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é possível buscar “relacionamentos de bolso” do tipo de que se “pode dispor
quando necessário” e depois tornar a guardar. Ou que os relacionamentos são
como a vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde.
Tal como no caso desse remédio, é preciso diluir as relações para que se possa
consumi-las. Ou que os CSSs — casais semi-separados merecem louvor como “revolucionários
do relacionamento que romperam a bolha sufocante dos casais”. Ou ainda que as relações,
da mesma forma que os automóveis, devem passar por revisões regulares para
termos certeza de que continuarão funcionando bem. No todo, o que aprendem é
que o compromisso, e em particular o compromisso a longo prazo, é a maior
armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se”. Um especialista informa
aos leitores: “Ao se comprometerem, ainda que sem entusiasmo, lembrem-se de que
possivelmente estarão fechando a porta a outras possibilidades românticas
talvez mais satisfatórias e completas”. Outro mostra-se ainda mais insensível:
“A longo prazo, as promessas de compromisso são irrelevantes. Como outros
investimentos, elas alternam períodos de alta e baixa”. E assim, se você deseja
“relacionar-se”, mantenha distância; se quer usufruir do convívio, não assuma
nem exija compromissos. Deixe todas as portas sempre abertas."
(Zygmunt Bauman).
Recomendo o Livro "Amor Líquido" de Zygmunt Bauman, do qual este texto é parte integrante.
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