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sábado, 25 de maio de 2013

Gabriel Garcia Márquez e a viajem ao encontro do "self"


A idade nos traz descobertas e autodescobertas. As segundas são mais relevantes. Passamos tanto tempo construindo modelos e máscaras sociais para nós mesmos, que com o passar dos anos, já não conseguimos mais distinguir entre o criador e a criatura. Talvez a mais assustadora de todas as viagens que um ser humano possa fazer, seja a "ego-trip". Viajar ao mais profundo de seu próprio "eu" pode revelar surpresas estranhas e verdades constrangedoras. A viagem ao encontro do "eu" deve ser reservada aos passageiros mais destemidos. Nessa jornada para a qual a idade é o veículo mais adequado e seguro, o ponto de partida é também o trajeto e o ponto de chegada. Ou seja, o "self". 

Em Memórias de Minhas Putas Tristes, Gabriel Garcia Márquez escreveu:

“Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco.”

Quem topa se arriscar nesse tipo de descoberta? Quem não teme seu próprio "eu"? A condição de passageiro, o tempo fornece compulsoriamente. A decisão de fazer ou não a jornada é uma decisão pessoal e intransferível. Você vem?