CHEGOU A HORA DE PARAR!
Entre o invisível e o visível destas palavras.
Depois de vários anos lutando nas pastorais, grêmio, UNE, empresa
junior, ONGS, Empresas, Partidos, Banco Mundial, Projetos, Governo,
ONU...Chegou a hora de parar.
Nestes caminhos busquei encontrar algo , e de uma certa forma encontrei
uma parte de mim em cada lugar deste, em cada sonho realizado, em cada
desafio, conhecimento e valores compartilhados. Porem o preço pago pela
vida pessoal é muito alto; e as formas de dialogo e relação entre as
pessoas nas instituições estão se tornando cada vez mais troca entre
mercadorias. De fato depois de lutar por ser e seres , chegou a hora de
parar , para não correr o risco , de se transformar em mercadoria.
Porem como sempre disse daqui para frente é tudo bônus , digo que posso
morrer a qualquer momento , morro super feliz, realizei quase tudo que
sonhei, e estes sonhos nunca couberam nas instituições ; muito menos
em mercadorias ou relação de trocas entre pessoas. Fazer política nos
partidos é pouco, achar que a Universidade representa o saber menos
ainda, que as empresas desenvolvem as capacidades das pessoas pelo
contrário, que as igrejas tem espiritualidade há tempos é dizimo. Enfim
a questão ética e estética estão cada vez mais distante da arte , mas
graças a Deus tudo isto continua pulsando de outras formas para além das
instituições; se organizando por outros meios, inclusive pela internet,
e outros seres já não cabem mais nos lugares e tarefas que querem que
eles ocupem. Depois que cada ser se expande e encontra seu ritmo, a
música, a vida, caminha para mudar a história e os múltiplos sentidos
que iluminam novos horizontes e lutas.
É para lá que estou indo você quer caminhar junto? Sozinho não dá mais! É
hora de parar entre o vermelho e a sensibilidade da chuva.
A razão dos bastidores castra e não ilumina mais...Por isso que o parar
é sem recomeço . Quero que os lugares sangrem , não se pode sangrar sem
buscar a cura das dores que crescem, gritar em seu lugares aonde os
sentidos desaparecem, já que ate hoje a razão silencia em acordos. E os
encontros entre os seres comecem para encontrarem a si mesmos.
Muitos hoje se escondem de si mesmo, se entregando aos vazios da cachaça
quando pobres ou dos poderes vazios quando ricos. Sem luz , consomem a
si mesmos, quando poderiam despertar para vida com novas ideias e
horizontes. Nestes casos o fogo congela ao invés de aquecer, as virtudes
são silenciadas.
A sensibilidade da beleza que desperta nosso olhar busca conquistar a
estética e a ética de nossa vida, mas muitos não querem ver nem pensar,
apenas esquecer, apenas brincar, quer limpar a sujeira, mais um novo
dia, mais mortes na TV e mensagens no facebook, as mesmas preocupações,
dinheiro,....É hora de parar entre o azul e o terror do cotidiano.
O que cada um quer mais? mais pimenta na comida, um carro nas ruas a
mais, uma noite de sexo com mais novidades, mais uma cerveja, menos
prazer, menos amor, menos fé...
Bem que poderíamos navegar, brincar de forma alegre e livre, deixar as
palavras, os lugares, fluírem com seu próprio encanto, enquanto perdemos
o medo de amar, de ter fé, pois é hora de parar! Você acha que
consegue? Sem continuar a ler este texto, sem lutar, sem se divertir,
parar de olhar para o sol, trocar de roupa, visitar novos lugares, novos
amores, novas resistências , entre o branco e a vontade de morrer
lutando.
Entre a melancolia dos ricos e doença dos pobres, entre uma escola que
adestra, uma igreja que repete palavras e perdões, o trabalho que você
paga com a vida mais batata frita e cerveja, entre a arte idiota de
monstros e seres fantásticos, cada vez mais velozes e destruidores.
Olho para meu filho ? Enquanto pinguins, soldados, cruzes, melancias,
fumaças, dançam uma musica sem ritmo, sem sentido nas propagandas. Todos
querem o real, as mercadorias, para se vestir, moldar seus corpos, ir
as festas. Entre o preto e o idiota que vive sem pensar, é melhor parar!
As nuvens carregam acido, os olhos também, vamos comer etanol ao invés
de trigo, vamos vender o sabor como sabonete para limpar tudo que se
envergonha dos delírios, vamos queimar o fim de tudo e lançar uma nova
moda. Porem enquanto várias destruições acontecem ao nosso redor, um
novo vulcão explode, multidões se movem , gente nova nasce.
Enquanto o amarelo não virar ouro, a luz não deixa que eu pare, os
ventos, as mascaras cai, a neblina, o nevoeiro desaparece, os escombros
desta sociedade vira poeira. Os pássaros voltam a voar ,o declínio do
capitalismo europeu e americano, abre espaços para novas hegemonias. Não
preciso mais dos jornais e das velhas mídias, posso andar de bicicleta e
não comer carne , posso amar sem sexo e fazer sexo sem amor, posso
lutar contra a corrupção e denunciar empresas e políticos pela internet ,
independente dos falsos juízes, posso respeitar a sabedoria da terceira
idade e proteger o que é sagrado pra mim. Posso escrever estas palavras
entre o cinza e o desequilíbrio das cores e das dores; despertar uma
nova consciência.
Uma barbárie que ao mesmo tempo em que nega , afirma uma paz violenta em
cada ser e na sociedade , capaz de despertar a dignidade de novas
ideias, valores, imagens, atitudes, e sonhos. Não posso parar!
O bale de pássaros e pessoas, os fogos de artificio, a musica, os ecos
da natureza, despertam o olhar e a curiosidade das crianças, novas
explosões, o silêncio absoluto, cartazes de dores que não voltam mais,
nascer de novo, de novo, de novo entre o verde e as certezas
tecnológicas.
Porque afinal quem somos nós ? Que mesmo querendo não podemos parar, que
mesmo chegando às conclusões entre poesias e razões não paramos de
pensar e sentir, que mesmo sofrendo, não deixamos de amar, que mesmo
que mintam , roubem, traiam, não destroem nossa fé, que potência é esta
que carregamos?
Assim como a natureza, estas dores e desesperanças, no silêncio emergem
como furações. Destruindo e criando novas paisagens, complexidades,
tecnologias, que como linhas se entrecruzam a milhares de outras formas,
para tecer novas realidades, seres, cores, imagens, poesias, que
afirmam a vida entre o invisível e o visível destas palavras.
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