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terça-feira, 17 de setembro de 2019

O Suicídio em Durkheim: alguns apontamentos




 *Reproduzido do BLOG Café com Sociologia.com  https://cafecomsociologia.com/suicidio-emile-durkheim/


O Suicídio em Durkheim: alguns apontamentos*





Durkheim define “suicídio” como toda morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo da própria vítima que esta esteja ciente que produz esse resultado.
“Chaque société est prédisposé à fournir um contingent déterminé de morts volontaires. Cette prédisposition peut donc être l’objet d’une tude spéciale et qui ressortit à la sociologie”. 
Para Durkheim o suicídio é um Fato Social quando trata-se de um conjunto de suicídios em certa sociedade e em certo período; quando é total (que não é a soma de unidades independentes), um fato novo e sui generis. Para ele, as sociedades têm, em cada momento, uma disposição definida para o suicídio.
“A taxa de suicídios constitui, portanto, uma ordem de fatos única e determinada; é o que demonstram, ao mesmo tempo, sua permanência e sua variabilidade. Já que esta permanência seria inexplicável se ela não se devesse a um conjunto de caracteres distintivos, solidários uns com os outros, que, apesar da diversidade das circunstâncias ambientes, se afirmam simultaneamente; e esta variabilidade testemunha a natureza individual e concreta destes mesmos caracteres, uma vez que variam como a própria individualidade social”. (DURKHEIM, 1986, p.14)
Na obra “O Suicídio”, Durkheim buscou identificar as causas sociais de suicídio e os seus tipos. Sua metodologia consistiu, grosso modo, em classificar as causas para categorizar os tipos. Para esse sociólogo, conhecida as natureza das causas podemos deduzir à natureza dos efeitos.
Uma pergunta de Durkheim parece ter sido central em seu estudo: Quais são as situações dos diferentes meios sociais (religião, família, sociedade política, grupos profissionais) em função dos quais o suicídio varia?

Durkheim buscou identificar a relação entre suicídio e religião, examinando a relação entre a taxa de suicídio e as confissões religiosas. Ao comparar alguns países, identificou que nos países católicos a prática do suicídio era menor.

Embora a “natureza dos sistemas religiosos protestantes e católico proibissem o suicídio, Durkheim encontrou alguns elementos importantes para entender a diferença nas taxas dessa prática. Para ele, no Catolicismo o sistema hierárquico de autoridades é mais rígido, as doutrina é pronta e inquestionável, sendo marcada por grande interação e as crenças e práticas são comuns aos fieis. Já no protestantismo existiria pouca hierarquia e uma multiplicidade de seitas, sendo o crente mais autor da sua fé, havendo pouca integração; ou seja, menos crenças e práticas comuns entre eles. Essa menor integração é, para Durkheim, motivado pelo fato do protestantismo admitir um maior livre exame do livro sagrado.

Para Durkheim a causa do livre exame estaria na necessidade da liberdade face à falência das crenças tradicionais (e não o inverso); perda da eficiência das ideias e sentimentos tradicionais irrefletidos para dirigir a conduta, sem um novo sistema de crença comum. Segundo esse sociólogo, o gosto pela instrução se aspira quando as crenças tradicionais se enfraquecem, expandindo o individualismo. Para ele, o gosto pela instrução era maior entre os protestantes. Nesse contexto de crise das tradições, a ciência não é o mal, mas vista como o único remédio. A ciências não teriam influências dissolventes, mas seria a única coisa que teríamos para lutar contra a dissolução de que ele resulta. Durkheim defende que silenciar a ciência não vai restaurar a autoridade das tradições desaparecidas.

No caso específico do papel da religião, o homem comete o suicídio, segundo Durkheim, porque a sociedade religiosa de que faz parte perdeu a coesão.  Argumenta Durkheim que a religião exerce uma ação profilática sobre o suicídio, isso por possuir uma conjunto de crença e práticas tradicionais e obrigatórias, exercendo a função de integração, criando situações coletivas que integram a comunidade. Quanto mais integrada esta, maior sua virtude de preservação.

Para Durkheim, o protestantismo é superior em taxas de suicídios por ser menos integrador. Quanto menos vínculo com outros indivíduos, mais propício ao suicídio estará o indivíduo. Eis ai a dimensão moral do suicídio egoísta destacado por Durkheim.


Durkheim analisa também a relação entre o Judaísmo e o suicídio. Para ele as perseguição contra esse povo foi fonte de fortalecimento da solidariedade, tendo sua identidade fortalecida. O Judaísmo estaria marcado por um corpo de práticas que regulamentam minunciosamente os detalhes da existência, deixando pouco espaço para o julgamento individual. A ciência não teria tido, afirma o sociólogo, um impacto contrário a essa religião, isso porque sua tradição estava muito bem consolidada. Desta forma, o Judaísmo seria uma evidência de que a ciência não destrói a tradição. Os judeus tiveram acesso à ciência e sua tradição continua sólida, argumentava Durkheim.

Durkheim buscou destacar que o suicídio é uma doença da época. Para ele a anomia seria a causa principal. A anomia seria um estado marcado pela falta de regulamentação, paixões ilimitadas, horizontes infinitos e tormento: cenário potencializador da prática de suicídio.

Os sinais de morbidades destacadas por Durkheim foram: necessidades ilimitadas; ultrapassagem infinita dos meios que se torna um fim, descontentamento; ligação tênue com a vida; paixão pelo infinito; situação onde nenhuma conquista vale por si mesmo etc.

De acordo com Durkheim os indivíduos que não acumulam experiências reais, torna-se fracos e diante de um problema real não suportam a pressão, tendendo a cometer suicídio.

Outro elemento potencializador da prática de suicídio são às crises econômicas. Para ele, a crise promove o suicídio por ruptura de equilíbrio, seja de prosperidade ou de pobreza. Mas como explicar que a melhoria da vida leve a uma maior desapego por ela? Para o sociólogo, as necessidades humanas não dependem do corpo; os desejos do indivíduo são ilimitados. Uma sede inextinguível é um suplício perpetuamente renovado. As paixões têm que ser limitadas pela força moral da sociedade que regula e modera as necessidades, atendendo ao bem comum. Para ele, as paixões devem ser limitadas, caso contrário, torna-se um tormento.

Quando a sociedade é perturbada por crises ou mudanças repentinas, a pressão moral perde força, os indivíduos não se ajustam a suas posições, o valor das forças sociais permanece indeterminado, sem regulamentação as ambições são superexcitadas, causando o sofrimento e, consequentemente, crescimento do suicídio. O desenvolvimento da indústria e ampliação indefinida do mercado fortalece o desencadeamento dos desejos e a busca desenfreada por conquistas, o que consequentemente, favorece a ampliação das taxas de suicídios.

O restabelecimento da ordem moral não é possível de forma rápida. Atualizar a educação moral não é algo instantâneo. Por isso, Durkheim se preocupará em reformar o ensino francês: laica, pública, gratuita (organizado pelo Estado que representa o geral e não o particular). Sem uma educação homogênea há uma tendência de anomia (se cada família educasse seus filhos, haveria uma desregulamentação moral).

A causa do suicídio, estaria, grosso modo, na “ausência da sociedade” na vida do indivíduo. O Suicídio egoísta é marcado pela ausência da coesão coletiva, o desprovimento de objetivos e significados. Suicídio anômico é marcado pelo efeito da falta de regulamentação moral que limita as paixões individuais.

Durkheim aborda o papel do casamento sobre as taxas de suicídio. Para ele, o casamento age em sentido contrário sobre o homem e sobre a mulher. Como pais têm o mesmo objetivo, mas como cônjuges os interesses seriam diferentes e muitas vezes antagônicos. Durkheim identificou, por meio da estatística, que só os homens casados contribuem para a maior taxa de suicídio nas sociedades com divórcios frequentes; nestas as mulheres cometem menos suicídio. Como nossa vida depende do quanto estamos integrados à sociedade, o divórcio, para o homem teria um impacto muito grande sobre a prática de suicídio, assim como a maior taxa de suicídio estaria entre os homens solteiros.

Para Durkheim, o divórcio determina o suicídio pelas ações que exerce no casamento. Para ele, o casamento é uma regulamentação das relações entre os sexos, abrangendo instintos físicos e os sentimentos de todo tipo que a civilização enxertou sobre a base dos apetites materiais, regulando toda a vida passional, principalmente o casamento monogâmico. O casamento impõe ao homem uma disciplina salutar (mesmo que o costume lhe dê privilégios que permitem atenuar o rigor do regime). O divórcio enfraquece a regulamentação matrimonial, enfraquecendo a imunidade do homem casado e fazendo com que se aproxime das condições dos solteiros. Durkheim teria identificado que nada disso atinge a mulher (lembrando que a mulher não tem acesso a escola). Estando ela mais próxima da natureza, seus desejos naturalmente são mais limitados. Mais instintiva, segue os instintos em paz e com calma. Sendo ela tradicionalista, regula o comportamento pelos credos estabelecidos, sem grandes necessidades intelectuais. Para o sociólogo os interesses dos sexos são apostos, um precisa de coerção, o outro de liberdade. Para Durkheim (ao contrário da visão comum, que acredita que o casamento protege a mulher e sacrifica o homem), o casamento proporciona proteção ao homem e exige sacrifício da mulher, por isso o divórcio teria um impacto maior sobre o homem e, consequentemente,  levando-o a praticar o suicídio.

Durkheim deixa uma nota de rodapé indicando a existência do suicídio fatalista, que seria aquele causado pelo excesso de coerção. Embora mencionado, o sociólogo não se debruça sobre tal tipo de suicídio.

Fontes
DURKHEIM, E. Le suicide. Paris: PUF, 1986 [1897].
GARCIA, Sylvia Gemignani. Aula do curso de Sociologia I. Universidade de São Paulo/USP. Mai. 2012. (fonte oral).

Nota: * Originalmente publicado em 07 de setembro de 2013 aqui no Blog Café com Sociologia.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Tempo de reflexão: Professor Joatan Freitas conversa com alunos da rede pública sobre Escola Democrática


O professor e historiador Joatan Freitas (do Coletivo Território Criativo) esteve a convite da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (SEDUC) falando para estudantes de escolas públicas na Crede 8 em Baturité. Palestra sobre Escola democrática: instrumentos legais, ouvidoria e mediação. Momento vivo de participação dos atores sociais da escola!





A ação se faz necessária e urgente diante da conjuntura atual em que cada vez mais se mostra imprescindível colaborar com a formação das juventudes para se alcançar um País mais humano, crítico e engajado nas transformações sociais, o que só se alcança com investimentos em capital social e cultural junto às novas gerações. O Território Criativo saúda e apoia essa iniciativa.


Coletivo Território Criativo - O Lugar da Criatividade.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Lançada plataforma "Tempo de Hermes" para fortalecer a Economia Criativa no Ceará



A noite do dia 05 de Setembro de 2019 ficará marcada para a história do Movimento de Economia Criativa do Ceará. O lançamento da plataforma digital "Tempo de Hermes" realizada pela professora Cláudia Leitão e vários colaboradores de peso e relevância para o setor, poderá representar um divisor de águas para o tema no Ceará e no Brasil.

A Rede Colaborativa de Economia Criativa do Estado do Ceará (e-Criativa) e o Coletivo Território Criativo estiveram presentes junto com uma grande quantidade de criativos atuantes em diversos setores da Economia Criativa cearense.


A plataforma, que reúne dados, serviços, oportunidades, e as mais variadas informações importantes e necessárias para o setor, já está disponível na web e pode ser acessada no endereço abaixo (link), onde você pode ainda se cadastrar e ter acesso a todo o conteúdo da plataforma, além de conectar-se a uma grande rede de criativos: https://www.tempodehermes.com.br/
 


Mundos Possiveis.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Qual o motivo de tanto descaso e truculência com o Polo de Lazer do Conjunto Ceará? Entenda!


O descaso do poder público com o Polo de Lazer do Conjunto Ceará é inexplicável, senão por interesses políticos muito perversos. O Polo de Lazer é o coração cultural, criativo, econômico e político da comunidade. Nesse lugar se deram os principais eventos, lutas comunitárias e fatos históricos desse bairro.


O Polo de Lazer é um território rebelde, corajoso, criativo, insubordinado. Talvez por isso mesmo os maus políticos não o suportem. Afinal, o Polo não é "curral eleitoral" de ninguém. Os criativos que atuam no local até interagem com governos, prefeitos, parlamentares, mas sempre de forma autônoma, republicana, cobrando deles as suas obrigações de agentes públicos e sempre deixando claro que são esses sujeitos que devem aderir à comunidade e não o contrário.
Os criativos do Polo de Lazer impediram o leilão do prédio do Centro Cultural Patativa do Assaré e da sede do Coletivo Território Criativo quando a parte neo-liberal do Governo tentou vender, através da COHAB, esse patrimônio histórico do Conjunto Ceará.
Foram esses mesmos agentes criativos que fizeram o Governo mudar o projeto de reforma do polo, adotando uma proposta elaborada pela comunidade com o apoio técnico de estudantes de arquitetura da Universidade Federal do Ceará. 
Quando o governo tentou jogar "no olho da rua", sem nenhum apoio ou garantia de retornar a seus locais de trabalho, dezenas de empreendedores que dependem do trabalho e comércio do Polo para sobreviver, os criativos novamente estavam lá para organizar a resistência e impedir tamanha insensatez.
Dessa forma, o Polo de Lazer foi retomando a tradição de lutas do Conjunto Ceará e desagradando a políticos e governantes autoritários que não suportam que o povo queira participar das decisões sobre o seu próprio destino.

Afinal, os criativos do Polo de Lazer do Conjunto Ceará defendem um planejamento estratégico para o local, com a implantação de um Polo Criativo para fomentar o desenvolvimento sustentável da região com referência na economia criativa e nos talentos criativos dos agentes que frequentam, atuam e trabalham nesse lugar. E essa proposta, de participação popular e auto-organização, assusta a quem imagina que tudo deve virar moeda política e votos, ou ser reduzido a mercadoria e interesses individuais e gananciosos.
E assim, chegamos a esse momento de impasse e apreensão, com o poder publico querendo desocupar o Polo "na marra", sem oferecer nenhuma garantia e ou apoio aos trabalhadores e comerciantes do local, e o povo resistindo e reafirmando a sua autonomia e dignidade. É disso que se trata a luta dos criativos do Polo de Lazer e o S.O.S. Conjunto Ceará.
Defender a Reforma do Polo de Lazer  com respeito e consideração para com os trabalhadores, empreendedores, juventudes e criativos do local, é um ato de resistência e defesa dos direitos humanos e da soberania popular. Se ajoelhar diante dos desmandos do poder público e/ou se associar a interesses politiqueiros e oportunistas é trair essa Comunidade. O momento é de luta e resistência em DEFESA DA REFORMA DO POLO DE LAZER E CONTRA OS IMPACTOS NEGATIVOS DA FEIRA DE CARROS DA PARANGABA, que - transferida pela Prefeitura para o Conjunto Ceará - está invadindo os espaços da comunidade e ameaçando o meio ambiente.










*Reproduzido do Blog Bricolagem Intelectual

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A Governança do Polo de Lazer Convida



Diante dos problemas envolvendo a reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará e a feira de carros transferida da Parangaba para o Bairro sem consultar a comunidade, convidamos os grupos e coletivos culturais, sociais, esportivos e criativos, o poder público, parlamentares e demais setores interessados para debater a situação e buscar encaminhamentos para as demandas. A plenária é parte do Movimento S.O.S. Conjunto Ceará que luta pela autoafirmação e pelo desenvolvimento sustentável do Conjunto Ceará.

Saiba mais em: https://blogmundospossiveis.blogspot.com/2019/08/14-pontos-para-entender-os-problemas.html

Plenária S.O.S Conjunto Ceará (para discutir a Reforma do Polo de Lazer e a invasão de espaços públicos pela feira de carros)
Data: 24 de Agosto, 2019 (Sábado)
Local: Prodecom (por trás da sede do Território Criativo, ao lado do antigo 12º DP, no Polo de Lazer, na primeira etapa)
Horário: 18h.

15 pontos para entender os problemas com a Reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará e a indignação da Comunidade



1.       Por meio de mobilização, campanha nas redes sociais e duas audiências públicas da Câmara de Vereadores de Fortaleza e da Assembleia Legislativa, a comunidade do Conjunto Ceará conquistou, depois de mais de duas décadas, a reforma do Polo de Lazer; 

2.       O Governo apresentou, sem discutir com a comunidade uma proposta de reforma para o local;

3.       A comunidade não concordou e em parceria com estudantes de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará/UFC, apresentou um projeto alternativo, elaborado pela própria comunidade. O Governo cedeu e acolheu as mudanças sugeridas pela comunidade;

4.       O Governador prometeu em praça pública que faria a obra e transformaria o Polo de Lazer, apresentou uma maquete eletrônica e junto com o Prefeito atribuiu a um vereador sem expressão no local e sem identificação com a luta dos criativos do Polo, a responsabilidade pela conquista da obra, revoltando a comunidade;

5.       O Governo do Estado prometeu aos empreendedores locais que realocaria todos em um espaço dotado de infraestrutura e 09 contêineres que ficaria no entorno do Centro Cultural Patativa do Assaré/CCPA até o final da reforma, assegurando o retorno desses empreendedores para os quiosques que seriam construídos pela obra e para outros locais de comercialização, assegurando os espaços para quem já trabalha no polo de lazer;

6.       O Governo não cumpriu as promessas, os contêineres não vieram, não foi dado nenhum documento garantindo a volta dos empreendedores, não foi feito nenhum cadastro oficial por parte do poder público (Governo estadual e/ou Prefeitura de Fortaleza que são aliados na obra) e a obra que deveria durar dez meses, já se aproxima de um ano sem avanços;

7.       A construtora está fazendo intervenções no local sem um projeto e ou planta da obra, de forma que não se sabe se o que ela começa a construir corresponde ao projeto negociado entre comunidade e Governo;

8.       O Governo instalou uma placa que anuncia o valor da obra, mas não diz quando ela começa e termina (ou seja, a obra não tem prazos e nem período de duração) e isto aumenta a incerteza e os temores de quem depende do comercio do Polo de Lazer para pagar as suas contas e honrar compromissos financeiros;

9.       A Prefeitura de Fortaleza passou a atacar os empreendedores e grupos culturais e sociais que atuam no local, mantendo as luzes apagadas e perseguindo os comerciantes com multas e apreensões dos equipamentos dos trabalhadores, tentando assim, desocupar na marra o Polo, sem que sejam cumpridos os acordos firmados entre poder público e comunidade;

10.   A Polícia Militar passou a expulsar os fregueses e as juventudes que frequentam o Polo de Lazer, inclusive cobrando alvarás dos estabelecimentos e mandando os proprietários encerrar as atividades comerciais, causando prejuízos, constrangimentos e estigmatizando o local;

11.   A construtora ocupou o prédio cedido pela comunidade, para sede da obra, com famílias que passaram a residir no espaço e só foram retiradas depois de muita luta da comunidade;

12.   Enquanto o Governo prometeu e não trouxe os contêineres para realocar os empreendedores do Polo nas proximidades do Centro Cultural Patativa do Assaré, no mesmo local a Prefeitura de Fortaleza (aliada do Governo na obra) autorizou a invasão do espaço do CCPA com um contêiner e faz vista grossa para outras ocupações no local e para o loteamento e privatização dos espaços do Polo de Lazer;

 13.   A Prefeitura de Fortaleza transferiu, sem consultar a comunidade, a feira de carros da Parangaba para o Polo de Lazer do Conjunto Ceará, causando prejuízos ao meio ambiente, a invasão de espaços públicos por comerciantes e pessoas de fora do Bairro e gerando atritos com as entidades que atuam no local e tiveram os seus espaços invadidos e ou sufocados pelas invasões que lotam os terrenos com carros e trailers, ameaçam fontes de água e entregam para comerciantes de fora da comunidade vastos terrenos de uso institucional, de preservação e de uso social dos moradores do Conjunto Ceará, além de sufocar o Posto de Saúde Maciel de Brito que se encontra cercado por carros velhos por todos os lados;

14. Ignorância ou negligência da Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado em relação ao "Polo Criativo" (estratégia de desenvolvimento endógeno baseada na Economia Criativa) que vem sendo implantado no local e que responde a muitas demandas relacionadas com o reordenamento, requalificação, planejamento estratégico, identidade e visão de futuro do Polo de Lazer e do próprio Conjunto Ceará;

15.   A obra da reforma do Polo de Lazer do Conjunto Ceará encontra-se abandonada pelo Governo do Estado, enquanto o Polo está sendo loteado por comerciantes e pessoas de fora da comunidade com a anuência da Prefeitura e omissão do Governo do Estado.

Saiba mais em:  http://blogmundospossiveis.blogspot.com/2019/08/comunidade-reaje-contra-transferencia.html

Serviço
Plenária S.O.S Conjunto Ceará (para discutir a Reforma do Polo de Lazer e a invasão de espaços públicos pela feira de carros)
Data: 24 de Agosto, 2019 (Sábado)
Local: Prodecom (por trás da sede do Território Criativo, ao lado do antigo 12º DP, no Polo de Lazer, na primeira etapa)
Horário: 18h. 

Mundos Possiveis.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Comunidade reaje contra transferência da feira de carros da Parangaba para o Conjunto Ceará

A Governança do Polo de Lazer do Conjunto Ceará, que congrega vários coletivos e movimentos sociais e culturais que atuam na região, o Conselho Comunitário do Bairro, juntamente com membros da comunidade se reuniram no dia 17 de agosto para discutir a situação das intervenções do poder público no território. Como muito preocupante foi definida a situação da reforma do Polo de Lazer que se arrasta há aproximadamente um ano sem uma definição, mesmo após o Governador prometer em praça pública a sua execução, e mais urgente ainda foi declarada a necessidade de providências em relação à feira de carros da Parangaba que se mudou para a principal área verde do Bairro por definição da Prefeitura de Fortaleza que, sem consultar a  comunidade, está destruindo a vegetação, aterrando fontes de água e invadindo espaços públicos institucionais que estão sendo entregues a comerciantes de carros de outros bairros, num flagrante ataque aos interesses dos moradores do Conjunto Ceará.

Diante dos abusos da Prefeitura de Fortaleza e da omissão do Governo do Estado, os grupos, coletivos e movimento sociais resolveram convocar uma plenária com os vários setores organizados do Conjunto Ceará, parlamentares com votação na região, órgãos públicos e imprensa para o dia 24 de Agosto (Sábado), 18h na sede do Projeto de Desenvolvimento Comunitário do Conjunto Ceará (PRODECOM).

Na plenária serão discutidos os problemas referentes à transferência da feira de carros da Parangaba para o Conjunto Ceará, a Reforma (paralisada) do Polo de Lazer e a situação de abandono e caos gerada pelas ações autoritárias e unilaterais dos órgãos públicos que insistem em não dialogar com a comunidade e prejudicam o Bairro.

Saiba mais em:  https://blogmundospossiveis.blogspot.com/2019/07/reforma-do-polo-de-lazer-do-conjunto.html


Plenária S.O.S Conjunto Ceará 
Data: 24 de Agosto, 2019
Local: Prodecom (por trás da sede do Território Criativo, ao lado do antigo 12º DP, no Polo de Lazer, na primeira etapa)
Horário: 18h. 

Mundos Possiveis.

sábado, 17 de agosto de 2019

Sobre a sofrida reforma (ainda parada) do Polo de Lazer do Conjunto Ceará: Quem a conquistou foi a comunidade através dos movimentos culturais e sociais


O ano era 2018 e até agora a comunidade ainda espera por uma obra que se arrasta e segue indefinida. Mas mesmo assim, é necessário (para afastar oportunismos) creditar à comunidade a conquista desta importante intervenção governamental no coração criativo do Conjunto Ceará.

Convite reunião emergencial em defesa da reforma e do Polo de Lazer do Conjunto Ceará

Governança do Polo de Lazer do Conjunto Ceará convida para reunião emergencial que discutirá a situação da reforma e as constantes agressões do poder público à comunidade. Agora, estão invadindo áreas verdes e terrenos públicos com centenas de carros removidos da feira da Parangaba que começam a invadir os espaços no Polo de Lazer causando agressões ao meio ambiente, ameaça à saúde dos moradores, e privatizando o espaço público e comunitário.

Reunião de emergência
Local: Prodecom (por trás da sede do território criativo, ao lado da delegacia (12 DP), no Polo de Lazer, primeira etapa do Conjunto Ceará. 
Data: 18 de Agosto (Domingo) 2019.
Horário: 16h.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Negligência com reforma do Polo de Lazer pode levar Governo e aliados a grande derrota no Conjunto Ceará


A comunidade do Conjunto Ceará tem uma longa tradição de lutas e resistências em defesa da sua autonomia, qualidade de vida e desenvolvimento. Os mais antigos e bem informados sabem que toda a infraestrutura do bairro foi conquistada pelo movimento social na década dos anos 1980, com mobilização popular, idas a Brasília e articulações com o Mandato de Maria Luiza Fontenele, então prefeita de Fortaleza pelo partido dos trabalhadores. Outras gerações lembrarão da grande derrota que essa comunidade impôs ao Governador Tasso Jereissati, do PSDB, quando o fez voltar atrás na decisão de passar linhas de alta tensão pelas avenidas do Conjunto Ceará, jornada de mobilizações conhecida localmente como, “Luta contra o Linhão da Morte”. Mais recentemente a vitória comunitária foi contra a ala neoliberal do governo de Camilo Santana (PT) quando a Secretaria do Planejamento e Gestão/SEPLAG tentou, através da Companhia de Habitação do Ceará/COHAB-CE, leiloar os prédios do Centro Cultural Patativa do Assaré e do Território Criativo, localizados no polo de lazer. Polo este, que teve uma reforma conquistada pela luta dos movimentos sociais e culturais do Bairro junto ao próprio governo Camilo. Isto após a realização de uma grande campanha e até de uma audiência pública com Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores de Fortaleza em pleno Polo de Lazer, exigindo a sua reforma e requalificação.

No entanto, os poderes públicos parecem desconhecer ou ter esquecido a tradição de lutas do Conjunto Ceará, e desavisadamente vêm pondo em teste a força dos movimentos sociais e culturais desta comunidade. A “bola da vez” é a reforma do polo de lazer. O imbróglio já começou no anuncio da obra pelo governador e pelo prefeito de Fortaleza, com ambos atribuindo a conquista da reforma a um vereador pouco expressivo e sem nenhuma relação com os movimentos sociais e culturais que de fato a conquistaram. O problema se agravou com o descumprimento por parte do Governo estadual de promessas e acordos firmados com os empreendedores e coletivos que atuam e trabalham no local, para que os mesmos desocupem o Polo para que aconteça a obra. E o problema chega ao ápice com a Prefeitura de Fortaleza (parceira do Governo do Estado na reforma) lançando uma brutal onda de perseguição contra os empreendedores, coletivos e juventudes locais, através da Agência de Fiscalização da Prefeitura (AGEFIS), que multa, recolhe equipamentos e humilha os empreendedores e criativos do polo de lazer. E o Governo do Estado silencia e não aponta solução para os impasses ou para a continuidade da reforma.

Mas a comunidade continua aguerrida, os movimentos sociais continuam mobilizados e os empreendedores cada vez mais dispostos a resistir aos desmandos governamentais. Portanto, o Governo parece fazer uma aposta delicada ao negligenciar a situação envolvendo a reforma do polo de lazer do Conjunto Ceará. Estamos aparentemente caminhando para mais um grande enfrentamento entre comunidade e poder público. E historicamente, os resultados não têm sido bons para os governos quando estes ameaçam a dignidade, qualidade de vida e o desenvolvimento do Conjunto Ceará.

O Governo Camilo Santana, tudo indica, vem gastando, de forma imprudente, o capital social e o crédito que detém junto a importantes movimentos do Conjunto Ceará (boa parte deste crédito conquistado pela ação do governador em barrar a venda dos prédios históricos da comunidade pela SEPLAG e COHAB e por atender as reivindicações de reforma do Polo). A paciência dos coletivos parece estar chegando ao fim devido a omissão e o trato descuidado dos agentes governamentais em relação ao Bairro. E o Polo de Lazer do Conjunto Ceará pode acabar se tornando uma espécie de “Vietnam” para o Governo do Estado e Prefeitura, logo na véspera da próxima eleição para prefeito de Fortaleza. Aos círculos de relação do Palácio da Abolição e do Paço Municipal,  fica a dica.


*foto retirada do sitio Fortaleza Nobre.

 Mundos Possíveis.