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sábado, 14 de abril de 2012

Planeta dos Macacos à luz da Historia. E aí Humano, vai encarar?


Lutando entre iguais

Novo 'Planeta dos Macacos' discute a violência na contemporaneidade. Em cena, a luta das minorias se estabelece dentro de uma batalha pela aceitação social e respeito mútuo entre as diferentes identidades

Nashla Dahas 12/4/2012
 
 

Objetos de estudo e curiosidade podem ser repetidos, mas o olhar sobre eles definitivamente não. A afirmação é válida para a História, enquanto disciplina cotidianamente reconstruída à luz dos problemas que se apresentam aos homens com o passar dos tempos. Mas é legítima também para as artes, em especial para o cinema, modalidade invariavelmente completa: imagens, discursos e textos, músicas inesquecíveis e atuações assustadoramente semelhantes ao real. Não seria difícil escolher em qual destes aspectos Planeta dos macacos: a origem foi mais bem sucedido.


Em 1968, a versão de Franklin J. Schaffner levou às telonas a aterrissagem de um grupo de astronautas em planeta desconhecido e habitado por macacos inteligentes que tornaram os homens escravos e cobaias de experimentos, tal como ratos. Eram tempos de guerra fria e de revolução cultural. À violência das guerras e ditaduras espalhadas pelo mundo em nome do progresso e do desenvolvimento, o filme respondeu com o sutil escárnio do entretenimento. A vitória não era do herói capitalista e democrático, ou do revolucionário socialismo libertador, triunfavam os macacos, considerados por um e outro lado do globo como raça inferior. A subversão estava também no cinema, e assustava tanto quanto na vida real.

No Brasil, em momento de recrudescimento da ditadura militar, o “gorila” tornava-se uma das principais armas discursivas recorrentemente usadas pelas esquerdas para atacar os seus adversários. Na tradução da metáfora de aceitação popular da época, as direitas no poder possuíam grande semelhança com o símio: brutalidade, estupidez, atraso e mesmo burrice, mas venciam pela força, pela repressão, pela censura. Anos antes, na década de 1950, o gorila já havia sido usado pelas esquerdas peronistas para atacar seus inimigos fardados. Tratava-se de um rebaixamento grotesco, de um deboche humilhante representar o outro, nestes casos considerados opressores, como um animal, uma verdadeira besta.


Imagem do filme O Planeta dos Macacos, de 1968    
 Humildade que choca Ao assistir o novo Planeta, em 2012, é curioso pensar como o gorila, ainda visto entre os seus e entre os humanos, como símbolo maior de força e brutalidade, é o principal aliado de César, o chimpanzé inteligente, em sua revolução. Pelo novo amigo, que o libertou do aprisionamento, o gorila oferece sua vida em sacrifício e compõe cena que provoca mais compaixão, ternura e desesperadora identificação, do que medo. A discussão da violência não tem o mesmo apelo dos anos de 1960, e em parte banalizada, perdeu o posto de questão central. O apelo está na humildade, do latim, húmus, terra, referência ao que se situa abaixo, característica de quem, ao menos diante da projeção na telona, não se sentirá raça superior. A humildade sim, choca.
Na nova versão, escrita por Rick Jaffa e Amanda Silver, James Franco, jovem galã de talento reconhecido em Hollywood, vive um cientista à procura de uma cura para o mal de Alzheimer do pai. A descoberta de um tipo de vacina de inteligência que ajuda na recuperação da doença é testada no 


protagonista símio, César, em homenagem a Júlio César, o Imperador romano. Certamente, a honraria é retribuída ao longo da saga dos macacos em busca de liberdade. O recrutamento e a organização do exército e das estratégias de luta há de lembrar o mais conhecido dos chefes militares da Roma Antiga, vencedor nos campos de batalha e na memória política, dilacerado por razões e conspirações pessoais emblematicamente representadas pela frase “Até tu, Brutus?”.
Como num sopro gigante, daqueles cujas forças vem da ponta dos pés e do fundo da alma, César, o macaco, pronuncia sua primeira palavra: Não! Não à civilização? À dominação? O conflito do símio contemporâneo parece ir além da lealdade marcada pelo gesto de estender a palma da mão, levemente acariciada quando a resposta é uma permissão. A discussão desloca-se para um aspecto mais identitário, de inclusão ou exclusão, de um pertencimento que não se liga exclusivamente a raça, cor, aparência física, ou grau de inteligência, mas associa-se, sobretudo, ao olhar acolhedor, ao se sentir em casa independente do lugar de origem ou da família de sangue.

A guerra muda de foco
O raciocínio humano adquirido pelo animal não o faz autoritário, arrogante, ou o afasta dos espécimes “burros”. Não é este o critério decisivo para a escolha que pauta o destino do personagem. O caminho da selva é a opção do reconhecimento como igual, que proporciona liberdade e estima longe dos olhares constrangedores e constrangidos. Diferente dos anos de 1960, quando ainda havia alternativas ao modo de viver democrático, ocidental, liberal, e por que não, judaico-cristão, talvez a necessidade de criar e redefinir identidade e ideologia individuais nos dias de hoje seja a questão em causa. Não sem suas razões, guerras étnicas e religiosas insistem em perturbar a humanidade do mundo global.
Por fim, é preciso mencionar as atuações impecáveis do elenco humano do filme. James Franco, Freida Pinto e John Lithgow compreendem a função e o sentido de seus papeis. Gentilmente, suas interpretações cedem espaço aos macacos e posicionam-se no limite entre a perfeita naturalidade e a displicência. Destaque para John Lithgow, o pai doente do cientista, que carrega o peso de demonstrar toda a vulnerabilidade do homem, prestes a perder exatamente aquilo que lhe distingue dos animais. Coerente, não?


Fonte:  http://www.revistadehistoria.com.br/secao/cine-historia/lutando-entre-iguais

A violência nunca foi menor no mundo

 por Rogerio Waldrigues Galindo

Steven Pinker está lançando um livro que o New York Times chamou de "supremamente importante".

  
Steven Pinker é autor de vários livros, entre eles Tábula Rasa

O livro se chama "The better angels of our nature" (em tradução livre, "Os melhores anjos de nossa natureza"). E o subtítulo diz: "Por que a violência diminuiu".
Peter Singer diz que o subtítulo nem faz juz ao livro. Pinker, diz ele, fala sobre muito mais coisas importantes.
"Os seres humanos são essencialmente bons ou maus? O século passado viu um progresso moral ou um colapso moral? Nós temos razão para ser otimistas em relação ao futuro?"
E ele continua, em sua resenha.
"Se esse parece um livro que você iria querer ler, tem mais. Em 800 páginas recheadas de informações, Pinker também discute um leque de questões mais específicas. Aqui vai uma amostra: O que nós devemos ao Iluminismo? Há uma ligação entre o movimento pelos direitos humanos e a campanha pelos direitos dos animais?"
"Por que as taxas de homicídio são maiores nos estados do sul do que nos estados do norte deste país? Tendências agressivas são hereditárias? A redução da violência em sociedades específicas poderia ser atribuída a mudanças genéticas de seus membros?"
"Como o QI de um presidente se relaciona com o número de mortes em batalha nas guerras em que os Estados Unidos está envolvido? Estamos ficando mais inteligentes? Um mundo mais inteligente é um mundo melhor?"
Parece o suficiente para um livro, não? Mas o tema central, realmente, é a diminuição da violência. E dizem que Pinker reuniu dados de vários tipos para provar que nunca as taxas de mortes violentas foram tão baixas como hoje.
Depois de estatísticas, que vão desde esqueletos de sociedades primitivas até dados do mundo contemporâneo, entra a tentativa de explicação. Qual seria o motivo?
Ao que parece (o livro nem saiu por aqui. E vai saber quanto vou demorar para ler...) Pinker apresenta várias possibilidades.
A que parece ser a favorita dele, segundo o Times, é a de que, em nossa sociedade, mais letrada, teríamos aprendido a ser mais racionais. E, se esperamos que os outros não nos causem um fim violento, teríamos aprendido que o melhor caminho é adotar a mesma prática com os outros.
No mínimo, interessante.

Fonte:  http://www.gazetadopovo.com.br/blog/diadeclassico/?id=1178615&tit=ideia-da-semana--a-violencia-nunca-foi-menor-no-mundo