A anticonvencional composição extremamente livre e franca de Casa Grande e Senzala,
como no tratamento dado à vida sexual do patriarcalismo, e a
importância decisiva atribuída ao escravo na formação do modo de ser do
brasileiro causou forte impacto na época. Informações e dados que
ensejavam noções e pontos de vistas inovadores no Brasil de então.
Entretanto, a preocupação do autor com problemas de fundo biológico
(raça, aspectos sexuais da vida familiar, equilíbrio ecológico
alimentação) dialogava com o naturalismo dos velhos intérpretes da nossa
sociedade, como Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Oliveira Vianna.
Três anos depois aparecia Raízes do Brasil.
Livro curto, de poucas citações, mas que, entre outras influências,
fornecia indicações importantes para compreenderem o sentido de certas
posições políticas daquele momento, em que se se buscava soluções novas,
fosse à direita, no integralismo, fosse à esquerda, no socialismo e no
comunismo.
Seis anos depois do livro de Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr. lançava Formação do Brasil Contemporâneo.
Interpretação do passado em função das realidades básicas da produção,
da distribuição e do consumo. Nele, o autor afasta-se do ensaísmo
(marcante nos outros dois livros), prioriza dados e argumentos em
detrimento de categorias qualitativas como “feudalismo” ou “família patriarcal”.
O materialismo histórico aparecia como forma de captação e ordenação do
real, desligado do compromisso partidário ou desígnio prático
imediatista...
Nenhum comentário:
Postar um comentário