro Administrativo dos Centros Urbanos de Cultura, Esporte e Lazer (CUCAS) da Prefeitura de Fortaleza.

Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Economia Criativa e da Representação Regional Norte, em parceira com o Banco da Amazônia, convida para a videoconferência que discutirá os editais do Prêmio Economia Criativa



Ministério da Cultura
Representação
Regional Norte


Convite


O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Economia Criativa e da Representação Regional Norte, em parceira com o Banco da Amazônia, convida para a videoconferência que discutirá os editais do Prêmio Economia Criativa, na próxima terça-feira, 10 de abril, a partir das 15h. Na ocasião, os participantes poderão tirar suas dúvidas e solicitar esclarecimento sobre os editais: Apoio à pesquisa em Economia Criativa e de Fomento a Iniciativas Empreendedoras e Inovadoras.

A videoconferência será transmitida por meio das salas do Banco da Amazônia (BASA) para os Estados da Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Pará (Belém e Santarém), Rondônia, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, assim como para Brasília e para os Estados do Amapá e Roraima. A videoconferência também será transmitida, ao vivo, pela internet através do link www.livestream.com/regionalnorteminc.

Inscrição: Devido ao número de lugares, os interessados em participar da videoconferência devem enviar e-mail para: regionalnorte@cultura.gov.br, até segunda-feira, dia 09 de abril, informando nome, RG e a localidade.

Serviço:

Videoconferência sobre Prêmio Economia Criativa
Dia: 10 de abril, terça-feira
Horário: 15h às 18h
Local: Salas do Banco da Amazônia (BASA), para os Estados da Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Pará (Belém e Santarém), Rondônia, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, assim como para Brasília e para os Estados do Amapá e Roraima.
Transmissão pela internet: www.livestream.com/regionalnorteminc.
Informações: (91) 3222- 7235