O que estará em jogo na próxima eleição presidencial são duas
concepções de sociedade: a que aposta prioritariamente em crescimento e
mede tudo pelo PIB, pela renda per capita e pela bolsa de valores; e a
que prioriza o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a inclusão e o
bem estar social (sem descuidar da economia).
O primeiro caminho é defendido pelos mercadistas e o capital
financeiro; e o segundo pelos social-desenvolvimentistas, dentro de um
padrão que combina crescimento, inclusão social e sustentabilidade. No
primeiro, alinham-se os neoliberais & Cia.; no segundo, os
transformadores sociais, nacionalistas e afins.
O governo do PT enquadra-se no segundo grupo. Na definição da
presidente Dilma: “País desenvolvido se mede pela qualidade de vida,
pela sensação de conforto que a população tem, pelo acesso à casa
própria, emprego, a qualidade da saúde” e não simplesmente pelo tamanho
do PIB.
O Brasil, por ter escolhido o social-desenvolvimentismo, nos governos
petistas, vê-se submetido a uma forte pressão do capital financeiro
para rever seu modelo e fazer mais concessões às forças do mercado, que
reclamam do “intervencionismo” do PT (condicionamento do capital à
estratégia de inclusão social). Por isso, os investidores externos
realizam uma verdadeira chantagem (diminuindo os investimentos) para que
o País se submeta às condições impostas por eles (os neoliberais
internos concordam com a chantagem).
As críticas dos mercadistas contra a Petrobras são um exemplo disso.
Não se conformam com o fato de o Brasil utilizar a empresa como suporte
estratégico para a construção de um projeto de Nação. Querem que ela se
porte como uma empresa qualquer, voltada prioritariamente para a
produção de lucros para seus acionistas privados. Mesmo resistindo no
fundamental, o governo fez concessões no caso do leilão da reserva de
Libra.
Os protestos dos movimentos sociais contra essa opção são
justificados. Apelar para o Exército para conter as manifestações foi um
equívoco político que pode trazer consequências muito ruins mais tarde.
Publicado originariamente na coluna Valdemar Menezes, no Jornal O POVO deste domingo (20).