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domingo, 10 de junho de 2012

A SECULT e o “Realismo Fantástico” do “Teatro de Operações” das Eleições 2012


Trocas de Secretários pra cá, exonerações pra lá. Jogos eleitorais e declarações pirotécnicas em programas televisivos criados e estreados sob encomenda, não me dizem muito (pra não falar nada). Pseudo esquerdistas voltando suas baterias oportunistas e pautadas no casuísmo contra a esquerda e as forças progressistas simplesmente por sonharem em ocupar o poder, também não me abalam ou preocupam. Isto tudo faz parte do realismo fantástico que corrói os nossos modernos dias de luta. A “direita sangrenta” com seu “terrorismo verbal” e suas máximas preconceituosas e conservadoras que bradam “defender a vida” com o anti-aborto e celebram o assassinato e a morte defendendo a Pena Capital, também em nada surpreendem, mas causam indignação. 

O que surpreende, entristece e preocupa é a forma como se vem tratando a Secretaria da Cultura no Governo do Estado do Ceará. 

Visivelmente penalizada pela falta de prioridade, “raquitismo financeiro”, ausência de um plano estratégico e carência de celeridade; a pasta agora foi tratada como “anteposto”, “casa de passagem”, “ponto de apoio” dos “malabarismos político-eleitorais”.

Antônio Carlos é um dos "melhores filhos de nosso povo". Um dos gratos rebentos da nova constelação politica do Ceará. Digno, culto, compromissado com as mais nobres causas da humanidade e capaz de, como falou o Che: “Sentir no mais profundo de si qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo”.  Um homem assim está à altura do desafio de conduzir a SECULT e as politicas públicas de Cultura de nosso Estado. Disso não tenho a menor dúvida. O que incomoda é o temor de que esse nobre militante tenha sido alocado na Secretaria, não essencialmente para conduzir a política cultural do Estado, mas para colaborar e cooperar no complexo “teatro de operações” da conjuntura político-eleitoral do Ceará e mais especificamente, de Fortaleza.

Se for assim, não sei se a Secretaria suporta tal tratamento. Não sei o que dará para fazer em tão pouco tempo (os jornais falam em um mês) de duração da passagem de Antônio Carlos pela SECULT. A descontinuidade se abaterá sobre o órgão? A celeridade será ainda mais comprometida? Que futuro imediato se gesta para a política cultural do Ceará e do Governo Cid?

Hoje talvez o melhor e mais significativo resultado da Secult seja a articulação em conjunto com mais três secretarias do estado, com as universidades, ONGs, empresas, artistas e produtores culturais da Rede Colaborativa de Economia Criativa do Ceará (E-Criativa). Essa iniciativa “linka” mais fortemente a secretaria com o mundo econômico e inaugura profundas colaborações com o Ministério da Cultura e com várias instituições e órgãos que trabalham a economia criativa e economia da cultura representando o maior esforço já feito no Ceará para trabalhar a cultura como estratégia de desenvolvimento sustentável e instrumento de inclusão socioprodutiva dos cidadãos criativos de nosso Estado.

O que a Economia Criativa e a Rede E-criativa podem esperar desse atual cenário que envolve a SECULT?

São perguntas que em breve começarão a ser respondidas. É um futuro bem próximo que nos reserva emoções, frustações e conquistas como todos os períodos de mudança e ou instabilidade.

De minha parte fica a apreensão e o desejo de que se perenize uma política planejada, eficiente e eficaz para a SECULT e para a cultura do Ceará. Se Antônio Carlos pudesse fazer parte dessa estabilidade seria maravilhoso. Mas suspeito que na conjuntura atual, não seja possível. E então reitero a minha inquietação e a minha aflição.


Johnson Sales.