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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Já tá valendo: Lei “Carolina Dieckmann” em vigor

 

Entrou em vigor nesta terça-feira (02/04/2013) a Lei 12.737/2012, que tipifica determinados delitos cometidos pela internet. Mais conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”, esta lei foi proposta pelo deputado Paulo Teixeira (PT/SP) e aprovada em dezembro de 2012 pela Presidente Dilma Rousseff.

A lei considera práticas criminosas atos como invasão de computadores, captura de senhas e obtenção não autorizada de conteúdo privado ou sigiloso. Também estão tipificados a venda e a distribuição de softwares desenvolvidos especialmente para invasão de computadores ou dispositivos móveis.

A pena para quem for condenado por tais práticas pode ir de 3 a 24 meses de reclusão mais pagamento de multa. Caso o conteúdo obtido ilegalmente seja repassado a terceiros, a punição pode ser aumentada entre 1/3 e 2/3. Também está prevista a ampliação entre 1/6 e 1/3 da pena caso o delito cause prejuízo financeiro à vítima ou atinja autoridades públicas.

A tipificação de práticas danosas a partir da internet é debatida há anos no Brasil, mas ganhou força em 2012, quando mais de 30 fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann foram publicadas indevidamente na Web, razão pela qual o projeto acabou sendo “apelidado” com o nome da artista.


Postado por em  http://www.infowester.com/noticias/lei-carolina-dieckmann-ja-esta-em-vigor/

O Nós e o Nosso.

Não existe o "Eu" absoluto e muito menos o totalmente "Meu". Em cultura nada brota do nada. Tudo é produto de uma "partícula" anterior.

Don Johnson de Sales.

Creative Commons, você sabe o que é?

Creative Commons (CC)  é, na verdade, uma entidade sem fins lucrativos criada para permitir maior flexibilidade na utilização de obras protegidas por direitos autorais. A ideia é fazer com que um autor/criador permita o uso mais amplo de seus materiais por terceiros, sem que estes o façam infringindo as leis de proteção à propriedade intelectual.
Com a licença Creative Commons, um compositor pode permitir que outros artistas utilizem algumas de suas composições criando uma mistura de ritmos, por exemplo. Um escritor pode disponibilizar um artigo e permitir que outros autores o utilizem, seja publicando em outros meios, seja aplicando parte do conteúdo em um novo texto, seja utilizando o original, mas efetuando mudanças, enfim.
Graças à internet, esse "espírito colaborativo" se tornou muito maior. O problema é que as leis de proteção aos direitos autorais são por demais rígidas e, muitas vezes, acabam atrapalhando a vontade de muitos criadores de não só cederem seus materiais, como também de utilizar criações de outras pessoas que também querem compartilhar seu trabalho.
Com a licença Creative Commons, autores e criadores podem permitir o uso de suas obras de maneira muito mais flexível. Eles podem decidir como e sob quais condições seus materiais podem ser utilizados por terceiros. Um exemplo: um escritor pode permitir a qualquer pessoa o uso e a alteração de um texto de sua autoria, exceto em aplicações comerciais. Note que, neste caso, a licença Creative Commons dá mais liberdade de uso à obra, mas não tira do autor original a possibilidade de geração de renda: ele pode cobrar pelo uso do texto no caso de atividades comerciais.
Para compreender melhor, vamos analisar o uso da Creative Commons pelo InfoWester. O site tem uma página que explica como os artigos podem ser utilizados. Nela, mostramos como utilizamos a licença Creative Commons. As mesmas informações aparecem quando o usuário clica na imagem da iniciativa. Veja quais são:
Você pode copiar, distribuir, exibir e executar a obra, além de criar outras derivadas sob as seguintes condições:
- Atribuição: você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante*. Isso quer dizer que você deve informar quem é o autor original da obra;
- Uso não-comercial: você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais, por exemplo, para colocá-la em uma revista paga;
- Compartilhamento pela mesma licença: se alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta, você somente poderá distribuir o material resultante sob uma licença idêntica a esta.
* No caso do InfoWester, a simples menção do nome do site mais seu endereço (link) é suficiente, por exemplo: "Fonte: InfoWester - http://www.infowester.com".
Essa é, basicamente, a licença de uso dos artigos do InfoWester. Note, no entanto, que na mesma página da declaração há duas notas semelhantes a estas:
- Para cada novo uso ou distribuição, você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra;
- Qualquer uma destas condições pode ser renunciada, desde que você obtenha permissão do autor.
Quanto a este último aspecto, eis um exemplo que a explica:
Suponha que você tem uma agência de comunicação e quer utilizar a música de um cantor, disponível sob uma licença Creative Commons, em uma propaganda de TV. Todavia, esta é uma atividade comercial, portanto, você não pode utilizar o material do referido autor para este fim, porém você pode entrar em contato com ele e negociar uma permissão.
Perceba que a Creative Commons oferece várias combinações de licenças. Você pode ter, por exemplo, uma obra que permite uso comercial e outra que não permite. Ou você pode ter um trabalho que não permite a criação de obras derivadas, por exemplo. Tudo o que você precisa fazer é deixar claro essas condições. Na internet, a maneira mais prática de fazer isso é disponibilizar um link ou mesmo um selo da Creative Commons que direcione para uma página que descreva suas condições. Como? O tópico a seguir explica.

Como faço para disponibilizar minha obra em Creative Commons?

Se você tem um blog, cria artigos e os publica na internet, trabalha com fotos e imagens, é músico, entre outros, pode disponibilizar suas obras sob uma licença Creative Commons facilmente. Não é necessário ir em escritórios de registros, pagar taxas, contratar especialistas em direitos autorais, nada disso.
A disponibilização de materiais em Creative Commons é simples. Basta visitar o site oficial - creativecommons.org - ou sua versão brasileira - creativecommons.org.br - e procurar um link que trate de publicação (geralmente este é bem visível). Depois, surgirá uma página onde você responderá um breve questionário para determinar o que pode e o que não pode ser feito com a sua obra. Você também pode incluir informações adicionais, como o formato de sua criação: áudio, vídeo, imagem, texto, etc. Terminada essa etapa, basta clicar em "Escolha uma Licença" ou em um botão equivalente. Isso fará com que um código-fonte que exibe uma figura declarativa da Creative Commons seja gerado para você incluí-lo em seu blog/site. Nesta mesma página é possível obter orientações sobre como divulgar sua obra como Creative Commons caso você não tenha um site.
Escolhendo uma licença Creative Commons
Ao colocar o código em questão em seu site, uma figura semelhante a esta será exibida:
Licença Creative Commons
Clicando na imagem acima, uma página aparecerá e informará ao usuário as condições de uso da obra que você determinou no questionário.
Você deve ter notado que a Creative Commons, na verdade, não determina uma única licença, mas sim um conjunto delas, já que você pode definir uma combinação de possibilidades de uso. Isso mostra o quão flexível é a Creative Commons.

Como surgiu a Creative Commons?

Quando uma pessoa cria uma obra, ela tem direitos sobre sua criação. Para isso, existem leis de proteção à propriedade intelectual. O problema é que, com o surgimento da internet, o uso ilegal de materiais protegidos - "pirataria" - cresceu consideravelmente, razão pela qual muitos países passaram a praticar cada vez mais restrições para proteger os direitos dos criadores. No entanto, o tempo revelou que essas regras beneficiaram mais as empresas - gravadoras e editoras de livros, por exemplo - do que os autores. Isso é visível no meio musical, onde os CDs são caríssimos, fazendo com que o número de compradores diminua cada vez mais e a obra do autor acabe sendo divulgada para uma quantidade menor de pessoas.
Na expectativa de flexibilizar a utilização, a execução e a distribuição de obras é que surgiu a Creative Commons, uma iniciativa de Lawrence Lessig, professor da Universidade de Stanford. A primeira formalização das licenças Creative Commons foi feita em 2001, nos Estados Unidos.
A preocupação de Lawrence iniciou-se neste país, onde a questão dos direitos autorais chegou a um extremo considerado insuportável por muitas pessoas. É tanta limitação que, segundo Lessig, até crianças podem ser tidas como infratoras se utilizarem material alheio em suas pesquisas escolares. Certamente, a maioria dos autores de tais obras discorda disso.
No Brasil, o projeto Creative Commons é muito bem apoiado. A Fundação Getulio Vargas é a responsável por adaptar a Creative Commons à realidade do país. Além disso, o artista e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil também colaborou com a iniciativa ao ser o primeiro brasileiro a disponibilizar conteúdo em áudio com uma licença Creative Commons.

Sites interessantes sobre o assunto

Além do endereço oficial, há muitos sites na internet que podem te ajudar a encontrar conteúdo sob Creative Commons. Eis alguns deles:
- dig.ccmixter: site que disponibiliza músicas gratuitas para serem usadas para os mais diversos fins e as classifica em categorias como games, vídeos e festas;
Flickr Creative Commons: página do Flickr onde o usuário pode encontrar imagens disponíveis sob Creative Commons;
- Creative Commons Search: página da própria Creative Commons que reúne links para variados mecanismos de pesquisa que realizam buscas considerando as licenças.

Finalizando

Generosidade intelectual. Os frutos de se compartilhar ideias e criações são os mais benéficos que existem. A internet deixou evidente o espírito colaborativo que há entre seus usuários. Além disso, a "grande rede" mostra que a criatividade e a competência não se limitam a grandes corporações e que há muita gente de talento em toda parte do mundo. A Creative Commons se encaixa nesses cenários para que as pessoas possam usufruir de obras sem medo de infringir regras e para que se sintam livres para distribuir aquilo que criaram ou que encontraram.
Emerson Alecrim, em 01_02_2006. Atualizado em 10_02_2011.

Fonte:  http://www.infowester.com/creativecommons.php

“Rock It” (uma série de ilustrações com algumas das maiores parcerias na música das últimas décadas)

TRAÇO DE MESTRES

Muitas vezes o encontro de duas estrelas da música é cercado de tanta expectativa que acaba decepcionando. Não é o caso das parcerias escolhidas pelos ilustradores POL e Sakiroo Choi. A dupla resolveu se juntar e transformou suas escolhas em personagens gráficos que fizeram parte de uma exposição na Coreia do Sul

Por Piti Vieira

Depois de alguns meses de trabalho conjunto, o colombiano Jean Paul Egred, conhecido como POL, e o coreano Sakiroo Choi finalizaram seu primeiro projeto intitulado “Rock It”, uma série de ilustrações com algumas das maiores parcerias na música das últimas décadas. A escolha dos artistas pelos ilustradores foi feita de acordo com o gosto musical dos próprios e traz duplas como Bowie e Mercury na clássica Under pressure, Eddie Van Halen e Michael Jackson em Beat it, Kanye West e Daft Punk em Stronger, Aerosmith e Run DMC em Walk this way e Johnny Cash e Bob Dylan com o disco Sessions.
Parte de uma série de projetos chamada de East meet west, que junta criativos ocidentais e orientais, o que começou como uma homenagem a grandes músicas foi ganhando adeptos e virou uma exposição com mais oito artistas de cada país chamada According to them (De acordo com eles), que aconteceu recentemente em Seul, na Coreia do Sul. O processo de criação das imagens de Choi e POL fará parte de um minidocumentário, que deve sair em breve. Confira a série de cinco ilustrações e entenda também por que essas faixas merecem ser celebradas.


1. Under pressure, David Bowie e The Queen

Bowie apareceu no estúdio onde o Queen gravava o disco Hot space (1982), para participar dos vocais de apoio da canção Cool cat. Ele não gostou do resultado e a versão final acabou saindo sem a sua voz. Para não perder a viagem, o cantor acabou improvisando com os quatro integrantes do Queen (o vocalista Freddie Mercury, o baixista John Deacon, o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor) e saiu Under pressure.


2. Beat it, Michael Jackson e Eddie Van Halen

Eddie foi um convidado surpresa em Beat it, terceiro single do disco pop mais bem-sucedido de todos os tempos, Thriller. Seu solo de guitarra durou 20 segundos e levou meia hora para ser gravado. Foi um favor para Quincy Jones, produtor do álbum e famoso músico no cenário da música negra americana.



3. Walk this way, Aerosmith e Run DMC

Em 1986, o Aerosmith estava em decadência depois de fracassados álbuns, brigas internas e excessos com drogas. A parceria com o Run DMC foi a volta por cima de Steven Tyler e companhia. A música saiu no álbum Raising hell, do Run DMC e, pela primeira vez, misturaram rap e rock.


4. Sessions, Bob Dylan e Johnny Cash

Em 1969, quando Dylan fazia o disco Nashville skyline, Cash apareceu no estúdio e os dois gravaram mais de vinte músicas. Só duas entraram no disco. O resto foi lançado somente em 1994 no álbum The Dylan/Cash sessions.


5. Stronger, Kanye West

A música faz parte do álbum “Graduation” do astro americano do hip-hop e ganhou um Grammy como “melhor performance solo de rap”. A canção contém um sample de Harder, better, faster, stronger, do duo francês Daft Punk, que recebeu o crédito pela composição e apareceu, com seus trajes robóticos, no vídeo da música.

Fonte:  http://www.revistastatus.com.br/2013/03/21/traco-de-mestres/

Um mundo é o bastante?


Nos últimos 40 anos, a Terra perdeu 30% da sua biodiversidade. No Brasil e na Amazônia, sacrificou-se quase 60% da fauna e flora originais. Se não houver mudanças, em 2050 o planeta estará encrencado

Por Marleine Cohen


Se a emissão atual de gás carbônico na atmosfera não for refreada antes de 2016, é bastante provável que a temperatura média do planeta suba mais do que 2oC. Caso aumente entre 1,4oC e 5,8oC, confirmando o cenário projetado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para 2100, o próximo século viverá encrenca grossa.

Fazer previsões é sempre muito arriscado, mas os cientistas só podem usar os dados de que dispõem. Na verdade, a cada ano os estudos sobre a crise ecológica se acumulam e os cenários se agravam. Se o IPCC estiver certo, há chances de “mudanças radicais, prejudiciais, abruptas e potencialmente irreversíveis”, que deveriam ser evitadas. Com mais calor, o nível do mar deverá subir entre 8 e 88 centímetros, acarretando maior incidência de inundações, secas e epidemias. A degradação ambiental vai prejudicar a capacidade do planeta fornecer peixes e água doce, reciclar nutrientes do solo e controlar o próprio clima. O número de espécies da flora necessárias para assegurar o equilíbrio cairá, em prejuízo da qualidade do ar. Parte substancial da fauna desaparecerá.

A Terra está entrando numa nova era geológica, afirma um grupo de estratígrafos, deixando o atual período Holoceno e inaugurando o Antropoceno, a época em que a ação humana constitui um fator de mudanças geofísicas, “a idade recente do homem”, segundo o químico holandês Paul Crutzen. Com efeito, se a população mundial chegar a nove bilhões de pessoas em 2050, e estabilizar, como prevê a ONU, aumentará a pressão por alimentos, água, madeira, fibras e combustível – e a busca do padrão de consumo do Primeiro Mundo. Diante dos impactos previsíveis, a conservação dos recursos naturais torna-se crucial, desde agora.

Quanto mais próspera a sociedade, mais pobre o planeta? A equação perversa é lógica antes de futurologia: com nove bilhões os recursos e os serviços ecossistêmicos estarão comprometidos, sim, a menos que ocorram mudanças tecnológicas e sociais decisivas. Em geral, historicamente, as previsões apocalípticas subestimam o poder da inovação e da necessidade. Mas, se os impactos negativos se acumularem, as Metas de Desenvolvimento do Milênio, definidas pela ONU, no ano 2000, para erradicar a fome, a mortalidade infantil e as doenças, não serão atingidas. “Se continuar como está, em 2050 a humanidade atingirá um ponto sem retorno”, diz o biólogo Thomas Lovejoy, conselheio-chefe de Biodiversidade do Banco Mundial. Em outras palavras, se o homem não aposentar as tecnologias poluentes e der um ponto final ao desperdício, era uma vez a biodiversidade. Mais uma tragédia anunciada.

Estado do Planeta

 

Nunca houve tantos e tão convincentes estudos sobre a saúde do planeta. Aos poucos, os ambientalistas ganham eloquência para questionar o modelo de desenvolvimento dominante e apontar correções. De acordo com o Relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio, publicado em 2005, que reuniu 1,36 mil especialistas de 95 países para avaliar o impacto das mudanças ambientais sobre o bem-estar humano, a Terra nunca foi tão degradada como nos últimos 50 anos. Nada menos que 60%, ou 15 dos 24 serviços ecossistêmicos examinados, têm sido usados de forma não sustentável.

Entre 1960 e 2000, período em que a economia global cresceu mais de seis vezes, a demanda ligada a serviços dos ecossistemas – pesca, fornecimento de água, tratamento de resíduos, regulação climática e qualidade do ar – acompanhou o aumento da população. Enquanto esta duplicava, duplicou a extração de água dos rios e lagos e a capacidade hidrelétrica instalada. O volume de água confinada em diques quadruplicou e o de água retida nos reservatórios já é de três a seis vezes maior do que o dos cursos d’água naturais. Quanto à produção de alimentos, cresceu 2,5 vezes; a produção de madeira de corte aumentou mais de 50% e a exploração de madeira para papel e celulose triplicou.

Desde 1750, a concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera aumentou 32%, sobretudo em decorrência da combustão de combustíveis fósseis e mudanças no uso do solo. Quase 60% desse aumento foi registrado a partir de 1959. De 1945 em diante, mais terras foram convertidas em lavouras do que nos séculos 18 e 19 juntos. A atividade agrícola já absorve quase 70% de toda a água usada no mundo. Florestas, savanas e manguezais estão desaparecendo em ritmo alarmante. Com a rarefação da cobertura vegetal, o número de espécies da flora e da fauna entrou em declínio veloz, aponta o estudo. Nos últimos séculos, a taxa de extinção aumentou mil vezes em comparação com outras taxas históricas.Segundo o ecólogo sueco Johan Rock- ström, estamos diante do sexto maior evento de extinção de espécies da história da Terra (o primeiro foi a extinção dos dinossauros no período Terciário, que levou à ascensão dos mamíferos). De 10% a 30% das espécies de mamíferos, aves e anfíbios começaram a desaparecer.

Outro levantamento – o Relatório Planeta Vivo 2010, publicado pela organização ambientalista World Wildlife Fund (WWF) – indica que, nos últimos 40 anos, o mundo perdeu 30% de sua biodiversidade. Nos países tropicais – entenda-se Brasil e a Amazônia em particular –, a ferida é mais profunda e sacrificou quase 60% da fauna e flora originais. Comparativamente à última medição do Índice Plane- ta Vivo (IPV), que monitora a saúde de 8 mil populações de mais de 2,5 mil espécies desde 1970, as conclusões são mais preocupantes: a ação antrópica (derivada do homem) está superando a biocapacidade do planeta em 50%, o que significa que devastamos em um ano o que os ecossistemas demoram 18 meses para repor.

Valoração em alta

 

Se nos contos de fada a biodiversidade representava a mesa farta que provê a vida ao homem, nos manuais de subsistência atuais ela nos obriga a aprender a viver. Diante dos flagelos ambientais que a era pós-industrial impõe ao planeta, a humanidade precisa aprender a tratar o ambiente como um organismo vivo exposto a uma doença. Mais: entender que desse metabolismo em reequilíbrio depende seu bem-estar e sobrevivência. Ainda não deixamos de interferir em paisagens intactas e de dizimar florestas primárias, premidos pela necessidade de alimentar sete ou nove bilhões de bocas. Mas, ao menos, já plantamos a semente do basta.

A mudança é sutil, se comparada à gravidade dos números da degradação ambiental, mas ainda assim é uma inflexão importante: o homem percebeu que, por trás de nomes científicos de espécies que nunca verá, se encontra sua própria salvação. Ou, como explica Lovejoy, por trás do veneno de uma Lachesis muta, serpente conhecida no Brasil como surucucu, está a fórmula da regulação da pressão arterial dos hipertensos. Da mesma forma, “enquanto o caramujo rosado garantiu a cura da doença de Hodgkin, aprendemos que uma substância química da saliva das sanguessugas se presta a dissolver coágulos de sangue durante cirurgias, e que a casca do teixo-do-pacífico oferece es- perança às vítimas de câncer de ovário”, escreveu o entomologista Edward Wilson no livro best-seller de 1992, A Diversidade da Vida. “É por isso que se deve zelar pelos recursos naturais do globo.”

Mas não só por isso. O homem constatou que os custos econômicos da extinção da biodi- versidade e do desmatamento são sempre altos e aprendeu a atribuir valor aos recursos naturais que ainda restam à sua volta, ressalta o ecólogo brasileiro José Galizia Tundisi, do Instituto In- ternacional de Ecologia: “Áreas protegidas com mananciais de boa qualidade precisam de pou- co investimento em tratamento. Cerca de R$ 3 por mil metros cúbicos de água tratada, no má- ximo. Mas, quando há desmatamento e degra- dação dos mananciais, esse custo pode chegar a R$ 300 por mil metros cúbicos.”

O homem aprendeu que o colapso da pes- ca de bacalhau em Newfoundland, Canadá, em 1992, em consequência da superexploração, resultou na perda de milhares de empregos e custou pelo menos US$ 2 bilhões em seguro-desemprego. Compreendeu que o surgimento de algas nocivas em zonas costeiras, como na Itália, em 1989, também por ação antrópica de- senfreada, acarreta prejuízo de US$ 10 milhões ao setor de aquicultura e elimina US$ 11,4 milhões de receita da atividade turística nacional. E descobriu que inundações provocadas por erosão do solo causam epidemias de cólera na Somália, Tanzânia ou em Moçambique. Desmatamento desenfreado
Segundo o estudo Planetary Boundaries, coordenado por Rockström na Universidade de Estocolmo, neste meio século, mais do que ultrapassar três das nove fronteiras planetárias tidas como “espaço operacional seguro para a humanidade”– clima, biodiversidade e poluição de fósforo e de nitrogênio –, o que o homem fez foi rever conceitos.

Um deles é o mito da Amazônia. O desmatamento da floresta se tornou efetivo entre os anos 1960 e 70, quando, em plena ditadura militar, o presidente Emílio Médici promoveu “a integração nacional”, doando “terra sem homens para homens sem terra”. Considerada improdutiva, e assombrada pelo fantasma político da Revolução Cubana, que instalou campos de guerrilha nas florestas do Pará, a Amazônia passou a ser sistematicamente degradada. Diante de suas intermináveis distâncias e da ausência de mercados, prosperaram as atividades produtivas mais autossuficientes e toscas: de madeira, garimpo, mineração e pecuária.
Resultado: entre 1972 e 2012, a taxa de desmatamento passou de 1% para 18%. Grandes rodovias, como a Transamazônica, flanquea- ram o sacrifício de matas e sua fauna. Entre os anos 1970 e 1980, a média anual de desma- tamento chegou a 19.840 quilômetros quadrados – uma área equivalente à de Israel. O mundo considera o Brasil um insaciável destruidor de florestas.
O impacto sobre o banco das espécies vivas pode ser medido pelo fato de uma única árvore amazônica abrigar 1,7 mil tipos de invertebrados, de formigas a aranhas, de abelhas a besouros. Só 10% dessa biodiversidade foi catalogada pela ciência, enquanto é das florestas tropicais que provêm 25% de todas as substâncias usadas no tratamento de câncer, segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA. Queimamos um banco central de inovações químicas.

Não por acaso, entre as riquezas imediatas, a floresta escondia o maior garimpo a céu aberto, Serra Pelada, no Pará, para o qual afluíram, no auge da corrida pelo ouro, nos anos 1980, 100 mil garimpeiros, para trabalhar em condições subumanas de higiene e trabalho, poluindo de forma irreversível a água e o solo. Nesse mesmo período, obras faraônicas, como as hidrelétricas de Tucuruí, sobre o Rio Tocantins, e de Balbina, perto de Manaus, foram construídas inundan- do florestas sumariamente.
Economias toscas geram relações sociais correspondentes. Nos anos 1990, ainda estarrecida com a repercussão do assassinato de mais um líder sindical rural, o seringueiro Chico Mendes, em 1988, a Amazônia assistiu a uma nova e assustadora expansão predatória da pecuária. Entre 1990 e 2007 seu rebanho bovino passou de 26,6 milhões para 70 milhões de cabeças. O ano de 1995 testemunhou um recorde histórico: 29.059 km2 desmatados.
A década culminou com a realização da Eco- 92, no Rio de Janeiro, um divisor de águas na emergência do eco- logismo e da susten- tabilidade. No Rio, finalmente, “a biodiversidade foi elevada ao status de problema internacional”, nota Lovejoy.


Urgência urgentíssima

Cada vez mais pressionado pela comunidade internacional, o Brasil registrou avanços desde então: a demarcação de terras indígenas ganhou fôlego – em 1972, havia 200 mil índios; hoje, eles são 900 mil –, enquanto as unidades de conservação também se multiplicaram pelo País, totalizando, em 2010, 1.174.258 km2 ou 23,5% do território, contra 28.087 km2 nos anos 1970. Uma conquista, sem dúvida. Apenas 13% da superfície de terra do planeta e 7% dos mares costeiros estão protegidos.

O novo milênio trouxe à Amazônia feições mais civilizadas: com 24 milhões de habitantes e taxa de crescimento superior à média nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE), a região é hoje alvo de políticas de maior controle do agronegócio, da mineração, da pecuária e da exploração de madeira. O desmatamento caiu de 29 mil km2 para 7 mil km2 – outra notável conquista.

Recentemente, porém, o modelo imediatista parece ter ganho contornos sombrios com a atual revisão do Código Florestal, que propõe uma legislação ambiental mais branda, para surpresa da comunidade científica. O biólogo Carlos Joly, criador do Programa Biota, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), considera a mudança em curso o “pior revés ambiental da história do País em meio sé- culo, com severas e irreversíveis consequências para muito além das suas fronteiras”.

A morte da Floresta Amazônica pode estar na próxima esquina, admite Lovejoy. “O Banco Mundial encomendou um estudo para avaliar a possibilidade de a chamada região do Arco do Desmatamento (que atravessa Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre) desaparecer em decorrência de um aumento de 2,5°C na temperatura do planeta, associado a incêndios e desmatamentos. Os resultados sugerem que o gatilho pode ser uma taxa total de desmatamento de 20%. Atualmente, o índice é 18%.” O biólogo americano não está preocupado com acusações de catastrofismo: “Se a temperatura do planeta realmente subir mais do que 2oC, a Terra mer- gulhará realmente na sexta maior extinção em massa da sua história.”

Engana-se quem projeta a tragédia para um futuro muito distante. Todas as autoridades científicas são unânimes em situá-la entre os próximos 50 e 100 anos, se o atual padrão de destruição for mantido. Se, na maratona pela preservação da sua espécie, o homem mal começou a correr e a se questionar, pergunta-se, antes de mais nada: vai dar tempo?

Fonte:  http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/meio-ambiente/um-mundo-e-o-bastante