O tempo sempre
acostumado a seguir em linha reta teve que deter-se diante daquelas curvas. É
que o toque, o aroma e a gustação exigem o seu próprio ritmo e itinerário de
tempo. E o mar de sabor salgado e rústico apurava o paladar e degustava
cada mergulho seu. E o vento travesso, e por vezes até deselegante, recusava-se
a emaranhar os seus cabelos. E o sol, apreciador das coisas belas, lamentava as
lentes escuras que o impediam de iluminar seus olhos cor de paraíso. Enquanto
isso, a areia, mais astuta e oportunista que todos, se agarrava e relutava em
largar cada centímetro da sua pele de sereia. Longe dali, do outro lado do
mundo, a lua esperava ansiosa para surgir por trás das palhas dos coqueiros e
pratear por inteiro o cenário, no qual, toda aquela poesia corporal seria
ofertada em culto aos deuses Baco e Afrodite num ritual pagão abençoado pelas
estrelas; e presenciado apenas pela fogueira, invulgar testemunha, à beira-mar.
Don Johnson de Sales.
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