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terça-feira, 18 de abril de 2023

O Centro Dragão do Mar, a Economia Criativa e o Desenvolvimento Sustentável

 

Foto: Divulgação

A notícia do fechamento do “Chopp do Bixiga” nos oferece uma oportunidade para refletir sobre a situação econômica e cultural da mais importante área boêmia e criativa de Fortaleza, uma região que segue sem um planejamento estratégico efetivo, com um conjunto de empreendimentos culturais subutilizados no tocante ao seu enorme potencial para organizar e impulsionar o desenvolvimento da região, a Economia Criativa, a inclusão socioeconômica, e o desenvolvimento sustentável.

A organização econômica da região parece caótica e negligenciada. Não se nota uma ação pensada e determinada por parte do poder público para direcionar a força criativa daquele território, que tem tudo (ou quase tudo) para abrigar uma estratégia eficaz de inclusão econômica (para as diversas comunidades populares que sobrevivem incrustadas na enorme zona boêmia e criativa) e impulsionar a geração de renda e oportunidades. Apenas a "mão invisível do mercado" tem se apresentado por lá, e ela, sempre de "punhos cerrados", vem demonstrando enorme insensibilidade e incompetência para resolver  os problemas e demandas que se arrastam por décadas.

Nesse contexto, se faz necessário discutir o papel do maior equipamento cultural/criativo local, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O que parece é que o Centro Dragão do Mar segue abdicando do seu papel de catalisador de oportunidades e indutor do desenvolvimento sustentável da região. Com enorme vocação para animar o desenvolvimento local, talvez até ancorando um Distrito Criativo, e promovendo o desenvolvimento a partir dos ativos culturais e criativos do seu entorno, o Dragão do Mar não tem cumprido tal papel. 

Resta saber os motivos para essa situação. Os que conduzem o equipamento realmente não desejam atuar dessa forma, falta orientação do governo, falta um plano elaborado com essa finalidade? A verdade é que poderiamos contar com uma poderosa estratégia de desenvolvimento local sustentável na região da Praia de Iracema tendo o Centro Dragão do Mar como indutor e âncora de um Polo, Bairro, ou Distrito Criativo. Penso que fazer essa discussão é importante e agrega à cultura e à economia cearense.

Se concordamos que o Dragão do Mar pode desempenhar esse papel, cabe provocar a Secretaria da Cultura/SECULT para que pense em definir políticas públicas e ações estratégicas no âmbito da Economia Criativa e Economia da Cultura, que possam orientar uma postura de protagonismo do Dragão do Mar em relação ao seu entorno, a Fortaleza, e à cultura cearense. Já está em tempo de termos alguma sinalização referente ao papel que o Centro Dragão do Mar pode e deve cumprir para a economia Criativa e para o desenvolvimento Sustentável.

 Leia sobre o fechamento do Chopp do Bixiga aqui: https://www.opovo.com.br/vidaearte/2023/04/17/o-chopp-do-bixiga-encerra-atividades-apos-25-anos-no-dragao-do-mar.html

Johnson Sales – Doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e Fellow da Rede Global Ashoka Empreendedores Sociais.