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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O último bastião da estética literária ?




"...repare, são raros os poetas que podem viver de seus livros. Quase todos são professores, ou agentes comerciais, ou trabalham para o estado, e isto faz com que a poesia se tenha mantido pura. Não existe um subgênero que possamos chamar de poesia comercial, como existe nos romances. O poeta sempe está com a guarda a postos e por isso se diz que são o último bastião da estética literária..."  

Citação atribuida a Mahmud Darwich, poeta palestino no livro A Sindrome de ulisses de Santiago Gamboa.



Fragmentos de Goethe


"Que eflúvio distribuis pelo meu corpo exangue!
Tu, Espírito da Terra, aqui de mim tão perto;
Sinto que as forças nascem em franco desconcerto,
Como se um novo vinho escaldasse o meu sangue.
Dá-me força a, no mundo, em louca ansiedade
Trilhar muitos caminhos e a felicidade
Buscar sozinho em meio a tanta tempestade;
Nem temer do naufrágio a mor calamidade!
Há sombras a bailar nervosas em redor.
Da lua, a luz aos poucos lenta desvanece,
Da lâmpada o clarão enfim desaparece,
Fumega tudo em volta! E rubros raios fulgem
Em redor da cabeça! E impiedoso sopra
Do alto um calafrio,
Que me domina e envolve!
Eu sinto, paira em torno o invocado Espírito!
Revela-te! Revela-te!
Ah! Meu coração aflito!
Por novas emoções
Todos os meus sentidos vibram em convulsões!
Meu coração se entrega... é teu, visão perdida,
Surge, surge, embora eu perca a minha vida!"

Fausto Werther de J.W. Goethe


Estética honesta e incorruptível na arte e na literatura (Marx e Engels)



Será possível o autor escrever contra seus próprios preconceitos ou contra suas preferências? A arte e ou a literatura conseguem impor-se perante o artísta e ou autor?

Friedrich Engels acreditava que sim.

Quando escreve a Margaret Harkness, Engels trata do fato de que Balzac, politicamente monarquista e legitimista, fã da monarquia em declínio, exprima nas suas obras uma concepção oposta a suas preferências e simpatias.

"Não há dúvidas de que, em política, Balzac era legitimista. A grande obra que deixou é uma elegia permanente, lamentando a decomposição inevitável da alta sociedade; todas as suas simpatias vão para a classe condenada a desaparecer. Mas, apesar disso, a sátira nunca é tão contundente nem a ironia nunca tão amarga como quando põe em ação, precisamente, os aristocratas, esses homens e mulheres por quem sentia uma simpatia tão profunda."

Balzac, de forma constrastante com suas preferências e posições políticas, apresenta os republicanos como os herois da época. Sobre isso, Engels escreve:

"O fato de Balzac ter sido forçado a ir contra as próprias simpatias de classe e contra seus preconceitos políticos, o fato de ter visto o fim inelutável de seus tão estimados aristocratas e de os ter descrito como não merecendo melhor sorte, o fato de ter visto os verdadeiros homens do futuro no único local onde, na época, podiam ser encontrados - tudo isso considero como um dos maiores triunfos do realismo e uma das características mais notaveis do velho Balzac."

A identificação dessa característica ou de sua significação, foi feita e analisada por Karl Marx e Friedrich Engels que a identificaram como honestidade estética incorruptível, desprovida de vaidade, presente apenas nos escritores e artístas verdadeiramente grandes.

Afinal, alguns dos grandes realistas da história da literatura como Shakespeare ou Goethe, como Balzac, não foram politicamente de esquerda.

Para quem desejar aprofundar-se mais no tema e conhecer mais sobre a visão de Marx e Engels sobre estética, cultura, arte e literatura, recomendo o livro Cultura, arte e literaura-textos escolhidos, da Editora Expressão Popular).

Boa leitura!