A América do Sul e o Oriente Médio são as regiões que concentram mais eleições decisivas. Neste ano, Chile, Equador e Paraguai vão às urnas escolher novos presidentes. Desses pleitos, o mais importante é o do Paraguai, atualmente suspenso do Mercosul por conta do golpe aplicado contra Fernando Lugo em junho passado. Caso as eleições sejam limpas, o país deve voltar ao bloco.
No Oriente Médio, a situação é mais tensa. Em 2013, Israel deve manter o radical Benjamin Netanyahu como premier, mas o Irã escolherá um novo presidente. Além dos dois inimigos, vão às urnas países afetados pela chamada “Primavera Árabe”. O Egito elege um novo Parlamento e a Tunísia parte para eleições gerais após um período de transição. Dois países afetados pelo conflito na Síria também terão eleições: a Jordânia, que recebeu mais de 200 mil refugiados, escolhe um novo Parlamento, assim como o Líbano, onde a política é, em grande medida, definida pela relação com o governo sírio.
A eleição mais importante do ano deve ocorrer na Alemanha. A chanceler Angela Merkel é a favorita para continuar no posto, mas deve precisar reorganizar a coalizão governista. Isso pode afetar a forma como a maior economia europeia lida com a crise econômica no continente, um problema cujas repercussões irradiam por todo o mundo.
Confira abaixo as dez principais eleições de 2013:
1) Alemanha – Eleições parlamentares

Angela
Merkel durante discurso em 31 de dezembro. Nas mãos dela estão as
principais decisões que afetam os rumos da Europa. Foto: John Macdougall
/ AFP
2) Irã – Eleição presidencial

Ahmadinejad durante discurso. Ele tem muitos inimigos e não quer acabar no ostracismo, ou na cadeia. Foto: Emmanuel Dunad / AFP
3) Israel – Eleições parlamentares

Netanyahu durante lançamento da campanha, em 25 de dezembro. Seu governo é altamente popular. Foto: Gali Tibbon / AFP
4) Egito – Eleições legislativas

Morsi
faz discurso ao Senado egípcio em 29 de dezembro. A casa legislativa
tem pouco poder, mas fará a função da Câmara até a eleição. Foto: AFP
5) Itália – eleições parlamentares

Bersani,
o candidato esquerdista (à esq.), cumprimenta em 28 de dezembro o
promotor Piero Grasso. Conhecido pelo combate às máfias, Grasso deixou o
MP para se candidatar pelo Partido Democrático, de Bersani. Foto:
Andreas Solaro / AFP
A disputa, assim, deve ficar entre figuras políticas conhecidas. Condenado por fraude, Silvio Berlusconi é o candidato da direita e tentará voltar ao cargo pela quarta vez. À esquerda, o candidato é Pierluigi Bersani, o favorito de acordo com as pesquisas de opinião mais recentes. De acordo com muitos especialistas, é possível que Bersani busque o apoio de Monti na formação do governo. Assim, ele ampliaria seu apoio no Senado (casa na qual a esquerda tem dificuldades) e atrairia setores que favorecem Monti, como as grandes empresas.
6) Paraguai – Eleição geral
Ao derrubar Fernando Lugo num golpe em 22 de junho passado, os conservadores paraguaios conseguiram o que desejavam: controlar o Estado antes das eleições. Em 21 de abril, a população vai às urnas para a eleição geral e também para substituir o presidente golpista, Federico Franco. O candidato do governo será Efraín Alegre, do Partido Liberal. O Partido Colorado, que ficou 61 anos no poder até a vitória de Lugo, em 2008, lançou Horacio Cartes. O ex-general Lino Oviedo, que tentou um golpe em 1996, é outro candidato. Lugo tentará uma vaga no Senado, enquanto a frente de centro-esquerda que representa deve apoiar o médico Aníbal Carrillo.
7) Chile – Eleição presidencial
A grande questão da eleição deste ano no Chile é sobre a capacidade de a Concertación voltar ao poder no país. A aliança de centro-esquerda, que elegeu todos os presidentes do Chile entre o fim da ditadura Pinochet (1990) e 2010, quando foi eleito o atual governante, Sebastian Piñera, está dividida. Há muitos pré-candidatos, mas a única que parece ter chances de uni-los é a ex-presidente Michelle Bachelet. Ela, no entanto, ainda não se manifestou sobre essa possibilidade. Na Coalizão para a Mudança, a aliança de direita à qual pertence Piñera, há dois pré-candidatos. Laurence Golborne Riveros, ex-ministro de Minas e Energia, e Andrés Allamand Zavala, ex-ministro da Defesa. O primeiro turno da eleição, que pela primeira vez não terá voto obrigatório, está marcado para 17 de novembro.
8) Equador – Eleição presidencial

Correa
em imagem de 2010, após ser resgatado por militares que invadiram o
local onde ele era mantido em cativeiro por policiais rebelados. A crise
não afetou sua popularidade Foto: AFP
9) Austrália – Eleições parlamentares

Julia
Gillard com jogadores de críquete da Austrália e do Sri Lanka em 3 de
janeiro, em Sydney. Em novembro, ela testa sua popularidade nas
eleições. Foto: Manan Vatsyayana / AFP
10) Zimbábue – Referendo / Eleição geral
O ano de 2013 pode ser marcante na história do Zimbábue, um dos vários países instáveis da África. Estão marcados para este ano um referendo constitucional e eleições gerais (presidencial e legislativa) que podem colocar o país no caminho do crescimento e da normalidade. As divisões entre o Zanu-PF, partido do presidente Robert Mugabe, ditador desde 1987, e o MDC, do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, no entanto, são tão grandes que podem fazer com que os pleitos nem mesmo saiam do papel. O grande temor é que as disputas voltem ao nível de tensão de 2008, quando um segundo turno entre Mugabe e Tsvangirai provocou uma onda de violência que deixou dezenas de mortos.
Publicado em Carta Capital por José Antonio Lima.
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