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terça-feira, 2 de abril de 2013

Os Sem-Oposição e a Segurança Pública do Ceará segundo Fábio Campos (Jornalista do OPOVO)

Diante da seca, o silêncio que estoura os tímpanos. Diante da violência, os surdos e mudos que fazem de conta que o escândalo não lhes diz respeito. É assim na Assembleia Legislativa. Não há oposição com o tamanho que a democracia pede.

Está assim no Ceará, em Fortaleza, em todas as capitais e em todos os estados. A mesmíssima situação se reproduz no âmbito do Governo Federal. Muito poucos não apoiam o presidente. Quase todos apoiam o governador. Quase todos apoiam o prefeito. Sejam eles quem forem.

Para que oposição? Sim, a maioria parlamentar é necessária a um Governo. Mas, hoje, as oposições costumam se resumir a 20% das bancadas. No nosso caso, uns 10% na Assembleia e uns 15% na Câmara de Fortaleza.

Um massacre que põe em risco a própria ideia de democracia. O ato de se opor é fundamental para a política. O ato de opor não deixa que o gestor público se deleite na zona de conforto e se embrenhe na teia palaciana sempre tão disponível para elogiar e criar bolhas em torno do chefe.

Uma boa oposição serve de antídoto contra a mania de cometer bobagens. Uma mania tão comuns aos gestores. Um gestor ensimesmado tem na oposição um obstáculo contra seu orgulho. A oposição é a melhor aliada do gestor honesto que é enganado pelo auxiliar corrupto.

Desconfiemos de quem não tolera oposição. Desconfiemos de quem usa o poder da caneta para cooptar opositores e eliminar o pensamento crítico. A falta da oposição causa mais estragos que uma seca.

Sem opositores, prevalece a pasmaceira e o silêncio medroso. No fim das contas, a inoperância e a falta de respostas se estabelecem. E quem mais perde? Ora, quem mais perde são os de sempre, os mais pobres, os sem ongs, os sem voz, os sem partido. A imensa maioria.

LUCRO CRESCENTE 

O secretário Francisco Bezerra (Segurança) gerou perplexidade quando responsabilizou a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) pelos escandalosos índices de criminalidade de Fortaleza. Porém, na mesma entrevista, Bezerra causou constrangimentos políticos entre aliados do governador Cid Gomes ao apontar que muitos ganham com o clima de insegurança reinante na Capital, numa referência às empresas que prestam serviços nesse setor. Uma das maiores e mais conhecidas empresas que atuam nesse delicado ramo pertence ao senador Eunício Oliveira e ao vice-prefeito Gaudêncio Lucena. Calados estavam, calados ficaram.


BANCADA DA BALA

Quem também lucra com a insegurança são as emissoras de rádio e televisão com seus programas que exploram a violência e a tragédia dos familiares de vítimas. Todos os dias, em horário nobre, as telas das TVs são invadidas por corpos perfurados de bala, estendidos no chão, com sangue escorrendo no asfalto. A audiência principal vem das camadas populares, justamente as mais potenciais vítimas da violência que assola Fortaleza. Parte dos apresentadores desses programas entra na política e se elege para o parlamento. Todos são governistas de carteirinha e, claro, não fazem críticas à política de segurança.

POLÊMICAS

Ao responsabilizar a gestão de Luizianne Lins pela insegurança pública de Fortaleza, o secretário Francisco Bezerra acabou jogando uma batata em brasa no colo do prefeito Roberto Cláudio. O raciocínio é simples: se a responsabilidade foi de Luizianne por, segundo ele, não ter feito políticas públicas para os adolescentes pobres, agora é do atual gestor da Capital.

Fonte:  http://www.opovo.com.br/app/colunas/fabiocampos/2013/03/30/noticiasfabiocampos,3030795/a-falta-de-oposicao-causa-mais-estragos-que-a-seca.shtml

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