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segunda-feira, 3 de julho de 2017

E a irracionalidade, redime?


Nós somos uma nação fantástica, um povo especial, sobretudo, porque entre nós, a racionalidade ocidental não conseguiu se instalar por completo. Pode haver esperanças advindas das éticas desviantes que influenciam o nosso agir. Talvez aqui, mais do que em qualquer outro lugar do mundo, se mostre adequada a noção nietzschiana de“vontade de potência”.

A cordialidade exposta por Sergio Buarque de Holanda, nos representa como "aventureiros", desviantes da "ética do trabalho", resistentes ao "espírito do capitalismo" desnudado por Max Weber,  outsiders numa perspectiva de Becker, em relação ao positivismo europeu. 

E se a moral, também puder ser vista, em certo sentido, como contenção, como limitante das potencialidades e das possibilidades humanas, e a ética puder ser entendida como ferramenta de tensionamento desta, e como originária das profundidades, nascida de pulsões nunca pacificadas que fundam valores e homens?

Se for assim, há esperanças brotando da nossa cordial irracionalidade. E o atual momento poderá ser entendido na beleza da sua destruição criadora.

São escolhas sociológicas de ângulos  de olhares, de alternativas de análises. São caminhos antropológicos que intencionam a inscrição na opção pela "Antropologia das teorias nativas", para corroborar o pensamento de Antonádia Borges.

São reflexões que se pretendem fora, ou tentando sair, da "caixa". Afinal, nesses tempos difíceis que nos pedem - como revelou Pierre Bourdieu - "Sociologia como esporte de combate", refrigerar o pensamento e experimentar novas dimensões de criatividade sociológica, nos parece conveniente.

* Fonte da foto: Internet.

Sousa. M.J.S.