Tenho
dúvidas em relação ao "pavor" que tem se propagado pela sociedade
cearense em relação à violência. Não que eu negue ou não enxergue os
índices aumentando. É que gostaria de saber se comparados
(proporcionalmente, claro) com índices de quarenta ou cinquenta anos
atrás, esses números são realmente tão avantajados. O estado cresceu; se
urbanizou, as questões sociais se acirraram; a TV foi tomada
de assalto por dezenas de horas de programas sangrentos e
sensacionalistas; a violência virou prioridade na pauta de todos os
telejornais; políticos se elegeram e mantém seus votos atrelados à
espetacularização do mundo do crime; as políticas exageradamente
repressivas em relação às drogas fracassaram e estamos às portas de uma
nova eleição. São reflexões apenas. Mas gostaria de ver esse tema
tratado de uma forma menos "apavorada" e "apavorante" e com mais
argumentos, dados e reflexões críticas. Pois tenho notado que por baixo,
ou por trás, dessa espetacularização toda, vem despontando coisas
absurdamente fascistas como a redução da maioridade penal, aumento
(várias vezes comemorado) dos linchamentos de "delinquentes" e
"criminosos", o tratamento à força de dependentes químicos, a tal "bolsa
estupro" e uma repressão ainda maior aos jovens pobres (que já
superlotam os presídios) em nome do combate ao tráfico de drogas e a
violência. Refletir não ofende. Ou pelo menos, não deveria.
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