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terça-feira, 29 de março de 2022

S.O.S. Conjunto Ceará recebe "artistas de Rua" Contra a Violência do Estado

 

Artistas de vários bairros de Fortaleza se reuniram no Polo Criativo do Conjunto Ceará

A Perifobia* aumenta em Fortaleza e a periferia reage - S.O.S. Conjunto Ceará recebe “poetas de buzão” e artistas de rua para discutir violência institucional e direito à cidade. Na tarde do dia 29 de março/2022, no Centro Cultural Patativa do Assaré, no Polo Criativo do Conjunto Ceará, várias representações de jovens artistas que atuam nos ônibus e nas ruas de Fortaleza se reuniram para discutir a violência que têm sofrido por parte do Estado. A Guarda Municipal de Fortaleza, foi citada como responsável por vários incidentes violentos contra artistas.

O S.O.S. Conjunto Ceará mobilizou os mandatos parlamentares: do deputado estadual Renato Roseno (PSOL); Mandata de vereadorxs “Nossa Cara” (PSOL) e o Mandato da vereadora Larissa Gaspar (PT) para ouvir os relatos dos jovens e encaminhar a discussão para os órgãos públicos e casas legislativas.  Estiveram presentes os coletivos e grupos integrantes do Polo Criativo do Conjunto Ceará e Movimentos “S.O.S. Conjunto Ceará” e “S.O.S. Polo Resistente!”. Também participaram lideranças da Central dos Movimentos Populares/CMP, Zona Imaginária, Movimento de Luta Comunitária/MLC, Sarau Rizoma Corpo Sem Órgãos, Polo Trans, Coletivo Rimadores de Busão, Coletivo Território Criativo, Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa/CDVHS/JAP, Documentário Acadêmico "Se essa rua fosse Palco", Comitê de Prevenção e Combate à Violência, Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Ceará,  e Movimento Dias de Luta.

Deputado estadual Renato Roseno (PSOL) conversa com os artistas

Jovens relatam agressões e até tiros disparados por agentes de segurança contra os artistas. A militante Ozinete Santana, ex-dançarina de breakdance e ativista do Movimento Dias de Luta/S.O.S. Conjunto Ceará, lamentou que o preconceito e a violência contra os artistas da periferia persista ao longo de décadas sem que se tome nenhuma providência para preservar a vida, a integridade física e o direito desses jovens à cidade.

Ozinete Santana - Movimento S.O.S. Conjunto Ceará

 

A reunião encaminhou várias ações que devem pautar o movimento social e cultural e pressionar as autoridades e instituições públicas a tomar providências imediatas para responsabilizar os autores da violência institucional e assegurar os direitos e a integridade física, social e psicológica dos artistas.

Anderson - S.O.S. Conjunto Ceará - fala para os jovens artistas

As lutas do S.O.S. Conjunto Ceará para assegurar os direitos dos artistas, coletivos culturais e juventudes ao polo de lazer do conjunto Ceará se tornam, cada vez mais, uma referência para vários movimentos de juventudes, e isso tem possibilitado a criação de uma extensa e densa rede de solidariedade e lutas conjuntas pelo direito à cidade e pela autoafirmação da periferia.


 

*Perifobia – O medo mórbido, exagerado, da autoafirmação da periferia

Eles temem os que vêm “de baixo” e tentam destruir tudo o que eles criam. Assim poderíamos caracterizar os “perifóbicos”, aqueles que criticam violentamente a arte, a produção cultural e os costumes daqueles que não estão exatamente no “centro” do que eles consideram “civilizado”, limpinho e esteticamente tolerável. Mas não é só isso. A “Perifobia” também se dedica a negar espaço político, limitar direitos, impedir acesso a políticas públicas e, principalmente, reagir a qualquer tentativa de autoafirmação, ou autossuficiência da periferia. Para os “perifóbicos”, a dependência e posição de inferioridade da periferia é elemento central da sua fobia social, da sua distinção (BORDIEU 2017) e do seu poder político. Segundo os ditames da “Perifobia” qualquer coisa que “brote” na periferia só será tolerada e ou cultivada se tiver vinculada de alguma forma ao “centro”, seja ele político, econômico e/ou cultural. Fora disso, tudo deverá ser combatido, reprimido, exterminado. É que a autoafirmação, a autossuficiência e o empoderamento da periferia ameaçam o poder, a “superioridade”, os privilégios e distinções dos que se veem como centro. [SOUSA, 2022]

 

Por Cosmos Filho.


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