Eles poderiam estar no Facebook
ou vendo as notícias pela TV, mas, em vez disso, alguns adolescentes
preferiram sair às ruas e engrossar o coro dos descontentes. Alguns
saíram preparados para um possível confronto com a polícia e levaram seu
kit protesto, munido de vinagre e materiais de primeiros socorros.
Outros foram atiçados pela curiosidade e preferiram manter uma certa
distância, adotando uma postura de espectadores. No entanto, todos têm
em comum o fato de ser jovens e o desejo de mudar a cidade.
Leandro Gonçalves, 18 anos: “A gente é feito de palhaço pelos governantes”
Vestindo um blusão preto e uma calça jeans, o jovem, que está estudando para prestar vestibular para Direito e veio do Campo Limpo, na zona sul, para participar da manifestação, estava preparado para um possível confronto com a polícia. “Trouxe água, vinagre e primeiros socorros”, mostrou o estudante, abrindo a mochila. Esta é a segunda vez que ele vai a um ato e, na primeira vez, na terça-feira (11), a passeata foi marcada por novas amizades. “Conheci bastante gente da Unifesp e hoje vou encontrar um pessoal da USP”, explicou. A bandana molhada com vinagre, que ajuda a cortar o efeito do gás lacrimogêneo, já estava na mão, junto com o apito. “Para fazer barulho”, disse. E o nariz vermelho? “É que a gente é feito de palhaço pelos governantes”, falou categoricamente. Após responder as perguntas da reportagem, o rapaz pediu, antes de se afastar: “Mostra que aqui tem gente de bem, que nós não somos vândalos”.
Vestindo um blusão preto e uma calça jeans, o jovem, que está estudando para prestar vestibular para Direito e veio do Campo Limpo, na zona sul, para participar da manifestação, estava preparado para um possível confronto com a polícia. “Trouxe água, vinagre e primeiros socorros”, mostrou o estudante, abrindo a mochila. Esta é a segunda vez que ele vai a um ato e, na primeira vez, na terça-feira (11), a passeata foi marcada por novas amizades. “Conheci bastante gente da Unifesp e hoje vou encontrar um pessoal da USP”, explicou. A bandana molhada com vinagre, que ajuda a cortar o efeito do gás lacrimogêneo, já estava na mão, junto com o apito. “Para fazer barulho”, disse. E o nariz vermelho? “É que a gente é feito de palhaço pelos governantes”, falou categoricamente. Após responder as perguntas da reportagem, o rapaz pediu, antes de se afastar: “Mostra que aqui tem gente de bem, que nós não somos vândalos”.
Christian*, 15 anos: “Falei para minha mãe que estou na biblioteca”
Meio tímido entre os manifestantes, o adolescente parecia tenso, com as mãos sempre nos bolsos do casaco e olhando ao redor a todo momento. Esta é a primeira vez que ele participa de um ato contra o aumento da tarifa e está no lugar sem a autorização de seus pais. “Falei para a minha mãe que estou na biblioteca”, disse Christian. “Ela não sabe e eu não vou contar para ela. Ela me proibiria de vir”. O garoto, que não quis ser fotografado, tomou a decisão de participar da passeata repentinamente. “Vim de improviso, vim normal, como eu vou para a escola todos os dias”, afirmou.
Meio tímido entre os manifestantes, o adolescente parecia tenso, com as mãos sempre nos bolsos do casaco e olhando ao redor a todo momento. Esta é a primeira vez que ele participa de um ato contra o aumento da tarifa e está no lugar sem a autorização de seus pais. “Falei para a minha mãe que estou na biblioteca”, disse Christian. “Ela não sabe e eu não vou contar para ela. Ela me proibiria de vir”. O garoto, que não quis ser fotografado, tomou a decisão de participar da passeata repentinamente. “Vim de improviso, vim normal, como eu vou para a escola todos os dias”, afirmou.
Carolina Simphrorio, 17 anos: “Minha mãe não aprova, mas não impediu”
Era a primeira vez que Carolina participava de um dos atos do Movimento Passe Livre e dava para perceber uma ponta de ansiedade. “Estou nervosa com o governo, só isso”, ela explicou. A garota, que vai prestar vestibular para Relações Internacionais, foi ao protesto contra a vontade de sua mãe. “Ela não aprova, mas não me impediu de vir”, disse. “Eu já tive uma experiência com spray de pimenta e ela não gostou nem um pouco”, contou, se referindo ao tumulto que aconteceu no ano passado, na entrada para um show do Franz Ferdinand. Contrariando as orientações dos organizadores, que pede para os manifestantes irem aos atos usando calças e blusa compridas para se protegerem de estilhaços, Carolina estava usando calça jeans e uma frágil regata. A toalha com vinagre, no entanto, já estava bem segura na mão junto com o apito.
Era a primeira vez que Carolina participava de um dos atos do Movimento Passe Livre e dava para perceber uma ponta de ansiedade. “Estou nervosa com o governo, só isso”, ela explicou. A garota, que vai prestar vestibular para Relações Internacionais, foi ao protesto contra a vontade de sua mãe. “Ela não aprova, mas não me impediu de vir”, disse. “Eu já tive uma experiência com spray de pimenta e ela não gostou nem um pouco”, contou, se referindo ao tumulto que aconteceu no ano passado, na entrada para um show do Franz Ferdinand. Contrariando as orientações dos organizadores, que pede para os manifestantes irem aos atos usando calças e blusa compridas para se protegerem de estilhaços, Carolina estava usando calça jeans e uma frágil regata. A toalha com vinagre, no entanto, já estava bem segura na mão junto com o apito.
William Rossi, 16 anos: “Vim direto do colégio”
O uniforme de uma conhecida rede de colégios se destacava entre os manifestantes já encapuzados. “Eu vim direto da escola”, explicou William, que está no ensino médio. Na primeira vez que participou de um ato, o garoto não estava usando lenços para se proteger do gás lacrimogêneo e nem tomou nenhuma outra precaução. “Eu não me preparei porque não sabia que eu ia participar. Vi no Facebook e vim”, contou. Quando foi perguntado se a mãe dele sabe, ele responde simplesmente: “Não sei”. Como assim? “Eu mandei uma mensagem para ela dizendo que estava vindo, mas não sei se ela viu”, explicou. Ainda assim, William não deixou que a reportagem tirasse uma foto de seu rosto ou de seu uniforme.
O uniforme de uma conhecida rede de colégios se destacava entre os manifestantes já encapuzados. “Eu vim direto da escola”, explicou William, que está no ensino médio. Na primeira vez que participou de um ato, o garoto não estava usando lenços para se proteger do gás lacrimogêneo e nem tomou nenhuma outra precaução. “Eu não me preparei porque não sabia que eu ia participar. Vi no Facebook e vim”, contou. Quando foi perguntado se a mãe dele sabe, ele responde simplesmente: “Não sei”. Como assim? “Eu mandei uma mensagem para ela dizendo que estava vindo, mas não sei se ela viu”, explicou. Ainda assim, William não deixou que a reportagem tirasse uma foto de seu rosto ou de seu uniforme.
'Repressão brutal' de PM foi 'desvio perigoso', diz Repórteres Sem Fronteiras
Responsável pelas Américas da Repórteres Sem Fronteiras disse que vai pedir às autoridades brasileiras para realizarem uma investigação sobre as violências cometidas
A "repressão brutal" de jornalistas nos recentes protestos em São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público representa, na avaliação da ONG Repórteres Sem Fronteiras, "um desvio repressivo perigoso" e também uma ameaça à liberdade de informação.
A Polícia Militar reagiu às manifestação desta quinta-feira no centro da capital paulista com bombas de efeito moral e balas de borracha. Vários jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos foram atingidos pelos disparos ou levaram golpes de cassetete; alguns deles chegaram a ser presos.
"Vamos pedir à Secretaria dos Direitos Humanos e
às autoridades brasileiras para realizarem uma investigação sobre as
violências cometidas", disse à BBC Brasil Benoît Hervieu, responsável
pelas Américas da Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris,
acrescentando que as autoridades precisarão explicar como a polícia
chegou ao ponto de "realizar uma repressão tão brutal".
"A prefeitura e o governo de São Paulo e também o comando
da Polícia Militar deverão prestar contas em relação às ordens
transmitidas aos policiais", diz o porta-voz."A Constituição brasileira está sendo desrespeitada. Além da brutalidade dos policiais, as acusações contra os jornalistas não têm fundamento", afirma Hervieu.
Prisões 'escandalosas'
Em um comunicado que será divulgado nesta tarde, a ONG, que defende a liberdade de imprensa e luta contra a repressão a jornalistas, também pede a libertação do jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz, detido sob a acusação de "formação de quadrilha".
"Essa acusação de formação de quadrilha é uma loucura", diz Hervieu, ressaltando que na França não ocorrem prisões de jornalistas que estão trabalhando na cobertura de manifestações nas ruas.
Repórteres como Marina Novaes, do portal Terra, Leandro Machado, do jornal Folha de S. Paulo, e Piero Locatelli, da revista Carta Capital, foram presos enquanto faziam a cobertura das manifestações e liberados depois.
Para Hervieu, essas prisões de jornalistas em São Paulo são "particularmente escandalosas".
"Na França, houve um trabalho de formação dos policiais, nos anos 80, sobre como lidar com o trabalho da imprensa durante protestos nas ruas. Os policiais recebem a orientação de respeitar o trabalho dos jornalistas", afirma Hervieu.
"No Brasil, a violência da Polícia Militar é algo mais sistemático e é uma violação à liberdade de informação. Isso lembra a época do AI-5 (Ato Institucional número 5 da ditadura militar, que instituiu a censura)", embora não sejam os mesmos métodos, diz o representante da ONG RSF.
"No Brasil, falta formação para os policiais. Falta sensibilização em relação ao princípio democrático de se manifestar", afirma Hervieu.
Fonte IG Jovem: http://jovem.ig.com.br/cultura/mix/2013-06-14/curiosidade-ou-militancia-a-postura-dos-adolescentes-na-onda-de-protestos-em-sp.html
*O termo faz referência à proibição do uso de vinagre no protesto, que seria usado para abrandar efeitos do gás lacrimogênio.