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domingo, 26 de maio de 2013

La Noche Roja


Olhou para o celular, viu que haviam duas ligações não atendidas. Pensou em retorná-las. Mas achou melhor, não. A música estava realmente alta, o ambiente esfumaçado, a companhia, apesar de agradável, barulhenta demais. Sua cabeça sob uma nuvem espessa de "alecrim" e entregue à carícias intermitentes distinguia com dificuldades as lembranças e os desejos. Isto fazia com que algo que jamais acontecera,  parecesse digno de saudade. Dedos femininos com unhas grandes e cuidadosamente tratadas com esculturas em azul marinho e acabamento perto da cutícula passavam por baixo de seus cabelos à altura da nuca. Ao mesmo tempo que seu corpo recebia a atenção generosa de lábios quentes em hálito de Martini. 

_ Bota Cypress Hill! Toca Cypress Hill! Foram as últimas expressões inteligíveis que conseguiu escutar ou das quais conseguiria lembrar.

O relógio digital no display do telefone celular marcava 6:17 da manhã. Um sol forte lhe queimava a face e um barulho de água se chocando com pedras lhe chamava a despertar. Abriu os olhos com relutância, a luz solar estava forte e refletia nos retrovisores laterais, era dia. Encontrava-se na praia. Saber em qual delas, seria tarefa para mais tarde. Um pouco de dor de cabeça, um braço muito "dormente" sobre o qual repousavam bonitos cachos ruivos, olhos castanhos esverdeados e um corpo delicadamente esculpido graças às várias sessões de pilates. Corpo que ao tornar-se nítido e portanto familiar aos seus olhos, significava: Problemas.


Don Johnson de Sales.



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