O termo advocacy, expressão inglesa que ainda não ganhou tradução literal para o português, se generalizou ao longo do tempo em função do acelerado crescimento do Terceiro Setor em todo o mundo. O lobby - ou o advocacy - é a utilização do poder e do status para se comunicar melhor e conquistar os objetivos pretendidos.
O conceito de ADVOCACY traz em si a idéia de luta: por mais e melhores direitos, por uma qualidade de vida mais digna etc, etc. Por isso trata-se de um CONCEITO COMBATIVO. A literatura registra algumas modalidades principais de Advocacy:
Institutional advocacy – assumida por organização governamental ou não governamental;
Self-advocacy – assumida em caráter pessoal por alguém;
System-advocacy – envolvendo atividades para promoção de mudanças sociais amplas.
O advocacy tem vários graus de desenvolvimento no mundo. Nos países ricos, como os Estados Unidos, é um valor moral e cultural, ensinado nas escolas. O relacionamento entre comunidade e ONGs é bem amarrado e surte resultados bem-sucedidos. Quando tratado com seriedade e sem interesses ilícitos, o tema se desenvolve sem tropeços e todos saem ganhando.
Um exemplo bastante fácil de entender: imagine uma comunidade cortada por uma rodovia, onde os moradores são obrigados a atravessar de um lado para outro de forma precária, por falta de uma passarela. A mesma comunidade tem como vizinhos uma fábrica ou qualquer outra empresa privada.
Nessa comunidade existe uma ONG que representa os moradores do bairro e que sempre está pronta para tentar resolver qualquer tipo de questão. Por ser mais influente do que a comunidade avulsa, a entidade pressiona o poder público para a construção de uma passarela. Paralelamente, a ONG - por ser mais maleável e influente do que os órgãos governamentais - pode procurar o dono da empresa vizinha e pedir o financiamento da obra. E, sendo a representante-líder da comunidade, também pode realizar uma campanha para que as pessoas utilizem a passarela. Tudo isso é lobby, tudo isso é advocacy.
Ou seja, Advocacy significa lutar por uma causa, por meio de conscientização da sociedade, capacitação de agentes transformadores, mobilização da população e acompanhamento da atuação do poder público.
Oportunidades
Por ser um processo flexível, o advocacy também pode ser praticado pelas empresas privadas. Sem esperar a mobilização das entidades, muitas delas costumam, por meio de suas próprias fundações ou institutos, participar de ações diretamente com o público, seja por meio de parcerias com o governo ou não.
Obviamente, desde que esse lobby não reflita em interesses comerciais para a própria empresa.
O Terceiro Setor pode ainda praticar advocacy quando seus interesses dependem apenas do Estado. É o caso da atuação na esfera governamental para a promulgação de uma lei de incentivo à cultura, ao esporte, ou uma lei que beneficie os objetivos sociais que ela representa ou almeja. As ONGs - por serem representações de comunidades - ganham enorme força na realização do lobby quando pressionam políticos a votar por seus interesses.
O Brasil está deixando essa oportunidade passar. Se todos se conscientizassem da importância do advocacy - ou do lobby, como preferir - desde que feito com seriedade, honestidade, sensatez e, principalmente, que objetive o bem comum (e alheio), o mundo todo se beneficiaria de políticas criadas com mais democracia e bom senso. Todos ganhariam, sem exceção.
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
João Cabral de Melo Neto – POESIAS COMPLETAS
RJ, Livraria José Olympio Editora, 1968.
Fontes e referências: www.agere.org.br, http://www.ipea.gov.br/acaosocial/article26c3.html?id.article=592
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