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domingo, 18 de setembro de 2011

Trabalhador Criativo e Empreendedor Criativo:

 
Diferenças, semelhanças e desafios.
*Por Johnson Sales

O Trabalhador Criativo, geralmente não consegue apreender todo o conteúdo de sua produção: Sites de busca, redes sociais, blogs, empresas de internet, de comunicação e de telefonia entre outras, apoderam-se do fluxo de informação gerado por seus usuários, que produzem, copiam, colam, sistematizam, adequam e compartilham conteúdos de forma colaborativa e na maioria das vezes, gratuita. 

Para muitos, a flexibilização do direito autoral e das patentes da produção criativa, aliados á livre produção colaborativa e á circulação gratuita de produtos e serviços, são tratadas como campo de militância e opção ideológica e como adesão a uma espécie de socialismo baseado em redes.

Mas se por um lado, a economia criativa possibilita o rompimento com a avareza e o liberalismo, aspectos clássicos do capitalismo. Por outro lado, se os Trabalhadores Criativos atuarem de forma desatenta em relação á voracidade e oportunismo do mercado e á regras básicas econômicas; terminarão por fortalecer e financiar as atividades de capitalistas que montam seus negócios e baseiam seus lucros na expropriação dos direitos autorais e patentes da produção criativa. 

Abrir mão indiscriminadamente dos direitos patrimoniais dos produtos e serviços criativos, pode significar o financiamento involuntário de atividades capitalistas predatórias no âmbito da economia criativa; e torná-la tão concentradora, opressora e injusta quanto a economia capitalista convencional. Isso, é claro, dificulta e pode até impedir o desenvolvimento de uma atividade econômica sustentável (no sentido mais amplo) para o setor.

Portanto, um dos grandes, senão o maior, desafio para os Trabalhadores Criativos é encontrar o equilíbrio entre a distribuição gratuita de produtos e serviços de forma não capitalista, por meio de atividades solidárias, colaborativas e cooperativas e o desenvolvimento de um setor econômico baseado na inovação e na criatividade, que consiga praticar Comércio Justo, Economia Solidária, Responsabilidade Social Empresarial e promover a Inclusão Economia e o Desenvolvimento Local Endógeno

É nesse contexto que se insere o Empreendedor Criativo.

O Empreendedor Criativo se diferencia do simples Trabalhador Criativo por apresentar qualidades e capacidades que o possibilitam acessar a parte lucrativa do mercado, e usufruir do valor econômico da sua produção de forma mais organizada e eficiente. O Empreendedor Criativo milita na economia fazendo de suas atividades produtivas e comerciais uma extensão de sua concepção de mundo e de seu posicionamento ideológico.

O Empreendedor Criativo é também um Empreendedor Social.

Um empreendedor social é um "indivíduo com experiência na área social, desenvolvimento comunitário ou de negócios, que persegue uma visão de empoderamento econômico através da criação de empreendimentos sociais voltados para prover oportunidades àqueles que estão à margem ou fora da economia de um país". (Jed Emerson e Fay Twersky, editores do livro "New Social Entrepreneurs: the success, challenge and lessons of Non-Profit Enterprise creation" (The Roberts Foundation, São Francisco, 1996).

Empreendedores sociais têm características semelhantes aos empreendedores de negócios. Porém, diferem-se por priorizar a maximização dos retornos sociais ao invés da maximização do lucro. Empreendedores sociais são executivos do setor sem fins lucrativos que prestam maior atenção às forças do mercado sem perder de vista suas missões (sociais).

O Empreendedor Criativo desenvolve ideias originais e inovadoras e empreende baseado na criatividade, equilibrando sustentabilidade e impacto social positivo. Pode atuar tanto no setor sem fins lucrativos quanto no mercado, sempre pautando sua atuação por valores sociais, ambientais, culturais e ideológicos que ajudam a construir a Economia Criativa como alternativa á economia capitalista tradicional.


*Johnson Sales é Consultor em Economia Criativa e Advocacy da Embaixada Social, Conselheiro Administrativo dos Centros de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (CUCAS) da Prefeitura de Fortaleza, Coordenador de Relações Internacionais do MH2O e Fellow da Rede Ashoka Empreendedores Sociais.