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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pra onde se recolhe a alma da arte



Tem não, a possibilidade da arte ser vazia de filamentos da alma do artista. Reside um espectro de seu ser exatamente naquele espaço mágico no qual se instala o significado da obra. Naquela dimensão localizada estrategicamente num ponto equidistante entre a criação e o olho do observador. É nesse recanto extraordinário que se recolhe a substância mista que entrelaça, articula e funde, artista, arte e público. A essência da obra, bem como o sentimento depositado nela pelo artista, e a expectativa sensorial de quem a contempla, se encontram nesse eldorado dos alquimistas, bruxas e gênios. Tem sim, um muito do artista, em cada peça, em cada obra, em cada exposição. Basta aprender a ver no interior dessa dimensão especial, para encontrar nua em pêlos, a alma do artista por trás, por sobre, ao lado e por dentro da sua obra. 


(Escultura da Artista e futura cientista social Michelly Oliveira Campos)

Don Johnson de Sales.


Elogio à Incerteza - (Justiça em Platão e Hobbes)



Platão buscou decididamente em "A República" definir justiça, não conseguiu! Hobbes veio então com o seu positivismo e a definiu! Mas Hobbes a misturou com seu "pacto" e com as leis. Eu não me convenci da definição de justiça de Hobbes e tampouco me frustrei com a incapacidade de Platão em defini-la. Mas dessa, e de outras empreitadas dos grandes pensadores da humanidade, me ficou a maravilhosa incerteza que tanto me fez falta em vários momentos da minha vida. Não saber com certeza, não acreditar em verdades absolutas, não definir tudo, não aceitar determinadas definições, pensar, discutir, examinar e não chegar a um resultado final, é muito mais importante e poético do que aderir facilmente à verdades preestabelecidas. Algumas verdades pretensamente absolutas estão alicerçadas em leis e pactos dos quais não somos conscientemente signatários. Em se tratando de justiça e de certas verdades absolutas, fico com a "incapacidade" de Platão em detrimento do positivismo de Hobbes.



O Trabalho é irrevogável



Alfred Schutz, no livro "Fenomenologia e Relações Sociais" trata da irrevogabilidade do trabalho fazendo uma distinção entre desempenho e trabalho da seguinte forma:

"No caso de um mero desempenho, tal como a tentativa de solucionar mentalmente um problema matemático, posso, se minhas antecipações não se completarem no resultado e eu ficar insatisfeito com ele, cancelar todo o processo de operações mentais e recomeçar. Nada estará mudado no mundo exterior, nenhum vestígio do processo anulado permanecerá. Simples ações mentais são, nesse sentido, revogáveis. O trabalho, no entanto, é irrevogável. Meu trabalho mudou o mundo exterior. Na melhor das hipóteses, posso restaurar a situação inicial através de movimentos contrários, mas não posso voltar a não ter feito aquilo que foi feito por mim".

O autor aponta ainda uma importante questão legal derivada desta distinção entre trabalho e desempenho, diz ele:

"Ai está por que - dos pontos de vista moral e legal - sou responsável por meus feitos, mas não por meus pensamentos".



Mérito e reconhecimento entre Engels e Marx



Friedrich Engels foi o grande parceiro intelectual de Karl Marx. Amigo inseparável e financiador. Certa vez ao responder por carta ao escritor Franz Mehring para comentar o livro "A lenda de Lessing" e abordando certos méritos a ele atribuídos por Mehring, Engels objeta que tais méritos pertenciam primeiramente a Marx. E declara: 

"Quando se tem a sorte de trabalhar por 40 anos com um homem como Marx, é natural, durante a sua vida, que não se goze do reconhecimento que se julga merecer; Mas quando o grande homem morre, costuma-se elogiar mais que o devido a seu companheiro de estatura menor. Creio que este é o meu caso. A história acabará por colocar as coisas no seu lugar, mas, então, eu já terei morrido tranquilamente e não saberei de nada."

A luz das artes (Clifford Geertz)



"É dessa forma, colorindo a experiência com a luz que elas projetam, em vez de qualquer efeito material que possam ter, que as artes desempenham seu papel, como artes, na vida social."


Clifford Geertz in A Interpretação das Culturas.