"Toda a sua liberdade acabava de retroceder sobre ele.
Pensou: Não, não é cara ou coroa. O que quer que aconteça,
é através de mim que há‑de acontecer."
"Ainda
que se deixasse levar, desamparado, desesperado, mesmo que se deixasse
transportar como um saco de carvão, tinha escolhido a sua perdição.
Era
livre, livre, para tudo, com liberdade de ser um animal ou uma máquina,
de aceitar, de recusar, de hesitar, casar, desaparecer, de se arrastar
durante anos com aquela cadeia aos pés.
Podia fazer o que quisesse, ninguém tinha o direito de aconselhá‑lo. Só havia para ele Bem e Mal se os inventasse.
Em
volta dele as coisas tinham‑se agrupado, esperavam sem um sinal, sem a
menor sugestão. Estava só no meio de um silêncio monstruoso, só e livre,
sem auxílio nem desculpa, condenado a decidir‑se sem apelo possível, condenado à liberdade para sempre."
Sartre (trecho de "A Idade da Razão")
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