Segundo
Pierre Bourdieu, "nós aprendemos pelo corpo. E a ordem social inscreve-se
no corpo por meio desse confronto permanente, mais ou menos dramático, mas que
sempre abre um grande espaço para a afetividade". Escreve Loic Wacquant em
Corpo e Alma. Talvez tenhamos aqui uma chave importante para entender o
desespero da mídia e da direita de nosso País em limitar as experiências
corporais da juventude à atividades dóceis e pacíficas durante as manifestações
de rua. Que aprendizados podem brotar das vivências duras dos confrontos com a
polícia, do enfrentamento simbólico e sensorial com a propriedade privada dos
capitalistas, com o patrimônio do estado burguês? Que afetividades podem
emergir da solidariedade entre corpos atacados, feridos e presos enquanto lutam
por seus direitos e pelos direitos de toda uma sociedade? E a ordem social,
como vai se inscrever em corpos rebelados? Corpos rebeldes pedem uma nova ordem
social; querem inscrições diferentes. Talvez por isso, não seja possível para a
velha ordem inscrever-se nos corpos dos "vândalos". Talvez o
"vandalismo" tão temido pela mídia, seja na verdade, o testemunho
mais evidente da perda por parte dessa ordem social autoritária e elitista da
capacidade de se inscrever nos corpos da juventude.
Por Johnson Sales.
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