Muito temos falado e escrito sobre Economia
Criativa em vários artigos e matérias e em eventos. E sempre que se fala em
economia, vem logo à cabeça, o sistema baseado na produção e comercialização de
produtos. Ou seja, a economia capitalista:
Economia de Mercado
O capitalismo está voltado para a fabricação de
produtos comercializáveis, denominados mercadorias, com o objetivo de
obter o lucro. Esse sistema está baseado na propriedade privada
dos meios de produção, ou seja, todos os utensílios, ferramentas,
matérias-primas e edificações utilizados na produção pertencem a alguns
indivíduos (os capitalistas).
Nas sociedades capitalistas, o elemento central da
economia é o capital, que pode ser entendido como o dinheiro que é investido no
processo produtivo, com o objetivo de gerar lucro. Diferencia-se do dinheiro
que se destina à satisfação das necessidades pessoais dos indivíduos. O capital
é aplicado em instalações, máquinas, mão-de-obra, entre outros elementos ou
agentes de produção. Como no capitalismo a produção se destina ao mercado, ou
seja, à comercialização, dizemos que os países capitalistas adotam a economia
de mercado. É em função das necessidades do mercado que se desenvolvem a
produção, a circulação (ou sistema de distribuição para o mercado consumidor) e
o consumidor dos produtos. Essas etapas caracterizam o chamado ciclo de
reprodução do capital. Para produzir e comercializar suas mercadorias, os
proprietários contratam empregados, os não-proprietários, que nessa relação
também estão vendendo uma mercadoria: sua força de trabalho.
Mas, não é apenas esse tipo de economia que existe.
Temos outras alternativas até mais adequadas aos propósitos sociais, inclusivos
e de transformação social. Dentre os vários tipos de economia disponíveis,
podemos citar:
Economia baseada nos bens comuns (commons)
Este tipo de economia trata na
verdade da forma como se lida com os recursos e das relações sociais resultantes
dessa forma.
O
bem comum surge a partir de condições históricas únicas, determinadas pela
cultura local, por fatos econômicos e ecológicos e muitos outros fatores. Mesmo
sem uma definição universal, podemos nos perguntar sobre o que todos “commons” tem em comum. A resposta nos
revela o que a defesa da diversidade biológica tem em comum com a luta pelo software
e hardware livres. Mostra que a luta em torno do acesso ao conhecimento e à
cultura na essência é igual à luta pelo acesso à água ou contra as mudanças
climáticas. São as mesmas lutas por acesso, direitos de uso e controle do que é
de todos nós. Todas estas lutas redefinem e recolocam a questão da sociedade na
qual queremos viver. Todas estas lutas giram ao redor da questão de como nos relacionamos
para organizar de forma autodeterminada a reprodução dos bens comuns.
Quatro princípios para a defesa
ou multiplicação dos bens comuns:
- Descentralização (sobretudo da produção, viabilizada por meio de um novo nível de integração pela rede do espaço digital;
- Cooperação entre todos os níveis – do local ao global. (A pergunta não é somente como cooperam os estados, más como coopero eu contigo e você comigo). Também, a pergunta não é si as pessoas querem cooperar más ajudar-lhes para que o façam;
- Respeito à diversidade incluídos diferentes sistemas de conhecimento;
- Inter-relacionamento: “eu preciso dos outros, e os outros precisam de mim”.
A Economia baseada nos bens
comuns pode transformar-se em um modo de produção alternativo, um modo de
produção cuja caraterística principal é que o seu objetivo não é o lucro
individual, e sim o bem viver de todas e todos.
Temos ainda outra forma de
economia muito usada no passado e que volta a ser adotada como alternativa de
economia social. Trata-se do escambo.
O escambo:
É uma atividade que envolve a troca de
mercadorias por outras ou produtos; sem envolver dinheiro.
Os povos primitivos faziam seu
comércio na forma de escambo, e ainda hoje, entre os índios e alguns grupos
africanos, esse sistema é usado. Os
primeiros grupos humanos, em geral nômades, não conheciam a moeda e recorriam
às trocas diretas de objetos quando desejavam algo que não possuíam.
O escambo também acontece atualmente por meio de feiras de troca. Surgidas no Canadá nos
anos 1980, essas feiras se baseiam em princípios da economia solidária:
substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e pela
cooperação; valorizar o trabalho, o saber e a criatividade humana e não o
capital e sua propriedade e buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza.
Também existem os clubes de troca, mutirões ou redes de trocas solidárias que
são diferentes nomes que se dão aos grupos que se organizam para intercambiar
seus produtos e serviços sem usar dinheiro.
Assim, o pouco dinheiro disponível pode ser utilizado
para outras finalidades e pode-se ter acesso a muitos bens e serviços que de
outra forma não seriam possíveis. Desde o principio dos tempos, a troca ou
escambo foi a forma de intercambiar produtos e serviços por outros objetos e
serviços, diretamente, sem a utilização de dinheiro.
Portanto, temos outras
possibilidades que não só a economia capitalista, para viabilizar tecnologias
sociais de base econômica. E a economia criativa deve seguir atenta e conectada
com essas e outras alternativas, dialogando na busca de modelos econômicos
inclusivos e emancipatórios que colaborem para o desenvolvimento sustentável
das comunidades, territórios e do planeta como um todo.
Referências:
http://www.algosobre.com.br/geografia/capitalismo-o.html
http://commonsblog.files.wordpress.com/2010/01/bens-comuns-novos-elem-pra-agenda-jan-2010-fsm.pdf
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23506
Johnson Sales
Fellow da Rede Mundial Ashoka
Empreendedores Sociais
Consultor em Tecnologias Sociais e Advocacy da Embaixada Social
Consultor em Tecnologias Sociais e Advocacy da Embaixada Social
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