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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Conhecimento (uma produção plural)



"Qualquer conceituação, portanto, que reduza a dinâmica social do processo de descoberta a condições estáticas, com o homem no singular atuando como o sujeito do conhecimento em determinada situação aqui e agora, estará condenada a nos arrastar a um labirinto epistemológico sem saída, sem nenhuma porta para escaparmos.



O pescador, tentando capturar conexões dos objetos em sua rede, não começa do nada. Não somente o conhecimento dos objetos, mas também o conhecimento de como adquirir e de como avançar o conhecimento dos objetos, de como capturá-los em sua própria rede, de como construir redes e de como construir redes melhores para capturá-los, desenvolveu-se ao longo das gerações; e a rede será passada para ele na medida em que tenha sido desenvolvida em sua sociedade. Em algumas sociedades, certos tipos de conhecimento sobre a aquisição e o avanço do conhecimento, certos tipos de redes conceituais tornam-se regularmente mais apropriados para apreender certos tipos de conexões entre objetos. Qualquer que seja o caso, sempre que uma rede conceitual para a apreensão de tais conexões e a consciência de como se avançar o conhecimento em um campo da experiência dos homens atinjam um nível em que as suas adequações nas interdependências sejam tão grandes a ponto de suas orientações pelo objeto adquirirem vantagem sobre a orientação pelo sujeito, os avanços posteriores nesse campo apresentarão uma medida de autonomia. Elas procederão de modo mais regular do que faziam antes. Sendo mais autônomas em relação às flutuações de curto prazo do desenvolvimento da sociedade, embora, é claro, não sendo nunca completamente independentes delas, elas se tornarão relativamente autossuficientes, e nós poderemos chamar a aquisição do conhecimento naquele campo de ciência."

Norbert Elias in Sociologia do Conhecimento: novas perspectivas.

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