Escondeu-se entre os carros, a arma ainda estava
quente, alarmes tocavam todos ao mesmo tempo enquanto as luzes dos
automóveis piscavam. A sua mente ainda tentava acomodar os últimos fatos
quando uma voz feminina chamou o seu nome pela janela de um tempra
prata abrindo-lhe a porta e oferecendo fuga. Era Cássia, acompanhada de
Jesse que guiava ouvindo stones e tratou de tirá-lo dali. Chegando no
apartamento localizado no subúrbio, não houve tempo para agradecimentos ou
recompensas. O local estava cercado e os três sabiam que era o fim da
linha. Mas não é assim que acaba, pensou. Recarregou a arma, olhou pela
janela e considerou a possibilidade de começar o desfecho que a cena
pedia. No entanto, por entre as fardas, as câmeras e os curiosos, uma
silhueta se destacava, morena, cabelos longos, escultura em corpo de
mulher, era Tânia, agente especial e Affair. E na ocasião, a
negociadora. Três horas para desarmar as armadilhas e retirar todos os
explosivos que tinham supostamente instalado no interior do prédio e que
teria a capacidade de abrir uma cratera engolindo metade do quarteirão.
Três horas para atravessar o túnel existente no porão do prédio, sair
seis ruas depois levando o dinheiro e as armas e embarcar em um
micro-ônibus onde fardas de policiais e documentos falsos lhes garantiam
salvo conduto através da fronteira do Paraguai. No relatório para a
corregedoria, Tânia se desculpava por ter acreditado na farsa dos
explosivos. Dois meses depois pedia afastamento por stress e pela
ineficiência na operação e viajava para Asunción onde dezoito milhões de
reais haviam edificado um império em negócios lícitos ou não, e era
recebida no aeroporto por Don, seu futuro sócio com quem voltara a
enamorar-se.
DJ de S.
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