Pequenos espelhos d'agua refletindo nuvens brancas imóveis e céu azul. O tempo aparentava estar parado enquanto o relógio movia seus ponteiros com uma graça nada corriqueira. Dias assim são singulares pela beleza e pela generosidade. Poderia caminhar até a praça, ou visitar um amigo próximo, ou ainda ler um livro sentado à sombra de alguma árvore, bem distante da internet e de qualquer coisa que lembre tecnologia ou comunicação de massa. O espírito fica mais livre e ousado em circunstâncias como essa. Mais propício à filosofia ou a um bom romance que trate de alguma forma o existencialísmo como parte ideletável do cotidiano materialísta. Um dia bom. O vento resolveu aparecer e envolvia os corpos com um friozinho que arrepiava a pele e fazia bocejar. Pensou na Islândia, ou Iceland, que significa terra de gelo e que pode chegar a menos quarenta graus celsius. Isso o fez apreciar mais ainda o calor tropical agradavelmente atenuado pela brisa fria. Tem dias em que se está mais suscetível a concepções holísticas de vida. Hoje certamente é um desses dias. Mas não se preocupem, não pretendia sair por ai dizendo: _Bom dia pássaros! Bom dia flores! O materialísmo histórico em sua cultura pessoal funcionava como âncora sempre firme e garantidora contra devaneios ocasionais e sentimentalísmos inconsequentes. Mas hoje talvez termine o dia imerso no gostoso “ Névoa”, romance de Miguel de Unamuno, que em sua abordagem lembra Platão e suas "leis" e Shakespeare e sua teoria de que “o mundo é um palco. E os homens são meros atores. E cada um no seu tempo representa diversos papéis”.
Don Johnson de Sales.
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