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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Pierre Bourdieu, Ordem Social e Corpos Rebelados no Brasil





Segundo Pierre Bourdieu, "nós aprendemos pelo corpo. E a ordem social inscreve-se no corpo por meio desse confronto permanente, mais ou menos dramático, mas que sempre abre um grande espaço para a afetividade". Escreve Loic Wacquant em Corpo e Alma. Talvez tenhamos aqui uma chave importante para entender o desespero da mídia e da direita de nosso País em limitar as experiências corporais da juventude à atividades dóceis e pacíficas durante as manifestações de rua. Que aprendizados podem brotar das vivências duras dos confrontos com a polícia, do enfrentamento simbólico e sensorial com a propriedade privada dos capitalistas, com o patrimônio do estado burguês? Que afetividades podem emergir da solidariedade entre corpos atacados, feridos e presos enquanto lutam por seus direitos e pelos direitos de toda uma sociedade? E a ordem social, como vai se inscrever em corpos rebelados? Corpos rebeldes pedem uma nova ordem social; querem inscrições diferentes. Talvez por isso, não seja possível para a velha ordem inscrever-se nos corpos dos "vândalos". Talvez o "vandalismo" tão temido pela mídia, seja na verdade, o testemunho mais evidente da perda por parte dessa ordem social autoritária e elitista da capacidade de se inscrever nos corpos da juventude.

Por Johnson Sales


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