Trocas de Secretários pra cá,
exonerações pra lá. Jogos eleitorais e declarações pirotécnicas em programas televisivos
criados e estreados sob encomenda, não me dizem muito (pra não falar nada). Pseudo esquerdistas voltando suas baterias
oportunistas e pautadas no casuísmo contra a esquerda e as forças progressistas
simplesmente por sonharem em ocupar o poder, também não me abalam ou preocupam.
Isto tudo faz parte do realismo fantástico que corrói os nossos modernos
dias de luta.
A “direita sangrenta” com seu “terrorismo verbal” e suas máximas
preconceituosas e conservadoras que bradam “defender a vida” com o anti-aborto
e celebram o assassinato e a morte defendendo a Pena Capital, também em nada
surpreendem, mas causam indignação.
O que surpreende, entristece e
preocupa é a forma como se vem tratando a Secretaria da Cultura no Governo do
Estado do Ceará.
Visivelmente penalizada pela
falta de prioridade, “raquitismo financeiro”, ausência de um plano estratégico
e carência de celeridade; a pasta agora foi tratada como “anteposto”, “casa de
passagem”, “ponto de apoio” dos “malabarismos político-eleitorais”.
Antônio Carlos é um dos "melhores filhos de nosso povo". Um dos gratos rebentos da nova constelação politica do
Ceará. Digno, culto, compromissado com as mais nobres causas da humanidade e capaz
de, como falou o Che: “Sentir no mais profundo de si
qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo”. Um homem assim está à altura do desafio de
conduzir a SECULT e as politicas públicas de Cultura de nosso Estado. Disso não
tenho a menor dúvida. O que incomoda é o temor de que esse nobre militante tenha
sido alocado na Secretaria, não essencialmente para conduzir a política cultural
do Estado, mas para colaborar e cooperar no complexo “teatro de operações” da
conjuntura político-eleitoral do Ceará e mais especificamente, de Fortaleza.
Se for assim, não sei se a Secretaria
suporta tal tratamento. Não sei o que dará para fazer em tão pouco tempo (os
jornais falam em um mês) de duração da passagem de Antônio Carlos pela SECULT.
A descontinuidade se abaterá sobre o órgão? A celeridade será ainda mais
comprometida? Que futuro imediato se gesta para a política cultural do Ceará e
do Governo Cid?
Hoje talvez o melhor e mais
significativo resultado da Secult seja a articulação em conjunto com mais três
secretarias do estado, com as universidades, ONGs, empresas, artistas e
produtores culturais da Rede Colaborativa de Economia Criativa do Ceará
(E-Criativa). Essa iniciativa “linka” mais fortemente a secretaria com o mundo
econômico e inaugura profundas colaborações com o Ministério da Cultura e com
várias instituições e órgãos que trabalham a economia criativa e economia da
cultura representando o maior esforço já feito no Ceará para trabalhar a
cultura como estratégia de desenvolvimento sustentável e instrumento de inclusão
socioprodutiva dos cidadãos criativos de nosso Estado.
O que a Economia Criativa e a Rede
E-criativa podem esperar desse atual cenário que envolve a SECULT?
São perguntas que em breve começarão a
ser respondidas. É um futuro bem próximo que nos reserva emoções, frustações e
conquistas como todos os períodos de mudança e ou instabilidade.
De minha parte fica a apreensão e o
desejo de que se perenize uma política planejada, eficiente e eficaz para a
SECULT e para a cultura do Ceará. Se Antônio Carlos pudesse fazer parte dessa estabilidade
seria maravilhoso. Mas suspeito que na conjuntura atual, não seja possível. E
então reitero a minha inquietação e a minha aflição.
Johnson
Sales.