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terça-feira, 17 de abril de 2012

Formas Alternativas de Economia para o Social


Muito temos falado e escrito sobre Economia Criativa em vários artigos e matérias e em eventos. E sempre que se fala em economia, vem logo à cabeça, o sistema baseado na produção e comercialização de produtos. Ou seja, a economia capitalista:

Economia de Mercado

O capitalismo está voltado para a fabricação de produtos comercializáveis, denominados mercadorias, com o objetivo de obter o lucro. Esse sistema está baseado na propriedade privada dos meios de produção, ou seja, todos os utensílios, ferramentas, matérias-primas e edificações utilizados na produção pertencem a alguns indivíduos (os capitalistas). 

Nas sociedades capitalistas, o elemento central da economia é o capital, que pode ser entendido como o dinheiro que é investido no processo produtivo, com o objetivo de gerar lucro. Diferencia-se do dinheiro que se destina à satisfação das necessidades pessoais dos indivíduos. O capital é aplicado em instalações, máquinas, mão-de-obra, entre outros elementos ou agentes de produção. Como no capitalismo a produção se destina ao mercado, ou seja, à comercialização, dizemos que os países capitalistas adotam a economia de mercado. É em função das necessidades do mercado que se desenvolvem a produção, a circulação (ou sistema de distribuição para o mercado consumidor) e o consumidor dos produtos. Essas etapas caracterizam o chamado ciclo de reprodução do capital. Para produzir e comercializar suas mercadorias, os proprietários contratam empregados, os não-proprietários, que nessa relação também estão vendendo uma mercadoria: sua força de trabalho.

Mas, não é apenas esse tipo de economia que existe. Temos outras alternativas até mais adequadas aos propósitos sociais, inclusivos e de transformação social. Dentre os vários tipos de economia disponíveis, podemos citar:

Economia baseada nos bens comuns (commons)


Este tipo de economia trata na verdade da forma como se lida com os recursos e das relações sociais resultantes dessa forma.

O bem comum surge a partir de condições históricas únicas, determinadas pela cultura local, por fatos econômicos e ecológicos e muitos outros fatores. Mesmo sem uma definição universal, podemos nos perguntar sobre o que todos “commons” tem em comum. A resposta nos revela o que a defesa da diversidade biológica tem em comum com a luta pelo software e hardware livres. Mostra que a luta em torno do acesso ao conhecimento e à cultura na essência é igual à luta pelo acesso à água ou contra as mudanças climáticas. São as mesmas lutas por acesso, direitos de uso e controle do que é de todos nós. Todas estas lutas redefinem e recolocam a questão da sociedade na qual queremos viver. Todas estas lutas giram ao redor da questão de como nos relacionamos para organizar de forma autodeterminada a reprodução dos bens comuns.


Quatro princípios para a defesa ou multiplicação dos bens comuns:

  • Descentralização (sobretudo da produção, viabilizada por meio de um novo nível de integração pela rede do espaço digital;
  • Cooperação entre todos os níveis – do local ao global. (A pergunta não é somente como cooperam os estados, más como coopero eu contigo e você comigo). Também, a pergunta não é si as pessoas querem cooperar más ajudar-lhes para que o façam;
  • Respeito à diversidade incluídos diferentes sistemas de conhecimento;
  • Inter-relacionamento: “eu preciso dos outros, e os outros precisam de mim”.

A Economia baseada nos bens comuns pode transformar-se em um modo de produção alternativo, um modo de produção cuja caraterística principal é que o seu objetivo não é o lucro individual, e sim o bem viver de todas e todos.

Temos ainda outra forma de economia muito usada no passado e que volta a ser adotada como alternativa de economia social. Trata-se do escambo.

O escambo:


 É uma atividade que envolve a troca de mercadorias por outras ou produtos; sem envolver dinheiro.
Os povos primitivos faziam seu comércio na forma de escambo, e ainda hoje, entre os índios e alguns grupos africanos, esse sistema é usado. Os primeiros grupos humanos, em geral nômades, não conheciam a moeda e recorriam às trocas diretas de objetos quando desejavam algo que não possuíam.

O escambo também acontece atualmente por meio de feiras de troca. Surgidas no Canadá nos anos 1980, essas feiras se baseiam em princípios da economia solidária: substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e pela cooperação; valorizar o trabalho, o saber e a criatividade humana e não o capital e sua propriedade e buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza. Também existem os clubes de troca, mutirões ou redes de trocas solidárias que são diferentes nomes que se dão aos grupos que se organizam para intercambiar seus produtos e serviços sem usar dinheiro. 


Assim, o pouco dinheiro disponível pode ser utilizado para outras finalidades e pode-se ter acesso a muitos bens e serviços que de outra forma não seriam possíveis. Desde o principio dos tempos, a troca ou escambo foi a forma de intercambiar produtos e serviços por outros objetos e serviços, diretamente, sem a utilização de dinheiro. 

Portanto, temos outras possibilidades que não só a economia capitalista, para viabilizar tecnologias sociais de base econômica. E a economia criativa deve seguir atenta e conectada com essas e outras alternativas, dialogando na busca de modelos econômicos inclusivos e emancipatórios que colaborem para o desenvolvimento sustentável das comunidades, territórios e do planeta como um todo.

Referências:
http://www.algosobre.com.br/geografia/capitalismo-o.html
http://commonsblog.files.wordpress.com/2010/01/bens-comuns-novos-elem-pra-agenda-jan-2010-fsm.pdf
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23506



Johnson Sales
Fellow da Rede Mundial Ashoka Empreendedores Sociais
Consultor em Tecnologias Sociais e Advocacy da Embaixada Social

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