O Google é uma ferramenta de buscas que abarca grande parcela da
internet, mas não tudo. “Quando as pessoas não veem algo no Google,
acham que ninguém pode achar aquilo. Isso não é verdade”, diz John
Matherly à rede de notícias CNN. Matherly é o criador da ferramenta de
buscas
Shodan, capaz de encontrar servidores, impressoras, roteadores, câmeras e qualquer equipamento conectado à internet.
O problema é existir muita coisa listada pelo Shodan que não deveria
ser acessível por qualquer usuário nem passível de ser controlada, caso
de semáforos, webcams, sistemas de aquecimento ou automação, operação de
postos de gasolina, parques aquáticos e até crematórios.
Segurança.
Matherly, do Shodan, filtra os pedidos dos usuários cadastrados. Foto:
Matt McClain/ The Washington Post/ Getty Images
Dan Tentler, expert em segurança e decodificação de sistemas, disse
em palestra em 2012 (disponível no YouTube, basta procurar por Defcon 20
Dan Tentler) que a maioria dos esquemas de segurança “é horrivelmente,
horrivelmente ruim”. “Eu posso controlar uma usina hidrelétrica francesa
pela internet. Ela possui duas turbinas com produção de cerca de 3
megawatts cada, o que pode ser interessante. Ou simplesmente entrar no
sistema que controla um lava-rápidos”, afirma.
Ou seja, grande parte do encontrado pelo Shodan poderia ser usada
para causar estragos e danos, mas não é o intuito de Matherly, criador
da ferramenta. Quem entra no site recebe dez resultados sem a
necessidade de abrir uma conta no sistema. Ou 50 resultados com uma
conta. Para conseguir mais informações, é preciso abrir uma conta paga, e
informar Matherly do propósito das buscas a ser feitas no Shodan.
Não se sabe se alguém já tentou utilizar os resultados para causar
problemas, mas não é difícil imaginar encrencas potenciais: mexer com
sistemas de controle de semáforos certamente levaria pessoas à morte. Ou
seja, existem muitos sistemas conectados à internet, de forma
completamente insegura, sem qualquer motivo para estar na rede.
Outro uso interessante dos sistemas de buscas é fazer uma
relação das predileções de cada país na hora de fazer downloads ilegais
na internet. O site TorrentFreak, por exemplo, decidiu vasculhar o que
computadores do Vaticano baixaram nos últimos meses. Em primeiro lugar, o
número de downloads foi bem baixo, até por causa do tamanho da
população de 836 moradores permanentes.
Seriados como Chicago Fire, Lightfields, The Neighbours e Touch são bem “populares”, assim como os filmes Snitch e The Last Stand.
Alguém parece gostar da música do artista inglês Ed Sheeran, além de
passar algum tempo jogando uma cópia pirata de um simulador de
aeroportos. Outra coisa que interessa os moradores do Vaticano são os
filmes pornográficos, com predileção especial por luta livre entre
mulheres nuas com direito a acessórios variados e também sexo com
travestis. O TorrentFreak não conseguiu falar com ninguém do Vaticano
para comentar as descobertas, mas percebe-se que o pessoal precisou de
algum entretenimento para passar o tempo durante o último Conclave, algo
compreensível.