...O tempo é muito lento para os que esperam,
muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam,muito curto para os que festejam.Mas, para os que amam, o tempo é uma eternidade.
(As Invasões Bárbaras)
À beira da morte devido ao câncer,
e com dificuldades em aceitar o seu passado, Rémy procura paz nos seus
últimos momentos de vida. Para tal recebe a ajuda de Sébastien, seu
filho ausente, de sua ex-mulher, e de velhos amigos.
As invasões bárbaras (Les invasions barbares,
2003) parte de um clichê batido - os últimos dias de um pai que se
acerta com a família e o passado - e o desconstrói. Adiciona referência
políticas e culturais, faz uma bem humorada crônica da modernidade e,
de quebra, exorciza os fantasmas de toda uma geração (a sua própria).
Tudo isso sem esquecer a simplicidade, também conhecida como modéstia. As invasões bárbaras ganhou em Cannes o prêmio de melhor roteiro e melhor atriz para Marie-Josée Croze.
Na trama, os mesmos personagens de O declínio do império americano (Le Déclin de lempire américain, 1986), o filme mais famoso do diretor, se reúnem quinze anos depois. O professor de história Rémy (Rémy Girard, irretocável) sofre de câncer num hospital lotado de Quebec. A sua ex-mulher, Louise (Dorothée Berryman), apesar das infidelidades do marido, fica ao seu lado. Ela até consegue chamar de volta ao Canadá o filho do casal, Sébastien (Stéphane Rousseau). Com o reencontro, renasce o conflito. Conquistador incansável, típico intelectual idealista dos anos 60, o pai é o contrário do filho, noivo fiel, pragmático, de futuro financeiro promissor no mercado acionista de Londres.
Na trama, os mesmos personagens de O declínio do império americano (Le Déclin de lempire américain, 1986), o filme mais famoso do diretor, se reúnem quinze anos depois. O professor de história Rémy (Rémy Girard, irretocável) sofre de câncer num hospital lotado de Quebec. A sua ex-mulher, Louise (Dorothée Berryman), apesar das infidelidades do marido, fica ao seu lado. Ela até consegue chamar de volta ao Canadá o filho do casal, Sébastien (Stéphane Rousseau). Com o reencontro, renasce o conflito. Conquistador incansável, típico intelectual idealista dos anos 60, o pai é o contrário do filho, noivo fiel, pragmático, de futuro financeiro promissor no mercado acionista de Londres.
Aparentemente
previsível, a lavagem de roupa suja não tem nada de banal. O filme
nunca parece nostálgico demais com os anos 60, nem ranzinza em demasia
com os 90. Num momento, por exemplo, Rémy é obrigado a conversar com a
sua filha pela tela impessoal de um computador, já que ela vive num
veleiro pelo Pacífico. A tecnologia é fria, mas ajuda. Em outro, os
ex-alunos de Rémy são pagos por Sébastien para visitar o ex-professor
no hospital. O artifício é reprovável, mas o doente não sabe do embuste
e acaba comovido. São toques sutis, cheios de ambiguidades, que fazem o
filme ser especial. Essa é a palavra: sutileza.
Com o avanço da projeção, o título se auto-explica. Bárbaros são aqueles que invadem a globalização com a sua cultura ultrapassada. Nesse equilíbrio, Arcand realiza a emocionante releitura de erros passados, à procura de acertos presentes, sempre de maneira sóbria. Você percebe que um filme dramático é diferente dos demais, único no mundo, quando a indução ao choro acontece não de modo ostensivo, mas apenas no clímax final - e o espectador não se sente um boneco de emoções manipuladas.
Com o avanço da projeção, o título se auto-explica. Bárbaros são aqueles que invadem a globalização com a sua cultura ultrapassada. Nesse equilíbrio, Arcand realiza a emocionante releitura de erros passados, à procura de acertos presentes, sempre de maneira sóbria. Você percebe que um filme dramático é diferente dos demais, único no mundo, quando a indução ao choro acontece não de modo ostensivo, mas apenas no clímax final - e o espectador não se sente um boneco de emoções manipuladas.
Uma pessoa só
faz um filme assim depois de ter vivido bastante, lá pelos cinquenta de
idade. Já o público deveria assisti-lo por toda uma vida, em
intervalos de cinco anos, no mínimo. Arcand (que aparece na tela como o
homem que devolve o laptop a Sébastien) fez 62 em 2003 e ainda tem uma bela vida pela frente.
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